27-03-2011
Trecho da BR-116 entre PR e SC é alvo de assaltantes
27-03-2011
Comerciantes que saem de cidades do Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC), para fazer compras em São Paulo (SP), reclamam dos assaltos na BR-116, principalmente entre Santa Cecília (SC) e São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
Para amenizar a situação, ônibus de turismo viajam em comboio e oferecem serviço de escolta armada para garantir a segurança de seus passageiros. Empresários apontam que 20 assaltos foram realizados somente este ano. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) reclama da falta de contingente para coibir os criminosos.
Essa situação já desestimulou comerciantes de Lages (SC), que pretendem viajar de avião até que alguma medida seja tomada pelas autoridades policiais. A PRF do Paraná afirma que apenas dois assaltos em Mafra (SC), foram registrados através do Boletim de Ocorrência (BO) e que a falta de efetivo e a grande demanda de acidentes fazem com que o atendimento na rodovia seja prejudicado.
O inspetor Lyer Woczikosky ressalta que os casos estão sendo investigados em conjunto com a Polícia Civil e o núcleo de inteligência da PRF. Ele lembra que devido às fortes chuvas das últimas semanas, aconteceram quedas de barreiras no quilômetros 376 e 277, da BR-116, e os policiais tiveram que se concentrar na região.
"Isso pode ter despertado a atenção dos assaltantes, pois os outros trechos da rodovia estavam vulneráveis. Um dos assaltos aconteceu 30 quilômetros de distância do nosso posto que fica em Mandirituba-PR. Infelizmente, não temos como fiscalizar ao mesmo tempo os 95 quilômetros de abrangência do posto da PRF", esclarece.
O inspetor Antônio Paim Júnior da Delegacia Metropolitana de Colombo, responsável pelas BRs que cortam o Paraná, conta que foram feitas reuniões entre as empresas de turismo, onde foram apontadas alternativas que melhorem a segurança dos cerca de 600 quilômetros de rodovias que atravessam o Estado.
"Sugerimos que eles peçam aos passageiros para não levar muito dinheiro e sempre optem por cartão de crédito. Além disso, devem se reunir com outros ônibus e viajar em comboio. Já a alternativa de pagar escolta armada partiu deles. Essas ações em conjunto garantem a segurança da viagem", observa.
Ele ressalta que a PRF tem obrigação de atender toda a rodovia e não pode realizar escolta ou uma ação específica somente para ônibus de turismo. "Quando aumentamos o policiamento em um local, os assaltos migram para outro, então a única coisa que podemos fazer é monitorar o máximo de trechos possíveis da rodovia", salienta.
A PRF de Santa Catarina confirma os dois assaltos ocorridos neste ano próximo a Mafra, um na BR-116 e outro na BR-280. Porém, ressalta que nos trechos que o posto abrange, (entre Santa Cecília e Mafra), não houve nenhuma ocorrência registrada. "Em alguns casos as vítimas preferem não registrar o BO, principalmente em viagens para o Paraguai, pois a maioria das mercadorias não possuem nota fiscal. Se acontecer algum caso, encaminharemos para a Polícia Civil", destaca.
Segurança não é obrigação da AutoPista Planalto Sul
A assessoria da concessionária AutoPista Planalto Sul, responsável pela BR-116 entre Curitiba e a divisa dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, informa que o órgão não tem obrigação contratual de garantir a segurança das pessoas que transitam pela rodovia.
"Não temos nem pessoas preparadas para isso, não andamos com arma. Atendemos somente questões envolvendo a engenharia da rodovia e algumas operações, como acidentes e veículos parados devido a algum problema mecânico", esclarece a assessoria de imprensa da concessionária.
Segurança particular
No Restaurante Matinhos, que fica em Papanduva (SC), o proprietário contratou segurança particular para garantir que as pessoas desembarquem com tranquilidade para jantar e relaxar um pouco, antes de seguir com a viagem.O local tem movimento intenso até de madrugada, ônibus de turismo e de linha de vários lugares do sul do país param nesse restaurante.
Investimento caro
Em torno de 20 viagens por mês de Lages a São Paulo, são organizadas pela empresa Zeni Turismo. Devido à escolta armada, o preço da passagem aumentou R$ 20. O preço pode variar de acordo com o trajeto a ser escoltado pela empresa de segurança. "Aproximadamente 100 lageanos saem daqui para São Paulo, todo mês. Alguns reclamam muito de pagar a mais para garantir segurança, outros só viajam com escolta. Mas os ônibus para a empresa que vendo passagens, só viajam com escolta", comenta Maria Zeni Silva de Souza.
A empresária, Naide Nath Oliveira, de Lages, diz que vai todo mês para São Paulo e, devido à insegurança da rodovia, vai começar a viajar de avião. "Vou gastar bem mais, as mercadorias terei que despachar por transportadora para não pagar excedente de bagagem no aeroporto. Fora o gasto, é um transtorno, pois depois vou ter que voltar dirigindo de Florianópolis. Porém, só volto a viajar de ônibus quando as autoridades garantirem segurança. É frustrante ter que pagar uma escolta armada, sendo que o comércio é o que mais contribui com impostos no Estado", desabafa.
Caso
Um grupo de 50 comerciantes de Florianópolis foi assaltado no dia 16, em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. Um caminhão tomou a frente dos dois ônibus e reduziu a velocidade aos poucos, obrigando os motoristas a parar. Logo em seguida, eles foram obrigados a entrar em uma estrada que saía da rodovia e os assaltantes levaram as vítimas para um matagal. Todos ficaram apenas de roupas íntimas durante o roubo.
Fonte: Paraná Online