Os supermercados se viram obrigados a esconder gôndolas com produtos que são considerados não essenciais pelo decreto vigente no Município e no Estado.
Os supermercados se viram obrigados a esconder gôndolas com produtos que são considerados não essenciais pelo decreto vigente no Município e no Estado. A medida chegou a revoltar alguns clientes, que se manifestaram principalmente nas redes sociais e se indignaram por serem proibidos de comprar alguns itens, que para muitos são considerados essenciais de acordo com suas necessidades.
A Folha conversou com Gustavo Augusto Druziki, diretor financeiro do Supermercado Druziki, que explicou que desde que foi publicado no Decreto nº 52 [está vigente o de nº 60], não puderam mais vender aos finais de semana produtos de utilidade doméstica, como potes, garrafas térmicas e itens que no decreto não são considerados “essenciais”. Por isso, tiveram que colocar lonas pretas para cobrir estes produtos. Com o novo decreto, agora também durante a semana está proibida a venda de produtos deste setor. São cerca de mil itens que deixam de ser comercializados, o que representa próximo de 10% do total de produtos e um grande impacto na receita da empresa no final do mês.
Segundo ele, muitos clientes pedem e insistem para comprar, argumentando a necessidade. Deu o exemplo de um cliente em que a geladeira estragou e precisava comprar uma caixa de isopor para conservar alguns itens que iria perder, mas que o mercado não pode vender para atender o cliente devido ao decreto. Para ele, chega a ser uma situação vexatória e que em sua opinião pessoal não resolve em nada. Até mesmo este cliente, segundo ele, disse que iria procurar em outros estabelecimentos até conseguir comprar o que precisava. “Respostas unânimes de clientes que não conseguiram o que procuravam e disseram que iam rodar a cidade até que achassem algum lugar para comprar. É para ficar menos tempo no supermercado, mas acaba aglomerando em outros pontos da cidades. Causa dois efeitos contrários. Se não podem estar em uma parte da loja estarão em outro. Ao invés de ir em um local da cidade, acabam circulando em outros pontos até encontrarem.”
Ele ainda analisa além do ponto de venda. Que além do cliente que não é atendido e o mercado que não vende, impacta nas indústrias que produzem estes utensílios, nos funcionários que trabalham nelas e até mesmo os que ajudam na reposição destes itens nos mercado. “E por aí vai. Os efeitos da pandemia ainda não foram sentidos em sua maioria. Estão matando o empregador”, acredita.
Durante toda a pandemia, empresários de diversos setores argumentam também serem essenciais, assim como mercados e outros estabelecimentos que podem ficar abertos, porque também precisam vender para sobreviver, ajudam a manter a Economia, mantêm empregos e todo um setor funcionando. Um dos argumentos dados para que os mercados não pudessem vender itens “não essenciais” era não prejudicar empresas que não podem ficar abertas. Questionado sobre isso, Gustavo foi enfático: “Como enfraquecer uma empresa aberta ajuda a fortalecer uma que está fechada? Uma medida que não surte efeito no combate à pandemia e não ajuda os empresários que estão fechados. Na minha visão o Poder Público tem que assumir o ônus financeiro, no mínimo prorrogando ou dando bom desconto no pagamento dos impostos. Todas as empresas são essenciais, quem vive daquele comércio é essencial para ela viver.”
Em sua visão pessoal e experiência no comércio, entre algumas medidas acredita que deveria ser feito o contrário, como a ampliação do horário do comércio para diminuir aglomeração de pessoas e um investimento maciço no transporte coletivo, com no mínimo dobrada sua capacidade, pois há aglomeração muito grande nos ônibus, que coloca em risco muitas pessoas.