A comunidade médica e terapêutica desaprova quaisquer administrações dos produtos, seja em crianças, jovens, adultos e idosos
Na última semana, o MMS, sigla que quando traduzida do inglês quer dizer Solução Mineral Milagrosa, tomou os fóruns de discussão, tanto na internet como fora dela. Isso porque, alguns grupos em redes sociais têm vendido o “medicamento” como uma cura milagrosa para o autismo, inclusive com relatos de pessoas que usam o medicamento e dizem já ter sentido a diferença. Acontece que não há pesquisas científicas que comprovem a eficácia do produto, que foi analisado pela Anvisa e foi constatada até mesmo a presença de dióxido de cloro, composto parecido com alvejante. A comunidade médica e terapêutica desaprova quaisquer administrações dos produtos, seja em crianças, jovens, adultos e idosos.
Em seu site oficial, a Anvisa publicou no último dia 24 de maio, que “continuam as medidas de fiscalização e trabalha na retirada de anúncios da internet, que colocam à venda o produto dióxido de cloro, também comercializado com a sigla MMS. (...) O produto, na verdade, é uma substância utilizada na formulação de produtos de limpeza, como alvejantes e tratamento de água. O dióxido de cloro não tem aprovação como medicamento em nenhum lugar do mundo. A sua ingestão traz riscos imediatos e a longo prazo para os pacientes, principalmente às crianças. (...) O dióxido de cloro é classificado como um produto corrosivo e sua manipulação exige o uso de equipamento de proteção individual. É um produto que também traz riscos pela inalação”.
A Folha de Campo Largo conversou com Letícia Moraes Gonçalves, psicóloga infantil com especialização em Transtorno do Espectro Autista (CRP: 08/24712), que explicou que ao ingerir esse falso remédio, o indivíduo pode apresentar sérias complicações como náuseas, diarreia, insuficiência renal, desidratação severa, além de outras complicações que podem ser fatais. “Quando necessário, o médico que acompanha a criança deve prescrever o medicamento, considerando todas as necessidades dela, e realizando acompanhamento da dosagem e do efeito do medicamento prescrito. O tratamento para pessoas com autismo deve ser interdisciplinar, ou seja, envolver psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, entre outros. Cabe ressaltar que quanto mais cedo a criança iniciar o tratamento, maiores serão as chances de sucesso, por isso não espere por um diagnóstico fechado, à partir do momento em que se considera a hipótese de Transtorno do Espectro Autista, já deve-se iniciar com as terapias adequadas. Além disso, as pesquisas indicam que o tratamento deve ser feito de forma conjunta, incluindo a família, os profissionais que acompanham as crianças e a escola.”
A psicóloga explica ainda que ao receber o diagnóstico de autismo, as famílias se encontram em uma situação de vulnerabilidade, muitas vezes as terapias que os filhos precisam não estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e com isso buscam por “respostas” e informações nas redes sociais, entretanto, é necessário muito cuidado com as informações que podem ser encontrada por esses meios.
“O ideal sempre é buscar por profissionais especialistas no assunto. Ao se deparar com ofertas desse produto, as famílias devem de imediato negar. Sabemos que o autismo é fortemente pesquisado no âmbito científico e não será um produto qualquer que irá trazer uma melhora repentina do Transtorno. Portanto as famílias e responsáveis devem buscar cada vez mais informações sobre o Transtorno do Espectro Autista, além de sanar todas as dúvidas que venham a surgir com o médico e profissionais que acompanham a criança. O melhor remédio é a conscientização”, finaliza.