Ainda há muitas dúvidas sobre o projeto e questões que poderão ser resolvidas com leis ordinárias no futuro, caso o projeto seja aprovado dessa forma
Desde que foi proposta, ainda no Governo Temer, a Reforma da Previdência é envolta de polêmicas, dúvidas e inseguranças. A intenção do projeto é mudar a forma como é feita a administração, pois atualmente os trabalhadores ativos sustentam aqueles que já são aposentados por meio do INSS, além do dinheiro também sustentar a Saúde e a Assistência Social. No projeto, o INSS seria por capitalização, ou seja, o trabalhador contribui para a sua própria aposentadoria. Segundo divulgado na imprensa nacional, o assunto voltou a ser articulado nesta quarta-feira (06) em Brasília.
Quem explica a situação é o advogado, especialista em Previdência Social, Gilson Andrade. “No estudo elaborado por eles, foi constatado que está diminuindo a contribuição porque a população está ficando mais velha. É possível perceber até pelo controle de natalidade, que enquanto no passado um casal tinha seis filhos ou mais, hoje facilmente encontra-se casais com um filho, dois ou até sem. Isso também acaba contribuindo bastante para o que eles chamam de déficit previdenciário, e leva ao surgimento da proposta.”
Entre os critérios avaliados foram a expectativa de vida do brasileiro de 75 anos e meio (em 2016), a qualidade de vida e também levaram em consideração que pessoas acima dos 60 anos conseguem trabalhar ainda. Para empregos insalubres, por exemplo, haverá outros recursos. O fato é que a Reforma irá atingir todos os trabalhadores, tanto do setor privado, como funcionários públicos, trabalhadores rurais, pensionistas, políticos e em breve atingirá também os militares.
Dr. Gilson explica que hoje mulheres se aposentam com 60 anos e homens com 65, tendo no mínimo 15 anos de carência/contribuição. Na nova regra, serão igualadas as idades, ou seja 65 anos para homens e mulheres e terá que ter no mínimo 20 anos de contribuição, por exemplo. “Cada caso deverá ser avaliado por um profissional capacitado, pois tudo depende do tipo de função desempenhada, quanto tempo foi feita a contribuição, qual a idade da pessoa, estimativa de valor da aposentadoria e as regras de transição – se elas se aplicam a ela ou não”, orienta.
Vale ressaltar que nada muda para quem já está aposentado ou recebe alguma pensão, por ser considerado um direito adquirido. As mudanças são válidas somente para trabalhadores em exercício – que passarão por transição – e para aqueles que vão ingressar no mercado de trabalho.
Benefícios e pensões
O projeto contempla ainda mudanças para pensões e para o Benefício de Prestação Continuada – reservado aos idosos que não contribuíram e pessoas com deficiência que comprovam baixa renda.
No caso da pensão, na proposta será pago 50% do valor do salário da pessoa falecida ao cônjuge e mais 10% para cada dependente até completar 21 anos e para o cônjuge. Quando o dependente completa os 21 anos, não será possível repassar a quantia ao cônjuge do falecido, nesse caso o benefício é extinto.
Já no BPC, se a medida for aprovada, será alterado o valor pago ao beneficiário, que receberá ao invés de um salário mínimo, a quantia de R$ 400 até os 69 anos, depois passa a receber o valor integral do salário.
A proposta não traz definições para auxílio-maternidade, auxílio doença e seguro-desemprego, por exemplo.
Votação
A expectativa é que a votação seja feita ainda neste ano, segundo Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, até a metade do ano. Na Câmara são necessários 308 votos favoráveis, dos 513 deputados em exercício. Já no Senado, a Reforma terá que receber 49 votos, de 81 senadores que atuam.