Cobradores entram em greve e maioria dos ônibus de Curitiba e região circula com catraca livre.
26/06/2014
Fonte: Banda B - Luiz Henrique de Oliveira | Foto: Antônio Nascimento
Os cobradores decidiram no fim da madrugada desta quinta-feira (26), com o apoio do Sindicato de Motoristas e Cobradores de Ônibus, manter a greve marcada desde o início da semana. Com isso, a maioria dos ônibus de Curitiba e região metropolitana circula hoje sem cobradores, ou seja, com a catraca livre.
A Banda B percorre desde o início da manhã várias estações tubos e percebe que a paralisação é quase total. Apenas na estação Rodoferroviária havia um cobrador trabalhando. Já outras estações na mesma rua estavam às moscas. Na Praça Rui Barbosa e no Centro Civíco nenhum cobrador foi visto. “O povo está gostando de não pagar, mas na verdade isso está sendo feito porque o trabalhador não foi respeitado”, disse um motorista.
O vice-presidente do Sindimoc, Dino César, afirmou à Banda B que a paralisação é por tempo indeterminado. “O trabalhador cansou da intransigência por parte da classe patronal. Os cobradores não vão trabalhar enquanto não houver uma solução”, afirmou.
Existe a possibilidade de durante o dia acontecer um locaute, que seria os patrões não permitir a saída dos ônibus apenas com os motoristas, o que geraria uma paralisação total. Por enquanto, isso não foi verificado. Algumas linhas apresentam atrasos, por conta dos piquetes realizados pelo Sindimoc para que a decisão fosse tomada na assembleia que aconteceu por volta das 4h.
Reunião no TRT
Ontem, não houve acordo na reunião no Tribunal regional do trabalho entre Sindimoc, Urbs, Comec e empresas do setor. Ficou acertada uma nova reunião para sexta-feira (27), porém, com a deflagração da greve, este encontro poderá ser antecipado.
A audiência desta quarta-feira, 25, trouxe à tona diversos pontos da pauta de reivindicações dos trabalhadores, a exemplo da devolução dos valores descontados pelos dias de paralisação na última greve, o fim do assédio moral caracterizado pelas ameaças de punições, o uso de bermudas em dias quentes, a interrupção do desconto dos salários em razão da raspagem de pneus em calçadas, a concessão de vale-cultura e passes livres, a consulta aos trabalhadores nas alterações das escalas de trabalho, a concessão de um kit inverno (peças de vestuário para suportar as baixas temperaturas) e a adoção de medidas para minimizar as más condições de trabalho nas estações-tubo, entre outras solicitações.
Em relação às estações-tubo, alvos de frequentes reclamações, ficou decidido que a Urbanização de Curitiba (URBS) juntará ao processo, em 10 dias, um cronograma de trabalho para implantação de mantas térmicas nos tetos das estações e de banheiros químicos para uso dos trabalhadores, além da apresentação de projeto de estações-modelo, dotadas de estrutura capaz de garantir condições dignas de trabalho aos cobradores durante suas jornadas. A URBS se comprometeu ainda a reparar, no prazo de 60 dias, todas as estações que estão sem as portas ou com as mesmas danificadas.
Outro ponto de discussão foi a possibilidade de criação de uma comissão de trabalhadores, com indicação de representantes sindicais, para acompanhar os processos de aplicação de punição disciplinar pelas empresas de transporte.
A desembargadora Ana Carolina Zaina apresentou proposta inicial de conciliação contemplando toda a pauta de reivindicações dos motoristas e cobradores. Entre as sugestões apresentadas pelo Juízo estão a devolução dos valores indevidamente descontados em razão dos dias de paralisação da greve anterior, a necessidade de comunicação ao sindicato e a concessão de prazo para defesa quando houver punição aos trabalhadores, a criação de comissão com representação sindical para avaliar as questões de assédio moral e o não desconto nos salários de valores de multas aplicadas pela URBS e daqueles relacionados à raspagem de pneus em calçadas.