Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 10:43:05
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ONG Amor Viral dedica tempo às vítimas de Brumadinho durante viagem missionária

Os voluntários relataram encontrar um clima de luto e uma tristeza muito forte em Brumadinho, impossível de sentir pela TV

ONG Amor Viral dedica tempo às vítimas de Brumadinho durante viagem missionária

No último dia 01 de fevereiro, 39 voluntários da ONG campo-larguense Amor Viral, em parceria com a Primeira Igreja Batista de Campo Largo e também a Samaritan’s Feet, saíram da cidade com destino a Bom Jesus da Lapa, na Bahia, de ônibus. Durante o per­curso, acabaram percebendo que o trajeto passaria a mais ou menos 25 km de distância de Brumadinho, cidade que vivenciou a tragédia do rompimento da barragem da Vale, no último dia 25 de janeiro e acabou vitimando 134 pesso­as (número atualizado no dia 06 de fevereiro).

“A situação que nós encontramos ao chegar na cida­de conseguiu ser mais triste do que nós víamos pela tele­visão. É um luto absoluto, os moradores estão dentro de casa chorando a morte dos seus entes queridos – tanto fa­miliares, amigos, conhecidos -, estão muito abalados. Nós encontramos os bombeiros e voluntários trabalhando na cidade; essas pessoas são verdadeiros guerreiros, levam até o último da exaustão em busca dos desaparecidos e também dos corpos, para poderem dar aos familiares ao menos um pouco de conforto, de poderem dar um enterro digno àquelas pessoas. É bem difícil”, revela o pastor e co­ordenador da ONG, Elias.

Eles fizeram orações pela população, buscando tra­zer conforto para eles, também conversaram com algumas pessoas. Segundo o pastor Elias, essa oportunidade, ain­da que triste, foi dada por Deus e promoveu um crescimen­to e aprendizado também para eles.

O voluntário Natanael dos Santos Rodrigues Junior re­vela que sentiu a cidade bastante triste, mas a esperança ainda pairava no ar, visto os casos de desaparecimentos. “Senti um lugar frio, como se as pessoas parassem de sor­rir no dia do acidente. Só vemos pessoas tristes, mas com esperança de encontrar os que ainda estão desapareci­dos, e um dia voltar a ser como antes. Em Brumadinho tem pessoas que precisam de atenção e muita oração, pois a batalha deles só está começando.”

Outra voluntária, Sandra Mattei, conta como foi a con­versa com uma moradora da região. “Eu estive conversan­do com a dona Simone, moradora de Brumadinho, ela é proprietária de um restaurante que fica bem próximo ao marco. Ela pode me relatar um pouco da tristeza que as pessoas estão sentindo. A população não tem saído de casa e no sábado seria o último velório que ela estaria indo. Ela explicou que as pessoas não fazem mais velório, porque as vítimas estavam sendo encontradas aos peda­ços, em estado avançado de decomposição. Contou que a cidade é pequena, cerca de 40 mil habitantes. Ela contou ainda que tem um sobrinho que trabalha na Vale, mas nes­te dia estava de folga. Lembro que ela contou ainda que houve uma pane com os celulares e as pessoas ficaram desesperadas, pois não conseguiam comunicação umas com as outras. E ela mesma sofreu muito, pois ligou vá­rias vezes para o sobrinho e não sabia onde ele estava. A maior tragédia foi realmente a morte das pessoas, até ela contou que tem um cemitério no alto de uma colina na ci­dade, que não era muito usado, mas precisou ser usado nessa situação. Pessoas foram enterradas em valas. A dor maior foi realmente a dor da perda.”

De volta às origens

A ONG Amor Viral surgiu justamente após uma via­gem ao sertão da Bahia, em missão. Agora, eles voltaram em parceria com a Primeira Igreja Batista de Campo Largo e também com a Samaritan’s Feet, para distribuir roupas, calçados, brinquedos e principalmente amor e esperança para aquelas pessoas.

Eles passaram por várias comunidades da região de Bom Jesus da Lapa. A cartilha de viagem feita pela ONG mostra que “devido às condições climáticas, fatores histó­ricos, sócio-culturais e a escassez de políticas públicas, o Sertão Nordestino apresenta um ambiente hostil para o desenvolvimento humano. Infelizmente, 60,6% das crian­ças e adolescentes (0 a 14) vivem em condições de po­breza. Ou seja, elas vivem em famílias com renda de 1/2 salário mínimo ao mês. Aliado com a ausência de oportu­nidades, esta é a principal causa para fome, evasão esco­lar, trabalho infantil e abandono”.