Há cinco anos, a Folha de Campo Largo contava a história de Nilson José Dybas, na época com 43 anos e que havia descoberto uma doença no fígado chamada Estriatose Hepática, gordura no fígado, a
Há cinco anos, a Folha de Campo Largo contava a história de Nilson José Dybas, na época com 43 anos e que havia descoberto uma doença no fígado chamada Estriatose Hepática, gordura no fígado, após meses de investigação pela equipe médica. A única solução para a doença encontrada pela equipe foi o transplante de fígado.
Na época, Nilson contou à reportagem que pelo sangue ser AB+, o que é bastante raro e representa somente 2% da população, fez aumentar a preocupação dos médicos e ele foi para a fila de transplante do SUS, ficando em segundo lugar, devido à gravidade em que se encontrava.
O primeiro transplante foi realizado então no dia 15 de setembro de 2015, com rápida recuperação de Nilson e com mudança no estilo de vida dele, conforme conta sua esposa, Silvana Dybas. “Ele parou de beber, jogava futebol sempre, praticava corrida e fazia academia. Nós mudamos os hábitos alimentares também e adotamos uma alimentação mais leve. Em fevereiro desse ano, após voltarmos da academia eu lembro que fiz uma salada e três ovos cozidos para comermos e durante a madrugada ele começou a ter dores abdominais muito fortes. Achou que era por causa dos ovos e fomos para o hospital, mas esse pode ter sido o início da trombose que levou ele a precisar passar pelo segundo transplante de fígado.”
A trombose é uma coagulação do sangue, que se move dentro dos vasos sanguíneos e artérias, conforme explicou Silvana, e no caso de Nilson, foi para a artéria hepática. “A artéria hepática faz a nutrição sanguínea de 70% das vias biliares, que são caminhos e ilhotas que vão do fígado para o intestino. Nesse caminho houve um estreitamento, uma estenose, quando houve uma tentativa de dilatação pela equipe médica via endoscopia, mas por causa da bariátrica não foi possível. Mais uma técnica foi empregada, na tentativa de colocar um stent, porém também não foi possível. Foram seis tentativas com intervalos para colocar stent, mas não foram bem sucedidas, porque precisava de sangue para a cicatrização e a circulação estava prejudicada. Foi então que os médicos decidiram fazer um retransplante”, explica.
Silvana lembra que pelo quadro dele, Nilson chegou a ficar em primeiro e segundo na fila, chegando a ter chamados para cinco órgãos, mas alguns pacientes eram incompatíveis idade ou ele apresentava um quadro de infecção, o que impossibilitava a cirurgia ser realizada.
Retransplante e caso raro de trombose
A operação, apesar de ter sido bem sucedida, foi complicada, pois ele já havia passado por outro procedimento cirúrgico na mesma região. “Um caso de retransplante é muito mais complexo, conforme explicaram os médicos, do que na primeira vez. Eles explicaram a atenção com uma pessoa transplantada, que já é bem grande, triplica em um caso de retransplante, porque é muito mais delicado, pelas chances de acontecerem complicações”, diz.
O caso de trombose que Nilson teve após cinco anos de transplante é muito mais comum de acontecer nos primeiros cinco dias após o transplante e isso surpreendeu a equipe médica, que considerou o caso bastante singular. Por conta da trombose, Nilson terá que tomar remédios anticoagulantes por toda a vida.
A cirurgia foi realizada no último dia 03 de novembro e foi considerada um sucesso pela equipe médica. Após 13 horas do procedimento, Nilson já não estava mais intubado, apesar de permanecer na UTI por mais três dias. Nesta quarta-feira ele passou por mais um procedimento de fechamento da musculatura – em um primeiro momento a equipe médica realiza somente o fechamento da pele do paciente para acompanhar a sua evolução – e, dependendo da resposta, nesta sexta-feira (12) terá alta e aos poucos poderá retornar às atividades normais.
Doação de órgãos
Silvana faz um apelo pela conscientização da doação de órgãos. “Eu imagino que esse seja um momento de dor extrema para uma família, que acaba de perder seu ente querido, mas é o momento também em que você pode fazer algo que pode mudar a vida de uma pessoa que está sofrendo, de uma família inteira que passa pela aflição de ver alguém que ama sofrer. Converse com os seus familiares sobre a doação de órgãos e torne-se um doador. Eu agradeço por essas duas famílias que doaram os órgãos dos seus amados para que o meu marido esteja com saúde hoje. Que Deus os abençoe”, finaliza.