Dona Rosa deixou sua história registrada em Campo Largo. Como benzedeira, atendeu inúmeras famílias na cidade e região
Quantos benzimentos, rezas e dedicação em cuidar do próximo. Rosalina Cavalin dos Santos (69), mais conhecida como Dona Rosa, deixou seu nome marcado na vida de muitos campo-larguenses e pessoas da região, que recorriam a ela em diversas situações. Ela faleceu na madrugada do último dia 22, em decorrência de problemas de saúde.
Nascida em Campo Largo, chegou a trabalhar bem nova na Porcelanas Schmidt, depois na antiga Granja Trindade e na Studio Tacto. Aos 14 anos se casou com Floresval Soares dos Santos – músico sertanejo desde a década de 60. Logo ela deixou de trabalhar para cuidar dos filhos: Silmara, Gerson, Doroneumar e Lori Paulo Sandre – os quais lhe deram seis netos.
Os pais de Rosalina tinham o dom do benzimento e passaram muitos ensinamentos. Dona Rosa começou a benzer por volta de 1987. Floresval conta que ela fazia “benzimentos, costurava rendidura, atendia criança com a boca cheia de sapinho, benzia de cobreiro, peito aberto, fazia massagem, arrumava machucadura”.
Ele lembra de diversas histórias de pessoas que chegavam a ela muito desesperadas pedindo uma ajuda e depois voltavam para agradecer a cura. Alguns chegavam a ligar até as 23h para que ela atendesse. Aos finais de semana também sempre se disponibilizava a fazer os atendimentos. Em média, duas pessoas por dia iam até a casa dela, já em semana de Lua Minguante, quando benzem as crianças, chegava a fazer dez atendimentos por dia. E ela nunca cobrava, mas quem podia sempre dava uma contribuição como agradecimento.
Muitos tinham fé neste dom de Dona Rosa e vinham de regiões vizinhas para cá, como de Araucária e Fazenda Rio Grande. Como sempre se colocou à disposição, era muito querida por todos. Geralmente ela ficava em casa, mas o marido conta que ela gostava muito de sair comer peixe em pesque-pague e ir na casa dos familiares.
Problemas de saúde
Floresval conta que Dona Rosa tratava Diabetes há 15 anos, mais tarde lúpus, má circulação nas pernas, colesterol alto, pressão alta, sentia dores no estômago e apresentou anemia.
Ao realizar um ultrassom em novembro do ano passado foi observado um pequeno hematoma no estômago e ia aguardar para fazer uma cirurgia no prazo de um mês, mas começaram outros sintomas. Foi diagnosticado câncer com metástase e não conseguiram realizar a cirurgia porque estava em proporções bem maiores do que apresentado no exame. Passou dias tendo dores e tratando complicações, começou a passar por sessões de radioterapia e quimioterapia. Floresval conta que neste período também passou por algumas transfusões de sangue.
Ele lembra que ela não aguentou as quimioterapias e a última que fez, na sexta-feira anterior a seu falecimento, começou a piorar muito. Foi ao Centro Médico no domingo e encaminhada para a UTI do Hospital do Rocio na segunda-feira. Floresval diz que a família agradece muito à equipe do hospital porque fez tudo que podia, mas que infelizmente ela não resistiu e morreu próximo das 3h da madrugada de terça-feira (22).