04/10/2013
Moradores de rua adotam a marquise do antigo Fórum, na Rua do Centenário
04/10/2013
De onde vieram os moradores de rua que “adotaram” a área sob a marquise no hall de entrada do antigo Fórum, na Rua do Centenário? Todos os dias, e noites, é possível observar, como num Big Brother ao vivo, homens e mulheres dormindo, se alimentando, bebendo, inclusive cachaça, e até – dizem algumas pessoas – se relacionando intimamente. Ao lado, uma escola e na frente, outra escola, passagem obrigatória de centenas de crianças e adolescentes, que assistem a tudo.
O problema enfrentado pelos moradores de rua, segundo uma mãe de estudante, “não parece incomodar autoridades públicas, porque já faz tempo que esta situação se repete, nesse e em outros locais da cidade, e nada é feito”. A Reportagem da Folha foi chamada para documentar a situação, verificando também o mesmo na praça João Antonio da Costa (do Sagrada) e na marquise de uma loja na Natal Pigatto. A Prefeitura Municipal, através do CREAS - Centro de Referência Especializado em Assistência Social, informou que acompanha a situação, mas não pode obrigar os moradores de rua a deixarem as ruas.
Moradores de rua
Uma leitora da Folha encaminhou esta semana um e-mail, falando da situação. Ela lembra que: “Mendigo, pedinte, morador de rua, sem-teto ou sem-abrigo, é o indivíduo que vive em extrema carência material. Esta situação de indigência material força o indivíduo a viver na rua. Muitas das situações de indigência estão relacionadas com tóxicodependência, alcoolismo ou patologia do foro psiquiátrico. Está claro o descaso dos políticos com os desabrigados, principalmente no âmbito das campanhas políticas, onde não se vê nenhuma movimentação para acabar com este problema. Problema que vem crescendo em nossa cidade nos últimos meses. O antigo prédio do Fórun virou abrigo de desocupados. Há homens e mulheres e até vários cães. Fazem fogo e cozinham no improviso. A sujeira e o lixo tomaram conta do local. Dias atrás travesseiros de penas de ganso foram arrebentados e as penas ficaram espalhadas pelo quarteirão. Hoje por volta das 11h30min, quando fui pegar meu filho na escola que fica ao lado do prédio, observei que estavam bebendo cachaça. Dava para ver até a marca.
Não vai demorar muito para aquele local se transformar numa Cracolândia e se tornar perigoso. Infelizmente se as autoridades não tomarem providências urgentes, as crianças estarão correndo grave perigo. Na minha opinião os assistentes sociais deveriam investigar de onde são estes mendigos e devolvê-los à sua cidade ou retirá-los deste local antes que seja tarde demais”.
A Reportagem da Folha entrou em contato com a Prefeitura Municipal, recebendo a informação de que “muitos deles – os moradores de rua – não querem sair da rua”. Segundo a assistente social Regina Moro, que trabalha no enfrentamento aos problemas dos moradores de rua, e coordena o CREAS - Centro de Referência Especializado em Assistência Social, são 39 os moradores de rua cadastrados que residem em Campo Largo, e eles sempre voltam para a rua. Os demais, cerca de 37, são pessoas de outras cidades que param algum tempo aqui e depois vão embora. Ela adiantou que o CREAS acompanha diariamente os moradores de rua, fornece assistência, muitas vezes alimentos e roupas, e que faz o que é possível fazer.
Lembrou Regina que há muito critério na ajuda aos moradores de rua para não ferir o direito deles de ir e vir. “Eles têm o direito de recusar a ajuda”, explicou, adiantando que até a ajuda em passagem para outro município só é feita quando a situação individual é investigada e, na cidade de destino, existam familiares do morador de rua dispostos a recebê-lo.
Muitos moradores de rua preferem ficar nas ruas do que voltar para a família, porque na rua eles ganham dinheiro para comprar bebidas e drogas. E essa facilidade (os campo-larguenses são generosos), pode atrair cada vez mais moradores de rua de outras cidades. Eles se comunicam e dizem que os campo-larguenses são bonzinhos.