14/06/2014
Drama das famílias se repete há mais de dez anos, a cada enchente
14/06/2014
Por Luis Augusto Cabral
A ocupação irregular das áreas mais baixas da cidade, e de terrenos com encostas, é principal causa do drama vivido por centenas de famílias, a cada enchente, em Campo Largo. Calcula-se que mais de três mil famílias vivam em áreas de risco, no Município, algumas em situação de extremo perigo, como é o caso de moradores do Cercadinho, às margens do Rio Verde. A qualquer momento, numa situação de intensas chuvas, eles podem ser surpreendidos pelo rápido aumento do nível do rio, e acordar com água dentro de casa.
O drama foi contado para a Reportagem da Folha, por um morador da região, na Rua Eurico Gaspar Dutra, Vila Mariano Torres (região do Cercadinho). Sua casa fica na quadra mais próxima à margem do Rio Verde. Sempre que chove forte, a água chega perto da casa, mas desta vez foi muito pior. Ele disse que saiu para trabalhar por volta das 6h30min da manhã de sábado (07), de carro e, às 10 horas, sua mulher ligou para que voltasse, que a água estava invadindo a casa.
Desespero
“Voltei correndo do trabalho e quando eu cheguei a casa já estava quase toda submersa”, disse o metalúrgico João Vieira (49), soldador que mora há sete anos na Rua Salgado Filho, a primeira à margem do Rio Verde, na Vila Mariano Torres. Seu vizinho, também metalúrgico, Claudio Luiz Gonçalves (34), teve a mesma surpresa ao voltar para casa. “Não deu para salvar nada, felizmente a família conseguiu sair antes da água subir muito”, explicou.
O pessoal do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil realizou o resgate de várias famílias, na Vila Mariano Torres. Fábio Goldart foi um dos moradores que só saiu de casa graças ao barco inflável. “Eu trabalho à noite, estava dormindo e, quando acordei os socorristas já estavam na porta de casa, com o bote inflável”, explicou. Os moradores permaneceram várias horas, olhando o movimento do rio fora da sua “caixa”. As águas começaram a baixar por volta do meio dia de sábado e só no final da tarde as primeiras famílias começaram a voltar para casa, para ver os prejuízos.
Móveis, eletrodomésticos, roupas, alimentos, tudo molhado, muita lama dentro de casa. Foi esse o saldo das chuvas do final da semana. Muitos moradores tiveram perda total, outros, parcial, mas todos foram afetados pelo mesmo motivo, suas casas estão localizadas em áreas de risco.