05/07/2014
Uma publicação no perfil de uma pessoa no Facebook, divulgada na manhã de hoje (3), denunciou que um caminhão da Prefeitura estaria fazendo a mudança de alguém que mora no centro da cidade e, portanto, de uma pessoa que teria condições para pagar por isso. A Prefeitura se posiciona oficialmente por meio dessa nota para esclarecer os equívocos da declaração nas redes sociais.
A história verdadeira é muito mais triste. A auxiliar de limpeza Suzana (nome fictício, para preservar a identidade), mãe de dois filhos, vive fugindo há cerca de um mês, quando começou a ser ameaçada pelo ex-marido que acabou de sair da cadeia. A família morava com os pais do egresso. Porém, os sogros de Suzana, que pagavam a maior parte do aluguel do apartamento, fugiram para São Paulo assim que as ameaças começaram.
No início de junho, o ex-marido de Suzana invadiu a casa e disse que queimaria o lugar e machucaria a família. Com o boletim de ocorrência já feito, a situação foi controlada no momento, mas as ameaças continuaram.
Com medo e sem ter mais a ajuda que tinham para bancar a locação do imóvel, os três fugiram e passaram a viver escondidos em casas de amigos e parentes. No entanto, a mudança ficou para trás, já que a renda de R$ 700 da mãe não suportou pagar pelo serviço.
Foi aí que Suzana pediu ajuda a funcionários do Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar). A mãe conseguiu um lugar para morar de favor, em um bairro longe do centro (que não será divulgado por segurança), mas precisaria levar seus móveis e utensílios pessoais. O pedido de ajuda aconteceu na última segunda-feira (30 de junho).
A equipe do Provopar, preocupada com o risco que a família corria, entrou em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Rural, que possui um caminhão. “Primeiro, constatamos que a pessoa era realmente necessitada. Decidimos emprestar o caminhão da Prefeitura por causa da gravidade da situação”, explica o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Celso Vedam.
De acordo com a Secretaria, o empréstimo do caminhão pode ser solicitado por outros órgãos, desde que haja uma justificativa e a agenda permita. Ainda hoje, por exemplo, o caminhão foi emprestado ao Provopar para entregar uma doação de móveis e eletrodomésticos a uma família carente.
A Prefeitura de Campo Largo optou por se posicionar oficialmente sobre o caso de Suzana principalmente em consideração à situação atual da família. Suzana compareceu hoje ao gabinete, visivelmente abalada com a repercussão tão negativa da história. “É difícil perceber que as pessoas só pensam o pior mesmo. Fui pedir ajuda! Se eu soubesse quem é a pessoa que postou, teria ido até ela para explicar que não é nada disso”, disse Suzana.