01/07/2014

Fonte:G1.com

Foto:Thiago Lavinas / Globoesporte.com

Reserva de Julio César na Copa da África do Sul em 2010, o ex-goleiro Doni revelou que há quatro anos, no dia em que a seleção brasileira foi eliminada pela Holanda nas quartas de final, Julio César, embora triste e decepcionado, afirmou que estaria no Brasil disputando o mundial. E mais: prometeu que participaria da conquista do hexa.

A vitória contra o Chile no último sábado, nos pênaltis, não garantiu o título, mas mostrou que Julio César está disposto a cumprir as palavras proferidas no hotel onde a seleção brasileira estava concentrada. Um dos líderes daquela seleção comandada por Dunga, ele avisou aos companheiros que trabalharia durante quatro anos para voltar a defender a amarelinha.

- Se ele ver essa entrevista, ele vai lembrar. Depois do jantar, todos estavam falando e chorando. Emocionado, ele disse que ia batalhar quatro anos para estar no próximo mundial, no Brasil, e daria esse título ao Brasil. Agora ele está em campo, confirmando aquelas palavras de quatro anos atrás - comentou Doni, que deixou os gramados após descobrir que tinha um problema cardíaco para virar empresário.

Prestes a inaugurar uma academia e uma escolinha de futebol da Roma em Ribeirão Preto, o ex-goleiro afirma que o ambiente no vestiário do Nelson Mandela Bay, em Porto Elizabeth, após a eliminação era desesperador. Na lembrança, ficou a imagem de um elenco arrasado, aos prantos, jogado ao chão.

- Nós fizemos um grande primeiro tempo e depois teve o baque que deixou todo mundo abalado. É uma lembrança horrível de chegar ao vestiário e ver os jogadores caídos ao chão, chorando. Não vi um sem chorar. Do roupeiro ao massagista, até jogadores, bateu o desespero. Foi um dos piores momentos da minha vida - relembrou o ex-goleiro, que dividiu a reserva com Gomes, a época no Tottenham, da Inglaterra.

Testemunho da promessa de Julio César, Doni assistiu às defesas de seu amigo nas oitavas de final, contra o Chile, ao lado de amigos e familiares. Torceu, vibrou, se emocionou e, assim que a vaga para as quartas de final foi confirmada, postou uma foto e uma mensagem ao amigo Julio César.

O choro durante a entrevista ao repórter Tino Marcos emocionou Doni. Talvez por ser bastante parecido no comportamento, na resposta às críticas. Adepto do silêncio, ele acredita que o desabafo ao final da partida tenha sido espontâneo e natural de alguém que estava pressionado e conseguiu se "libertar" naquele momento.

- A carreira do jogador é feita de momentos bons e ruins. O Julio, como foi no meu caso, continuou trabalhando e sem falar. Ele sabia que tinha que trabalhar e responder dentro de campo. É o que ele está fazendo no Brasil. Ele aguentou durante quatro anos em silêncio e está demonstrando que se preparou. É um desabafo natural que vem. Ele aguentou essa pressão durante todo esse tempo e se libertou, sendo responsável pela classificação do Brasil. Foi uma declaração emocionante. Fiquei muito feliz por ele e também pelo meu lado torcedor, de brasileiro - comentou Doni, que vê o Brasil no caminho certo, favorito ao título, embora existam evidências de equilíbrio entre as seleções.

Apesar das dificuldades encontradas pelo Brasil nas partidas contra México e Chile, o ex-goleiro aposta na conquista da sexta estrela.

- Estou confiante. Está tudo conspirando a favor. Independente de ser difícil ou não. Nas outras Copas também foram difíceis. Estou confiante, como todo brasileiro. Mandei uma mensagem para ele, para que continue concentrado, para ser o goleiro que é. Não precisa mais do que isso. É um goleiro experiente, pronto, ainda mais depois dessa decisão. Ele vai crescer ainda mais nos próximos jogos - finalizou.