A maior balsa construída até agora por eles, com 16 tambores de 200 litros cada, desta vez, terão mais conforto, com cozinha, banheiro e chuveiro
A história deste grupo começou em 1987, quando quatro amigos fundaram o Clube de Pesca Associação Recreativa O Teimoso e realizaram a primeira viagem pelo Rio Iguaçu, na qual foram com uma balsa que eles mesmos construíram. Após mais de 30 anos, outros agregaram ao grupo, mas há 19 anos não realizavam mais essa viagem. Neste final de semana foi a quinta vez que entraram nesta aventura, a 5ª Expedição Saudades do Iguaçu: “Pior que não terminar uma viagem... é nunca partir”.
Há três semanas estão construindo a própria balsa, desta vez bem maior e mais equipada, mas o planejamento iniciou no ano passado, com muitas pesquisas e descobertas de diferentes técnicas. Sete amigos participarão – Gilberto Antonio Garzaro, Hamilton Camargo da Silva, João Druziki, Mario Polonha, Mauricio Burcowski, Osmar Antonio Cequinel e Sigmund Engel. “O antes é o melhor, os preparativos. Quando a viagem acontece, já acabou”, comenta Sigmund, destacando que todos se unem para construir a balsa. Para eles será uma aventura, matar a saudade após 19 anos e alguns são “marinheiro de primeira viagem” e estão bem entusiasmados.
Até a quinta-feira (04) a balsa estava montada, mas desmontaram para ser levada de caminhão até Porto Amazonas, onde foi a partida. Eles saíram de Campo Largo às 6 horas deste sábado (06), todos no caminhão e quando chegaram montaram a balsa novamente. A viagem com a balsa iniciou à tarde e a previsão era chegar em São Mateus na quarta-feira (10) para abastecer comida, bebida e combustível; e em União da Vitória na sexta-feira ou sábado seguinte, quando retornam de Van.
A nova embarcação construída tem 8,35m de comprimento por 3,50m de largura, com 16 tambores. Pela primeira vez construíram com banheiro e chuveiro, o qual tem um recipiente para poderem colocar 12 litros de água do rio, que aquecem antes no fogão. A novidade neste ano também é a cozinha, o que nunca teve nas outras embarcações. “Cada vez vai melhorando”, comenta Hamilton, que brinca que foi o Google que os ajudou a construir a embarcação e até através dele conseguiram calcular o peso suportado. “Só não pode ficar todo mundo do mesmo lado, tem que manter o equilíbrio na balsa”, diz.
Todos os participantes estão na faixa etária de 60 anos. Passarão uma semana contando muitas histórias, jogando baralho, pescando no final da tarde e também aprendendo com os desafios durante a viagem. Contam que sempre há imprevistos, como barreiras que encontram, ainda mais neste ano que o rio está um pouco mais seco. Há contratempos como trechos com cabos de aço que cruzam o rio, para travessia de carro, e é preciso baixar os cabos. “Tem cerca de cinco trechos assim até chegar lá. Aí tem que sair atrás dos balseiros”, comenta Sigmund.
São 320Km pelo Rio Iguaçu, o qual, segundo Sigmund, “faz muitas voltas, torna a viagem muito bonita e interessante, com animais silvestres, mas uma pena que hoje também se vê muita destruição”. Param em alguns vilarejos, como a Vila Palmira, em São João do Triunfo, a qual surgiu em razão das navegações. Eles detalham que na saída de Porto Amazonas o Rio tem cerca de 80m de largura, no caminho recebe muitos afluentes importantes e vai tomando grandes proporções; em União da Vitória chega a 250m, 300m de largura. Será mais uma viagem que ficará registrada na memória dos participantes.
História
Sigmund e Hamilton contam que até 1950 transitavam pelo Rio Iguaçu cargas de erva mate e madeira, para embarcar em trem e ir para Paranaguá. Souberam da história e tiveram certeza que esse trecho era navegável, surgindo a vontade de percorrer o mesmo caminho. Com muita disposição, eles e mais dois amigos construíram a primeira balsa do Clube, em 1989 - utilizaram quatro tambores e fizeram um tablado em cima do bote, para uma viagem curta, de Porto Amazonas a São Mateus. Em 1990, fizeram uma embarcação com sete tambores de 200 litros de cada lado e uma melhor estrutura e foram até União da Vitória. No ano seguinte também fizeram uma viagem aí só repetiram em 2000, ano em que foram sete pessoas.