05/10/2012
Uma mistura de medo, de insegurança, de perda e muita tristeza tomou conta dos taxistas de Campo Largo nesta quarta-feira (03), ao saberem da morte do companheiro Lauro de Oliveira Cezário (63).
05/10/2012
Uma mistura de medo, de insegurança, de perda e muita tristeza tomou conta dos taxistas de Campo Largo nesta quarta-feira (03), ao saberem da morte do companheiro Lauro de Oliveira Cezário (63). Eles contam que, diariamente, trabalham com medo e não sabem se chegarão vivos em casa.
Atualmente, Campo Largo tem 43 taxistas. A maioria deles esteve presente no protesto. Reuniram-se em frente a loja Havan e saíram em carreata até a frente do Terminal Urbano de Campo Largo, onde colocaram em todos os carros faixas pretas simbolizando o luto. Em uma carreata silenciosa, saíram do Terminal e passaram pelo centro da cidade, descendo a Rua Centenário até a Praça da Igreja Matriz, aonde estacionaram os carros e rezaram, pedindo que Lauro descanse em paz. Após, seguiram em carreata até a casa de Lauro, no Bugre.
Discurso emocionado
Em frente à Igreja Nossa Senhora da Piedade, os taxistas rezaram o Pai Nosso, choraram e emocionaram-se bastante. Falaram sobre a vida dos taxistas hoje em dia, que os filhos ficam esperando o pai chegar em casa, mas que não sabem se voltam vivos. Levantam cedo, dormem tarde, não têm horário para nada e estão sujeitos ao perigo em cada nova corrida. “Precisou um morrer para acontecer essa mobilização. Ninguém faz nada por nós, então nós mesmos precisamos nos unir para isso mudar. Onde está a segurança?”, diziam os taxistas, preocupados.
Eles desabafaram dizendo que toda população está insegura e os políticos precisam olhar para isso, investir em educação para que essa situação comece a mudar. “Tem promessas e não vemos resultados”, reclamam.
Comentam que muitos reclamam de não ter táxi à noite, mas que isso está a cada dia mais difícil, pela insegurança. “O bandido não tem cara, está de terno, usa roupa boa, tênis de marca, a gente não sabe mais”, comentou um taxista. Eles dizem que muitas vezes desconfiam de algumas pessoas e recusam, mas aí outro taxista acaba levando ou até mesmo são ameaçados por recusarem a corrida. “E trabalhamos com muita gente boa, o povo precisa de nós e nós também precisamos trabalhar. Não tem como nós largarmos o trabalho. Tem gente que vem de ônibus à noite de Curitiba e precisa da gente pra ir embora com segurança. Mas estamos trabalhando sempre com medo, porque não sabemos quem vai entrar no carro”, explica.
“Falam que os taxistas ajudam o tráfico, mas não sabemos quem nós estamos levando. E todos sabem onde são os pontos de drogas, a polícia sabe, mas por que não tomam providências? Não sabemos mais a quem recorrer”, desaba um taxista.