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Referência

03/08/2014

Campo Largo será referência em saúde

Referência

03/08/2014

Por: Danielli Artigas de Oliveira

Com a inauguração do novo Hospital do Rocio, no próximo dia 06, o município será destaque na área de saúde por ter um hospital com 1.200 leitos - número menor apenas do que a Beneficência Portuguesa de São Paulo -, mas com quantidade de leitos de UTI inferior apenas a um hospital na França, o qual tem 340 leitos, sendo que o de Campo Largo terá 305.  Esse empreendimento arrojado, com investimento de R$ 170 milhões, idealizado pelos médicos Dr. Luiz Ernesto Wendler e Dr. Carlos Müller Neto, marcará o início de uma nova fase na cidade. Empresários veem esta inauguração como grande potencial para investimento em todo o município, devido à complexidade de serviços que irá oferecer e a quantidade de pessoas que irá atrair, principalmente no entorno do hospital. Até o final do ano, o hospital que tem 840 colaboradores, deverá ter próximo de duas mil pessoas trabalhando.

 


Cerca de mil pessoas devem comparecer na inauguração do Hospital do Rocio na próxima quarta-feira (06); representantes de diversos municípios do Paraná, do Governo Municipal, Estadual e Federal. A presidente Dilma Rousseff foi convida pessoalmente, mas não poderá comparecer e o ministro da Saúde Arthur Chioro deverá representá-la. Foram confirmadas as presenças do governador Beto Richa, da senadora Gleisi Hoffmann, do senador Roberto Requião, do secretário estadual de Saúde Michele Caputo Neto, do prefeito Affonso Portugal Guimarães e prefeitos e secretários de Saúde de municípios do Paraná.

Será uma inauguração oficial, a partir da qual se iniciará a transição do atual hospital em funcionamento para a nova estrutura, que abrirá suas portas para atendimento no dia 1º de setembro.

“Nós vamos resolver o problema de vagas do Paraná. Hoje atendemos a demanda de cirurgias cardíacas de crianças também do Norte e Nordeste do Brasil. Já temos o maior número de leitos de UTI da região metropolitana de Curitiba e com o novo hospital diminuiremos a mortalidade infantil. Não teremos problema de vaga e a saúde de Campo Largo será uma referência”, enfatiza Dr. Luiz Ernesto. Hoje o Hospital já é referência em neurocirurgia e cirurgia cardíaca e manterá o foco no atendimento de alta complexidade.

SUS
O Hospital disponibilizará 97% dos seus leitos para o Sistema Único de Saúde - SUS. A Folha questionou o Dr. Luiz Ernesto sobre como é o atendimento direto do SUS, o que é uma dúvida de muitas pessoas que precisam do serviço. Ele explicou que é realizado o atendimento, mas não é um hospital “porta aberta” para o SUS, ou seja, um paciente que precisa de uma consulta de emergência e quer ser atendido pelo SUS não pode ir direto ao Hospital do Rocio. Esse paciente deve ir a um Pronto Atendimento do município, no caso o Centro Médico Hospitalar, o qual examina o paciente e faz o encaminhamento quando necessário.

O Hospital é uma unidade de internamento do SUS, e não de consultas. O encaminhamento dos pacientes pode ser realizado pelo Centro Médico, Unidades Básicas de Saúde, Corpo de Bombeiros e Polícia, por exemplo, como no caso de acidentes. “É só por encaminhamento, senão vira um grande ambulatório, muda o foco”, explica o Dr. Luiz Ernesto.

Segundo ele, o SUS é um bom pagador, melhor que os convênios, pois cumpre o prazo. Paga os serviços prestados em até 30 dias – com recurso do Ministério da Saúde ao Governo do Estado, que repassa direto ao hospital -, enquanto muitos convênios demoram cerca de 60 ou 90 dias para pagar, ou ainda correm o risco de inadimplência ou glosa. Com isso o hospital consegue se programar para manter sua estrutura, sem passar por muitos problemas que outros hospitais enfrentam.

História de conquistas
O Hospital e Maternidade Nossa Senhora do Rocio foi inaugurado em 1964, com 20 leitos. O Dr. Luiz Ernesto Wendler e o Dr. Carlos Müller Neto assumiram a gestão em 1998 e passaram a investir em serviços mais especializados. O hospital foi crescendo desestruturado e começaram a ter dificuldades.

“Ou diminuiríamos o número de atendimentos ou partiríamos para um maior. Foi tudo dando certo, temos bons relacionamentos, a construção ficou de grande porte, espetacular, executada em 27 meses”, comenta Luiz.

“Estamos há 40 anos trabalhando juntos”, lembra ele, contando que eles se formaram juntos. Para eles, a inauguração deste novo hospital é uma conquista, ainda mais porque conseguiram fazer o empreendimento sem fechar o atual hospital. Por isso são tão gratos ao apoio que receberam do Governo do Estado e do Município, que independente de partidos políticos uniram-se para o bem comum, como também ao Governo Federal que financiou a obra por meio do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Agradecem também ao escritório MCA Manoel Coelho Arquitetura e Design que elaborou o projeto e à Engerama Engenharia e Empreendimentos, que além de executar o projeto foi uma grande parceira, custeando 1/3 do investimento. “É um sonho realizado”, completa Wendler.

Sucesso
O crescimento do Hospital do Rocio hoje é reflexo da gestão dos dois médicos e toda a equipe, que é uma referência em um país onde se ouve tantos problemas financeiros em hospitais, os quais passam a negar atendimento, diminuem o número de leitos abertos ou até fecham as portas.

Para o Dr. Luiz, o sucesso de qualquer empresa é o resultado do comprometimento e determinação do dono. Ele e o Dr. Müller ainda tiveram a sorte de ter o apoio e envolvimento de familiares no negócio e foram agregando à equipe muitos amigos e colaboradores que têm o mesmo comprometimento. Ele - que brinca que acorda antes mesmo do galo cantar e às 7 horas da manhã já está no hospital trabalhando - explica que o dono precisa ser uma liderança para a equipe, um exemplo.

Transição

No prazo de aproximadamente um mês será realizada a transição dos serviços do atual hospital para o novo. A partir do dia 06 de agosto serão colocados os móveis, equipamentos, serão instalados os sistemas e toda estrutura necessária para o atendimento dos pacientes, a partir do dia 1º de setembro. O Dr. Luiz Ernesto conta que primeiro será realizada a transferência dos pacientes de UTI e todo o atendimento do hospital, exceto ambulatório, será realizado no novo hospital até o dia 15 de outubro.

O ambulatório permanecerá no antigo hospital até janeiro de 2015. A área aonde funcionará o novo ambulatório ainda está sendo construída e não influencia no atendimento hospitalar. Atualmente os serviços já funcionam em áreas separadas, com média de 4.000 consultas por mês, em um espaço com sete consultórios. No novo hospital serão 46 consultórios e estima-se 30 mil consultas/mês.
A partir do ano que vem ainda haverá espaço para hospedagem das mães que estão acompanhando seus filhos na UTI neonatal, sem custo algum, pago pelo governo.