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Grades

08/02/2013

Uma cidade amedrontada que só funciona atrás das grades

Grades

08/02/2013

O alto índice de violência na região de Vila Torrres, Ferraria, está mudando a rotina do bairro. Comerciantes passaram a instalar grades nos mercados e, em determinados dias e horários, que consideram mais perigosos, passam o cadeado e atendem os clientes somente pelos vãos das grades. Outra importante mudança é que a maioria não aceita mais dinheiro para compras grandes, e realizam todas as transações através de cartões.

A exigência de cartões de crédito e débito, para pagar as compras, praticamente elimina o acúmulo de dinheiro no caixa e, em caso de assaltos, os marginais levam apenas alguns trocados. Um comerciante da região, José Ribeiro, que há 13 anos tem um mercado na rua Santo Fressato, esquina com Ambrosio Cruzara, disse que já foi vítima de mais de dez assaltos e que, por isso, instalou as grades.

Perigo

“Não dá para se descuidar, eles aparecem quando a gente menos espera. São em geral jovens, usam moto e sempre estão bem armados. A maioria é de Curitiba”, explicou o empresário que com as grades se sente um pouco mais seguro. Ele explicou que muitas vezes deixa um familiar no caixa e precisa ir para os fundos do mercado, arrumar as mercadorias. Nesse caso a grade é fechada com o cadeado, para dar um pouco mais de segurança. Também tem a questão de dias mais perigosos e horários, nos quais o mercado permanece com as grades.

O bairro tem policiamento, tanto da Polícia Militar quanto da Guarda Municipal, mas as viaturas não ficam permanentemente em ronda e os assaltantes não se intimidam.
O último assalto sofrido por José Ribeiro foi em Dezembro de 2012. Ele acionou a Polícia, mas os policiais que atenderam a ocorrência vieram de Curitiba, pela rodovia, enquanto os assaltantes fugiram pela Vila São José.

Outro comerciante próximo também adotou a grade como um elemento a mais de segurança, mas em Dezembro último houve um assalto, quando a grade não estava fechada.

A Reportagem da Folha conversou com os comerciantes e moradores próximos. Todos pareciam conformados de que a região é assim mesmo, muito perigosa e que a saída é fechar a casa mais cedo e evitar sair à noite. “Não existe toque de recolher, mas a gente acaba mudando os hábitos, se adequando à situação, para tentar sobreviver”, disse uma moradora do bairro. Ele explicou que toda a família só sai de casa de dia e logo depois que escurece vai para casa, tranca o portão, fecha a casa e não abre por nada, porque “é perigoso”.