O terceiro tipo de câncer mais comum no Brasil, que afeta homens e mulheres, atinge o intestino grosso (cólon e reto), conforme informações do Instituto Nacional do Câncer (INCA), e foi o responsável pela morte da cantora Preta Gil, de 50 anos, no último domingo (20), o que levantou o alerta da população acerca do tema. Segundo o INCA, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, são estimados 45.630 casos, correspondendo a um risco de 21,10 casos por 100 mil habitantes, sendo 21.970 casos entre os homens e 23.660 entre as mulheres.
A Folha de Campo Largo conversou com o Dr. Gustavo Canevari, médico cirurgião-oncologista, que explicou que as causas são multifatoriais. “De maneira geral, os fatores de risco incluem o estilo de vida do paciente, que vão desde a dieta inadequada, rica em alimentos ultraprocessados e condimentados, até o sedentarismo, obesidade, consumo de álcool e tabaco. Também existem os casos que envolvem fatores genéticos/hereditários. Pessoas que têm pólipos no intestino também estão propensas ao desenvolvimento de tumores, sendo que esses casos têm atingido pacientes mais jovens. Portanto, é preciso realizar acompanhamentos com maior frequência. Esse é um tipo de câncer evitável na grande maioria das vezes.”
Dr. Gustavo comenta que, infelizmente, esse é um tipo de câncer em que os pacientes geralmente chegam ao especialista com a doença em estágio avançado. “É uma doença que, nas fases iniciais, não apresenta sintomas. Quando aparece o sangramento, geralmente já está em estágio mais avançado. Os sinais mais relacionados a esse tipo de câncer são a presença de sangue nas fezes, mudança do hábito intestinal – tanto com dificuldade para evacuar quanto diarreia –, dor ou desconforto abdominal e também a alteração na forma das fezes, que ficam achatadas, em formato de fita, compridas e finas, o que acontece principalmente por conta da presença do tumor no reto”, explica.
Além disso, o paciente pode apresentar fraqueza e anemia – causada, inclusive, pela perda de sangue frequente –, perda de peso sem causa aparente e a presença de massa (tumoração) abdominal.
Por isso, é importante manter as consultas de rotina em dia com o médico de confiança e, ao menor sinal de alterações, buscar orientação médica. Entre os exames recomendados para o diagnóstico precoce e acompanhamento da saúde do intestino estão o exame de sangue oculto nas fezes, que pode identificar pequenos sangramentos invisíveis a olho nu, causados por pólipos e tumores, e também o exame de colonoscopia, conforme solicitação médica.
“Uma preocupação é quanto aos casos em pessoas jovens que estamos vendo. Antigamente, costumávamos dizer que esse era um câncer que atingia mais pessoas na casa dos 60 anos. Entretanto, cada vez mais estamos presenciando a chegada de pacientes na casa dos 40 e até mesmo 30 anos para este tratamento. Ainda não há um estudo comprobatório, porém estima-se que a causa em pacientes tão jovens esteja ligada ao estilo de vida mais sedentário e à alimentação com dieta pobre em fibras e rica em gordura, carne vermelha e alimentos processados”, alerta.
Tratamento e prognóstico
O tratamento dependerá muito do estágio em que a doença é diagnosticada. “Quando descobrimos a doença no início e temos um diagnóstico precoce, em grande parte dos casos a cirurgia já é capaz de resolver. Entretanto, em casos mais avançados, pode ser necessária a combinação da cirurgia com a quimioterapia e até a radioterapia.
De maneira geral, quando o câncer é no intestino, a cirurgia faz com que o paciente possa ter uma boa recuperação e volte à sua vida normal, com orientações para mudança de hábitos. Porém, dependendo da localização do tumor, pode ser necessária a utilização de bolsa de colostomia temporária ou definitiva”, explica.
Esse câncer também pode apresentar metástase, tanto em regiões próximas quanto no fígado e pulmão.
Saúde
Câncer de intestino cresce entre brasileiros como terceiro tipo mais comum e médico faz alerta
