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Geral

Jorge Luiz Stocco

07/09/2013

Piloto morto em Campo Largo era referência no Brasil

Jorge Luiz Stocco

07/09/2013

Nascido em Curitiba, mas residente em Campo Largo há cerca de quatro anos, Jorge Luiz Stocco (59) deixa saudades em seus familiares e em muitos amigos, que relatam a pessoa amorosa que ele era. Referência no trabalho com motores radiais, por ser o único especialista no Brasil, o piloto teve importante contribuição para o Museu TAM.

Jorge dedicou sua vida aos aviões e devido ao seu trabalho já morou em São José dos Pinhais, em Jundiaí, depois em São Carlos e então veio para Campo Largo, onde já frequentava a pista do Teimoso. Ele arrumava aviões de diversas regiões do Brasil.

“O mundo perdeu um grande cara”, declara o irmão e piloto João Carlos, que mora em Campo Largo. Ele relata que os aviões eram uma paixão de Jorge, que tinha prazer em reativar aviões antigos. “Ele desmontava aviões da década de 20, da época da Guerra, e fazia funcionar, sem manual nem nada”, conta.

Ele era conhecido por ser uma pessoa de bem com a vida, sempre com um sorriso, ajudava os outros e vivia intensamente cada dia. Com espírito jovem, ele iria comemorar 60 anos no próximo dia 11 de setembro.

Acidente

Pouco antes do acidente ocorrido na manhã de sexta-feira (30), Jorge estava muito entusiasmado porque voaria em um monomotor que nunca havia pilotado. O avião não apresentava problema mecânico e Jorge iria refazer as asas. Não se sabe ao certo o que causou o acidente fatal, o que está sendo investigado.

O monomotor caiu no pátio da garagem da Empresa de Ônibus Campo Largo, na Avenida Gianni Agnelli. O piloto foi socorrido pelas equipes do Siate e do Samu, mas não resistiu aos graves ferimentos sofridos, entrando em óbito no interior da ambulância do Samu.

História

Jorge tinha cinco filhos, sendo um deles piloto e outra comissária de bordo, e quatro netos. Quando jovem, morava com sua família em São José dos Pinhais, a qual trabalhava com agropecuária. Jorge já trabalhou como caminhoneiro, mas sempre gostou de mecânica, e consertava desde geladeira até aviões. Ele chegou a fazer um curso de mecânica, mas era um autodidata, se dedicava muito em aprender. A paixão por aviões surgiu com um tio e também com os irmãos João Carlos e Jairo, que já eram pilotos. Jorge ainda tinha mais três irmãs.

Ele pilotava aviões pequenos, mas voava por esporte e porque testava os aviões, e o que gostava mesmo era da parte mecânica. Ele deu início a este trabalho no Aeroclube do Bacacheri, em Curitiba, com o Circo Aéreo Ônix. As notas de pezar pela morte dele foram divulgadas em diversos sites e muitos profissionais da área lamentaram o ocorrido, afirmando que ele fará muita falta.

A morte de Jorge foi lamentado também pelos funcionários do Museu TAM, através de um pronunciamento dado pelo presidente João Francisco Amaro. “O falecimento do amigo Jorge Luiz Stocco foi uma das piores notícias que já recebemos. Nos momentos iniciais não podia crer, até porque havia falado com ele no dia anterior.

Penso que o Stocco era uma daquelas pessoas que nasceu para trabalhar. Não havia hora, dia ou noite, ele estava sempre pronto para qualquer tarefa. Excelente amigo, era também a maior autoridade no país em motores radiais. Habilidoso e versátil na arte da mecânica, encontrava solução para os mais intrincados problemas. Faleceu testando um Ultra Leve - “Spezio”, que acabara de montar. Uma ironia sem precedente. O Museu perde assim, uma das principais testemunhas do seu nascimento, bem como um dos seus maiores entusiastas.

Em 1995, foi com ele e sua equipe que iniciamos, ainda em Jundiaí, os trabalhos de restauração dos primeiros aviões do Museu. No ano de 2001, efetuou a mudança e reinstalação das oficinas para São Carlos, onde concluiu os serviços de restauração de dezenas de aeronaves hoje expostas no Museu.
Temos a certeza de que o nosso criador haverá de confortar seus familiares, e também de conceder um bom lugar para o seu descanso eterno.

O Museu TAM - Asas de um Sonho - jamais o esquecerá e por isto, estará a partir do seu falecimento, em luto oficial por três dias”.