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Adoção

08/08/2014

Pais que adotam, pais que amam
 

Adoção

08/08/2014

Por: Eliane Muiniki

Ter um filho é sempre uma alegria. Os pais se preparam durante toda a gestação, ficam imaginado o rostinho, as mãozinhas, escolhem o nome, ficam ansiosos para o dia do nascimento. Porém, infelizmente nem sempre é isso o que acontece, muitas crianças são abandonadas e ficam a mercê da adoção.

São vários os casos que levam a essa decisão, é o que explica a psicóloga clínica Joseane Aparecida Valomi. “São diferentes os casos que levam os pais a deixarem os filhos para a adoção, seja por problemas biológicos, como doenças, ou ainda estruturais dentro da família e dificuldades financeiras”. Ainda complementa que “os homens são os que mais precisam ter o desejo de ter um filho e tomar a criança como de fato sua, pois é ele que assume a responsabilidade e tem autoridade na família. O pai é quem dá os limites e se ele se sente pai dessa criança, ela vai tê-lo como pai”.

Ficando para adoção, muitas delas ganham um novo lar, uma nova vida e, é claro, uma nova família. Esses pais adotivos são mais do que pais que dão a vida, são pais de coração e alma. A psicóloga explica que para ser um pai adotivo “é preciso planejar anteriormente, é preciso querer muito, é necessário ter um desejo paterno e materno. Isso é diferente de quando os casais pensam em adotar uma criança que se encontra abandonada, porque eles são movidos pela situação momentânea. Não dá para adotar por impulso, por compaixão, porque para ser pai é preciso pensar antes de tomar a decisão de adotar, é preciso ser levado pelo desejo”.

E foi movido por esse anseio que o casal Marino Gabardo Pereira e sua esposa Rozeli de Fátima Pissaia Gabardo Pereira tomaram a decisão da adoção, a qual já fazia parte da vida deles durante muito tempo. “Era uma possibilidade considerada desde o tempo de namoro. Após o nascimento da primeira filha, Denise, nós queríamos mais um filho e optamos pela adoção”. Amanda, segunda filha do casal, foi adotada aos seis anos de idade, a menina estava no orfanato com permissão para adoção. “Quando eu os vi pela primeira vez já tinha certeza de que seria a minha família, pois o que eu senti com eles não senti com ninguém mais, com nenhuma família com quem havia convivido em apadrinhamentos”, lembra a filha.

De acordo com dados do Cadastro Nacional de Adoção, criado em abril de 2008 no Brasil são mais de 30 mil pretendentes e 5,4 mil crianças e adolescentes aptas a serem adotadas. De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), só na capital paranaense há 102 crianças aptas para adoção.

 Para que a criança se sinta bem acolhida pelos novos pais, Joseane fala que “tudo depende de como ela vai ser recebida, os pais precisam conseguir olhar a criança como filho. A criança precisa sentir a transparência, pois as atitudes e o olhar valem mais do que o próprio diálogo”. No início, Marino diz que havia uma preocupação de que a filha não se acostumasse com eles, mas “essa sensação logo se desfez, porque a adaptação foi muito boa. Mas não tivemos medo de perdê-la, porque tudo foi feito dentro da legalidade e o vínculo entre ela e nossa família ocorreu muito rapidamente”.

A adoção é uma situação que deve ser levada de maneira natural. “A criança que é adotada precisa ter conhecimento disso, pois na fase adulta ou até na adolescência o fato de esconder pode trazer muitos traumas e revoltas. Ser transparente e natural é a melhor coisa a se fazer”, complementa a psicóloga.
É o que fez Marino. “Sempre conversamos abertamente sobre o assunto com ambas as filhas. Em relação à Denise, ela participou de todo o processo, inclusive do curso preparatório que fizemos no Projeto Recriar, indicado pela Vara da Infância e Juventude de Curitiba. Como a Amanda chegou já com seis anos, ela sempre soube da adoção. Mas achamos que é importante falar sobre o assunto, para que a relação de confiança entre pais e filhos nunca seja quebrada. E assim procuramos não fazer diferença alguma entre elas. Aliás, com o tempo, elas foram ficando muito parecidas, em inúmeros aspectos”, completa.

Segundo o CNJ, (Cadastro Nacional de Adoção) o processo de adoção demora, em média, um ano. Para entrar no cadastro é preciso procurar uma Vara de Infância e Juventude do município e apresentar a documentação solicitada. Após a guarda provisória, os pretendentes e a criança continuarão a ser visitados periodicamente. O juiz profere a sentença de adoção, determinando um novo registro de nascimento, com o sobrenome da nova família. Nesse momento, a criança adotada passa a ter os mesmos direitos de um filho biológico.

Ter um filho biológico ou não, o amor é incondicional. “Procuro ser amoroso e atencioso, mas sou bastante exigente, sem ser autoritário”, fala Marino. “As nossas duas filhas são nossa razão de viver. Não conseguimos imaginar nossas vidas sem elas”, declara o casal. Retribuindo o amor do pai, Amanda fala que o seu pai e sua mãe são “simplesmente um dos meus maiores sonhos”. O vínculo verdadeiro que estabeleceram nos dez anos é o que ela mais gosta nos dois e diz que, com certeza, é “uma filha muito amada”.

Aproveitando o Dia dos Pais, Amanda deixa uma mensagem ao seu grande pai Marino: “Não importa se quando eu era pequena não tive um pai, mas hoje em dia tenho muito mais do que um pai, tenho um amigo e alguém para dizer que realmente faz a diferença em minha vida. Eu amo você”.