Meu sonho sempre foi ter aquela vida tradicional: namorar, noivar, casar, constituir família, ter filhos. Quando a médica disse que, com o grau de endometriose que eu tinha, nunca engravidaria, fiquei arrasada, mas não
Meu sonho sempre foi ter aquela vida tradicional: namorar, noivar, casar, constituir família, ter filhos. Quando a médica disse que, com o grau de endometriose que eu tinha, nunca engravidaria, fiquei arrasada, mas não aceitei aquele diagnóstico e fui buscar outros especialistas”, declara Daniele Merchiori (29), que aos 18 anos teve que lidar com essa situação. Foi diagnosticada com um alto grau de endometriose, tinha um tumor no útero e ainda colo do útero baixo.
Desde adolescente sentia muitas dores, que diversos médicos disseram a ela que era apenas cólica. Até que buscou uma profissional que solicitou muitos exames e realmente descobriram o problema. Precisou fazer uma cirurgia urgente e felizmente o tumor que tinha no útero era benigno e foi retirado. Começou o tratamento de endometriose e também sabia que quando engravidasse teria que ter mais cuidados por ter o colo do útero muito encurtado e que poderia causar um aborto. “Fiquei com muito medo, porque sempre tive sonho de ser mãe”, conta.
Na época já namorava com Daniel Wiezbicki, com quem casou aos 24 anos e sempre deu todo o apoio que ela precisava. Formada em Fisioterapia, trabalhava em um consultório pequeno e em 2014 inaugurou uma clínica nova e ampla na sua casa.
Daniele teve a felicidade de engravidar por duas vezes, mas sentiu a dor de ter dois abortos, um com 12 semanas e um com 9 semanas de gestação. Mais uma vez a vida estava lhe colocando em provações de que tinha que ser muito forte e determinada para superar. Diz que só com muita fé jamais desistiu desse sonho. Voltou ao médico e começou o tratamento para controlar a endometriose e aumentar as chances de engravidar. Segundo orientação dele, era para se cuidar durante as relações e tentar após seis meses da medicação para que não houvesse nenhum problema. “Comecei em fevereiro de 2014, mas acabei não me cuidando por achar que ainda não engravidaria, mas já engravidei em março e parei com o tratamento”, detalha.
A notícia que trouxe muita felicidade para a família, também veio com muita apreensão, por ser uma gestação de risco. Para não perder o bebê, com 13 semanas fez um procedimento de sutura para fechar o colo do útero, chamado de Cerclagem. Precisou ficar de repouso a partir das 27 semanas até o final da gestação, porque tinha risco de parto prematuro. E conseguiu chegar às 38 semanas, quando então nasceu o Davi, hoje com 04 anos.
Para se realizar ainda mais como mãe, apesar de saber que novamente não seria fácil, mais uma vez tentou. Precisou passar novamente pela Cerclagem, que desta vez o corpo rejeitou os fios e precisou repetir o procedimento, porque quase teve um aborto. Sofreu descolamento de placenta e teve cefaleia pós-raqui e o repouso foi inevitável até o final da gestação.
Nasceu o Enzo (02), mais uma vitória. Mas com 08 dias de vida quase teve uma insuficiência respiratória e por pouco não faleceu. Por sorte, Daniele e o marido chegaram a tempo com ele no hospital, onde ficou internado por nove dias com uma bronquiolite muito grave.
Depressão
Daniele passou por diversas situações em que muitos poderiam ter desistido, mas ela foi perseverante. Teve muito medo em toda essa trajetória, de não conseguir, de perder, de não aguentar. Todas essas situações exigiram dela muita força, mas que em um momento seu corpo acabou sofrendo. Aos 08 meses de vida do Enzo, começou a perceber que estava depressiva.
Apareceram os primeiros sinais. Conta que ficou mais ansiosa, triste, preferia ficar sozinha e começou a se achar uma péssima mãe, a pior pessoa do mundo. Declara que não queria tomar remédio e não entendia o que estava acontecendo. Afinal, conseguiu os dois filhos que tanto amava, tinha sua empresa consolidada, um marido que estava sempre ao seu lado. “Olhava meus filhos lindos, perfeitos, ninguém estava doente, mas não entendia porque estava sentindo aquilo, é algo mais forte que a gente”, declara.
Mas em setembro do ano passado caiu em uma depressão profunda. Aí entendeu que tudo veio como um turbilhão em sua vida, o fato de sempre trabalhar muito, se cobrar em tudo, stress, as dificuldades, as perdas, os abortos. Foi um conjunto de coisas e desde então precisava de acompanhamento com profissionais e começou a se sentir muito bem. “Hoje tomo remédio e não tenho vergonha de falar”, enfatiza.
Ela sabe que muitas mães passam por situações muito difíceis e precisam de ajuda, de se apoiar e buscar orientação de profissionais. Que é preciso entender que muitas vezes não conseguem melhorar sozinhas.
Superação
Melhorando a cada dia, Daniele diz que se encontrou e se realizou como mãe e agradece muito a Deus. Comenta que tem momentos difíceis e que não é fácil conciliar com a rotina de trabalho, mas que eles só dão alegria. “Os filhos são nossa força diária, dão motivação para fazer o nosso melhor. Queremos ficar bem e felizes para eles”, declara.
Hoje procura curtir os momentos em família. Conta que uma das coisas que mais gosta de fazer é final do dia levá-los em um parquinho, o que eles adoram. “Nem que fique pouco tempo, é a alegria deles.”
Eles representam para ela uma vitória, superação. Depois de tudo que passou e as superações diárias, ela diz a todas as mulheres que estão na tentativa de engravidar que não desistam. “Acreditar em Deus em primeiro lugar, pedir essa graça com muita fé, procurar bons especialistas e confiar neles. Entregar a vontade de ser mãe nas mãos dos médicos, confiando neles e primeiramente em Deus.”