Abrem cerca de mil buracos nas ruas a cada dia de chuva
Buracos e mais buracos que se abrem diariamente, principalmente em dias chuvosos, e que são motivos constantes de reclamação da população. A Folha recebe toda semana reclamações de problemas das condições de tráfego das ruas e por isso procurou o secretário municipal de Viação e Obras, Joel Vidal, para dar uma explicação geral da situação e do que será feito.
“O maior problema que encontramos é que 70% da cidade o asfalto já é velho, de 30, 40 anos atrás e não tem mais o que fazer, sabemos que não adianta tapa-buraco, que o certo é refazer tudo, o que é impossível em pouco tempo e com pouco recurso. Tentamos minimizar o problema pelo menos para não deixar as ruas todas esburacadas, para ficar com condição de tráfego e diariamente conseguimos tapar de 800 a mil buracos nas ruas de toda a cidade”, declara Joel.
Há também uma situação que tem limitado bastante realizar melhorias. Muitos loteamentos na cidade na verdade não estão cadastrados na Secretaria de Urbanismo e com isso não são considerados loteamento, mas sim grandes áreas que foram subdivididas em parte ideal. Exemplos são o Itaqui, Itaboa, Bela Vista e Vila Glória. As ruas estão aprovadas na Câmara, mas não na Secretaria e com isso estão em grande parte fora do padrão, sem o mínimo de estrutura. Não há galeria de água pluvial, as redes de água da Sanepar estão com canos pequenos que não se adequam à necessidade da região e antes de ser feito asfalto precisariam ser readequadas. O mesmo também acontece com os postes que foram instalados fora de padrão. Então, segundo o secretário, a população faz pedido de asfalto e quando chegam ao local verificam que os postes estão na rua, os muros das casas estão no lugar aonde era para ser a calçada e as ruas não têm dimensões necessárias para seguir o padrão.
Joel conta que o Ministério Público fez uma recomendação de não realizar melhorias nas ruas que não estejam regularizadas na Secretaria de Urbanismo e que para fazer asfalto é preciso de projeto. MP recomenda que se for loteamento há mais de 20 anos pode fazer intervenção, os mais recentes precisam de regularização antes. A necessidade do projeto é um outro problema, conforme afirma o secretário, porque os engenheiros não querem assinar e ser responsáveis por uma obra que eles sabem que é toda irregular, que está tudo fora do padrão. Comenta que a reclamação das pessoas é o asfalto, mas o problema está muito antes disso, na compra destes terrenos sem ruas regulares, sem infraestrutura adequada e que não é possível fazer as melhorias sem antes arrumar tudo isso, o que exige uma grande movimentação de vários órgãos e consenso dos moradores. Enquanto isso, para a população não ficar desassistida, fazem pelo menos operação tapa-buraco.
Com asfaltos velhos, começa a se desfazer, a abrir e ficar com grandes e várias rachaduras. Nestes casos, não adianta ficar fazendo remendos, teria que refazer toda a via – o que acontece em boa parte da cidade – ou pelo menos fazer o reperfilamento, o que já aconteceu em 30Km da cidade.
Mesmo no caso de loteamentos regulares, Joel aponta que há muitos casos que fazem asfaltos de baixa qualidade, que em um ano já exige manutenção e então o problema nas ruas não para de aumentar. “No Céu Azul e Cristo Rei não chegou a dar um ano para ter que refazer”, comenta.
Diversas regiões e o mesmo problema
O Vila Glória tem sido considerado um grande problema para a Secretaria de Viação e Obras. Joel diz que na verdade muitas áreas ali são chácaras subdivididas. “Abriram ruas sem projeto de engenharia, são ruas irregulares, muito estreitas, com postes na rua. Exemplo Rua Q, que construíram casas nos barrancos, rua não tem volta e não tem direito nem como fazer manutenção. Vou ter que interditar parte da rua, não tem espaço suficiente para encaixar nos padrões”, argumenta, afirmando que mesmo assim procuram manter arrumado, dentro do que é possível. “Vila Glória e Esmeralda a cada 20 dias tem que estar arrumando”, completa. Muitas casas são construídas em fundo de vale e os riscos são muito grandes para os moradores.
No Meliane, muitas casas estão em área de preservação ambiental e também legalmente não é possível fazer melhorias porque há muito o que se fazer antes disso. Colocam material na rua para não virar uma lama e tentar fazer galerias de água pluvial, mas que com o tempo entopem e o problema de alagamento e transtornos na rua se repetem a cada semestre, aproximadamente. Com falta de estrutura, sofrem os moradores de casas nas baixadas, que recebem toda a água da chuva de lugares mais altos.
A Rua Natal, no Jardim Esmeralda, está com obra parada na metade também por barrar em problemas como esse. No Albina Grigoletti há muita área de invasão, dificuldade até para chegar e colocar máquinas nos locais e com isso não tem autorização do Ministério Público para executar as obras. Em Bateias, o MP também fez recomendação de não realizar qualquer intervenção próximo de áreas de preservação ambiental e de rio, o que limita bastante.
Em algumas áreas é tanto o perigo que não pode entrar máquina, os funcionários precisam jogar material com concha e segundo o secretário mesmo assim os moradores reclamam. Ele falou que há muitos lugares irregulares em que há asfalto, que também foi feito muitos anos atrás sem galerias e adequações necessárias, o que hoje não é possível fazer, mas que serve de argumento da população que também exige as mesmas condições.
No Cristo Rei, as Ruas A e B são apenas designadas, mas não estão regularizadas, são de parte ideal, segundo o secretário. Os problemas nessas ruas são comuns, mas pouco se pode fazer. A regularização deveria começar alinhando as casas, pois há muros aonde deveria ser calçada, e também adequando a localização dos postes.
Leitores reclamaram de falta de asfalto nas ruas que cortam a principal no Acácias, como havia sido prometido, e o secretário falou que será realizado após contratação de novos engenheiros que logo deve acontecer.