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Leptospirose

08/03/2013

Leptospirose pode ser a causa da morte de adolescentes

Leptospirose

08/03/2013

A suspeita da morte de três adolescentes por Leptospirose assustou muitos campo-larguenses. São três famílias que choram a perda dos seus filhos e toda uma cidade que precisa ficar alerta com a situação.

Luiz Fernando Ferreira de Souza, 16 anos, do Jardim Tropical, faleceu no último sábado (02). A mãe dele, Cláudia, conta que no dia 20 de Fevereiro ele deu entrada no Hospital Nossa Senhora do Rocio, pois estava com febre muito alta e dor forte na cabeça. Ele ficou internado porque suspeitavam de Meningite e precisava ficar em observação e passar por exames.

Na sexta-feira (22 Fevereiro) ele passou por exames e não foi comprovada a Meningite. Ele começou a piorar e sentia muita falta de ar; às 15 horas deste mesmo dia foi levado à UTI devido a uma infecção generalizada. “De lá meu filho só saiu morto, dentro de um caixão”, lamenta a mãe. Segundo Claudia, os médicos passaram a tratar o problema dele como Leptospirose, tuberculose e H1N1. O laudo ainda não saiu, mas foi relatado no Atestado de Óbito morte por Insuficiência Pulmonar, Renal e Quadro Séptico.

Claudia reclama de um terreno próximo à sua casa, que está com mato muito grande, e de lá saem muitas ratazanas e até cobras, além de ser passagem de esgoto a céu aberto. Segundo ela, o terreno é alugado pela Cocel, mas que ao entrar em contato foi encaminhada para a Vigilância Sanitária, para a Secretaria de Saúde e ninguém resolveu o problema.

Três casos na mesma família

No dia 26 de Fevereiro faleceu a menina L.C.C, de 12 anos, do bairro Rivabem II, também por suspeita de leptospirose. A família ainda está muito abalada com o que aconteceu e a Reportagem da Folha conseguiu falar com alguns familiares que relataram o caso.

Segundo informações deles, L.C.C. estava com vômito e diarreia constante e por isso foi levada ao Centro Médico, onde foi tratada como virose e liberada. Depois desta primeira consulta ela foi pela segunda vez e na terceira ela já foi com a pele amarela, manchada e bem inchada. Desta vez ficou internada no Centro Médico, com entrada às 13 horas. À meia noite ela foi transferida para o Hospital São Lucas, porque já estava em estado grave.

Segundo a enfermeira coordenadora da UTI do São Lucas, Andréia, ela chegou lá com Quadro Séptico e os médicos suspeitaram de Leptospirose. Mesmo recebendo tratamento, ela não resistiu. Segundo Andréia, no prontuário da paciente, que veio do Centro Médico, estava relatado que a família se recusou a fazer exames e dar continuidade ao tratamento no Centro Médico. Ainda não há nada confirmado, porque o laudo ainda não saiu.

O irmão desta menina, que tem 15 anos, também está sob suspeita de Leptospirose e está realizando exames. Segundo familiares, o primo deles também sob suspeita de Leptospirose morreu em Dezembro do ano passado.

As famílias, ainda em choque, pelas mortes e pela coincidência dos casos, ainda não sabe quais as providências que serão tomadas.

Saúde

De acordo com diretor técnico da Secretaria de Saúde, Kengi Itinose, o diagnóstico da Leptospirose é inespecífico e pode ser confundido com uma Gripe, Virose, Gastrointerite ou outra. Entre 10% a 20% dos casos acontece a chamada Forma Bifásica em que os sintomas podem ser confundidos nos primeiros dias. Há uma aparente melhora e depois vem na forma grave com alta letalidade, o que pode ter ocorrido com a jovem de 12 anos, que foi atendida e medicada em dois momentos e, no terceiro momento, foi internada.

Na fase grave, a doença evolui rapidamente e em 24/48 horas há a falência de órgãos que leva à morte. Na casa dessa jovem a Vigilância identificou área de risco no entorno, ou seja, lixo que é um atrativo aos ratos.

Sobre o jovem de 16 anos, a Assessoria da Prefeitura Municipal relatou que este jovem e um amigo foram nadar em uma cava de areia e os dois ficaram doentes. O amigo, que não mora em Campo Largo, retornou à sua cidade e também apresentou sintomas da doença e está internado na UTI.
Leptospirose

No ano passado foram notificados 17 casos de suspeita de Leptospirose, sendo seis confirmados e nenhuma morte. Este ano, em menos de três meses foram 15 notificações e seis confirmados.

De acordo com a Vigilância em Saúde, em virtude do período de chuvas que vem ocorrendo atualmente podem aumentar o número de casos da Leptospirose, que trata-se de uma doença causada pela bactéria Leptospira, tendo como reservatório roedores como ratos (ratazanas, camundongos, ratos de telhados ou rato preto) e podendo ter também como reservatórios animais domésticos (cães, gatos, bovinos, suínos, ovinos , caprinos e outros animais selvagens). Estes animais podem eliminar esta bactéria através da urina, por meses, anos ou até durante toda a vida do animal. Com as chuvas a urina se mistura à água de valetas, lamas, lagoas, cavas e no caso das enchentes podem ser levadas para dentro das regiões alagadas.

A bactéria penetra no corpo humano através do contato da pele com presença de ferimentos, pele íntegra que esteve em contato com a água contaminada por um período prolongado (horas) ou pelas mucosas. Após a contaminação, o período de início dos sintomas pode levar de 1 a 30 dias (em média de 7 a 14 dias) e ela pode se manifestar desde sintomas leves como uma “Síndrome Gripal” até formas graves como infecção generalizada comprometendo a função renal, pulmonar e cardíaca.

Os sintomas mais frequentes da doença são: febre alta de início súbito, forte dores de cabeça, dores musculares generalizadas, principalmente na panturrilha (região posterior da perna), dorso e abdome, perda de apetite e vômitos. Cerca de 30% dos casos podem apresentar vermelhidão nos olhos que pode ser um sinal característico. Outros sintomas que podem surgir são diarreia, tosse seca e icterícia (olhos amarelados).