08/03/2013
Minha formatura de graduação aconteceu em 8 de março. Foi escolhida propositalmente por ser uma turma composta somente por meninas, nada surpreendente para um curso de Pedagogia, não é? Mas confesso uma coisa: decidimos esta data por impulso, por empolgação, nenhuma conotação politicamente correta perpassou pela nossa cabeça a ponto de investigar maiores detalhes sobre o Dia Internacional da Mulher. Na ocasião decidimos, inclusive, oferecer rosas para todas as mulheres convidadas. Algo bastante usual nos tempos atuais.
Anos mais tarde, no percurso da pós-graduação, passei a conhecer melhor o universo feminino num âmbito histórico. Que fascinante! Meu projeto de pesquisa de mestrado debruçou-se sobre a investigação de uma instituição de ensino da década de 1920 voltada exclusivamente para o público feminino. Foi nesse contexto que passei a me apaixonar pelos entrelaces e pelas entrelinhas das particularidades desse universo.
Um salto necessário, sem dúvidas: de uma escolha impulsiva pela comemoração de uma data reconhecida mundialmente e supervalorizada comercialmente, a reflexões profundas sobre a trajetória e significados do sexo dito frágil.
Primeiramente, preciso situá-los quanto a essa possibilidade de estudar a vida das mulheres. É algo recente! Durante muitos anos os focos da pesquisa histórica passaram longe das ações e imaginários femininos, o interesse estava sobre homens de grande importância social, que ocupavam notáveis cargos políticos... Portanto, há muito que se comemorar quando os rumos metodológicos da História passaram a olhar de forma especial para as Mulheres, aceitando-as e compreendendo-as como agentes históricos igualmente importantes a outras figuras sociais de tempos antepassados.
Já a ideia de se marcar um dia da Mulher surge no contexto dos acontecimentos resultantes da Revolução Industrial e Primeira Guerra Mundial. Protestos contra as más condições de trabalho com que as mulheres estavam expostas no mercado de trabalho industrial, bem como a forma desigual com que eram tratadas numa sociedade de predomínio masculino mobilizaram a atenção sobre suas especificidades. Em diferentes países os vestígios da necessidade por assinalar importantes marcos históricos da vida das mulheres estava claro. Foram diversos os movimentos sociais que favoreceram o início de um caminho que possibilitaria uma maior visibilidade do feminino.
Estava posto, esta história já não podia mais ser apagada! Alguns momentos mais, outro menos, e os contornos desse percurso de valorização da mulher foram se delineando. A oficialização do 8 de março pela Organização das Nações Unidas veio a acontecer, segundo o IBGE, em 1975, como coroamento de um longo processo de lutas.
Comemoramos, portanto, a história da emancipação da mulher. Corajosas personalidades que lutaram incansavelmente por melhores condições de vida e trabalho, pela igualdade de direitos, (lembrando-se do direito ao voto por elas conquistado em 1932) e pelo reconhecimento de seu lugar social. Que tenhamos garra para continuar a abrilhantar esse percurso.
E que neste dia tão especial consigamos olhar para além do que a mídia nos oferece. Que seja um momento para se preocupar com os rumos da História da Mulher, para tomar iniciativas que propiciem discussões que tratem da importância do papel da mulher na sociedade. E se me permitem deixar uma dica, mulheres: pesquisem, atuem, visitem livros, sites, (e por que não os arquivos de acervos documentais?) mergulhem no assunto, afinal mergulhar numa história que é nossa também significa comemorar. Só que comemorar com conhecimento de causa é mais emocionante! Ah, se eu pudesse voltar àquele 8 de março da minha formatura...