Comprar uma casa é um sonho para a maioria dos brasileiros, porém, com preços altos, a alternativa é buscar opções no mercado que apresentem plantas mais compactas
Comprar uma casa é um sonho para a maioria dos brasileiros, porém, com preços altos, a alternativa é buscar opções no mercado que apresentem plantas mais compactas e, com isso, aproveitar o espaço do local torna-se tarefa obrigatória.
Pensando nisso, a Folha conversou com a designer de interiores Keila Freitas, que deu algumas dicas de como fazer isso da melhor forma possível. Segundo ela, o primeiro passo acontece ainda na hora da compra do imóvel, quando vai fazer a visitação para compra. “É muito importante analisar se a casa ou apartamento irá conseguir abrigar todos os futuros moradores. Podemos ver principalmente pela metragem quadrada, um espaço de 25 a 35 metros quadrados abriga com conforto somente de uma a duas pessoas. Enquanto para uma família o ideal seria no mínimo 45 metros quadrados. Deve-se observar também o layout (distribuição dos ambientes) se há flexibilidade para circulação, boa iluminação natural e evitar casas muito segmentadas por paredes. Integração de espaços é sempre a melhor opção. Também analisar se essa nova residência terá espaço para abrigar os móveis e objetos da antiga residência, evitando assim gastos desnecessários.”
Se a casa ou apartamento, mesmo não sendo amplo, mas for comprado pela localização ou por caber dentro do orçamento, vale a pena também procurar saber se é possível realizar aberturas e integrações, indica Keila. Para isso, entretanto, é necessária a contratação de um profissional de Engenharia Civil, que poderá analisar e fornecer um laudo se é viável ou não derrubar paredes e remodelar o espaço. “Os locais que impossibilitam a ampliação são paredes estruturais (lajes, colunas e vigas), pois são responsáveis pela sustentação do edifício ou da residência. Outro problema muito comum que pode atrapalhar a abertura são tubulações hidráulicas e fiações elétricas. Sendo assim, a análise de um profissional é muito importante para que não haja problemas futuros. Na maioria dos novos apartamentos é possível alterar a distribuição dos ambientes, pois algumas paredes internas são de drywall, o que possibilita a mudança ou até a retirada da mesma. Pode se verificar com a construtora responsável pelo empreendimento se existe essa possibilidade”, indica.
Truques que dão amplitude
A decoração e o design ainda guardam muitos truques que fazem com que o ambiente pareça maior do que realmente é. A mais conhecida é o uso de espelhos em pontos estratégicos, indica Keila, já que o material reflete e cria essa sensação. Outra orientação é sobre a utilização de cores, procurando usar tons neutros, já que cores claras refletem a luminosidade e dão amplitude à área. Entretanto, Keila diz que isso não significa que lugares pequenos não possam incluir essas cores mais escuras e vibrantes, porém esses devem ser usados com maior cautela e em pontos focais.
Seguindo nessa mesma linha, a designer de interiores aconselha que sejam evitadas as barreiras ou divisórias visuais, como a aplicação de cores diferentes nas paredes ou pisos diferentes para cada cômodo. A uniformidade é peça-chave para que dê a continuidade ao espaço e faça com que ele pareça mais amplo.
“A decoração também pode colaborar e ter mais que função estética. Podemos utilizar objetos do dia-a-dia como decoração, na cozinha, por exemplo, utilize eletrodomésticos como liquidificador e bateira para decorar a bancada. Ou mesmo um pequeno vaso para guardar espátulas e colheres de madeira, além de decorar o ambiente estarão sempre em fácil acesso”, indica.
Entretanto, Keila indica que o truque mais importante são móveis e objetos multiusos. Com mais de uma função esse tipo de mobiliário é versátil e dobra o espaço para armazenamento. “São móveis como puff ou mesa de centro que também podem ser empregado como baú. Cama box com compartimento embaixo que podem ser utilizados com oarmário para guardar roupas de cama, toalhas, malas e outros objetos. O sofá-cama também é uma ótima dica para receber hóspedes sem possuir um quarto extra”, diz.
Um dos preferidos e mais indicados para quem tem pouco espaço em casa é o canto alemão, que faz o papel da mesa de jantar tradicional, e é composta por sofá, geralmente em forma de “L”, mesa e cadeiras. “Esse móvel normalmente é utilizado em restaurantes, entretanto, nos últimos anos vem sido muito empregado em residências por sua versatilidade, principalmente por conseguir abrigar de sete a oito pessoas sentadas, enquanto a mesa tradicional com as mesmas dimensões abriga apenas seis pessoas. Além disso, podemos utilizar o sofá como baú, duplicando o espaço de armazenamento”, aconselha.
Ambientes externos e varanda
Para áreas externas pequenas, como em opções de apartamentos garden ou casas geminadas, uma alternativa para ter um jardim é optar por plantas ou hortas verticais ou pequenas jardineiras, já que essas ocupam pouco espaço. “Se não houver espaço para uma mesa com cadeiras opte por banco, futons, puffs, cadeiras de balanço, rede e para complementar utilize pequenas mesas se apoio. Na decoração aposte em luzinhas pisca pisca, lanternas decorativas, almofadas coloridas, quadros e pequenos vasinhos. Deixe sua criatividade fluir. Escolha uma parede como destaque, pode utilizar cores mais ousadas, madeira, tijolinho a vista. Mas, cuidado para escolher um revestimento resistente à umidade e a ao sol”, indica.
Em apartamentos que permitem a integração da varanda ao restante dos ambientes, a opção também permite a sensação de amplitude. Quem precisa criar um home-office tem na sacada ou varanda um ótimo lugar, bem arejado, com luz solar e uma bela vista.
Canto alemão combinado com espelhos em locais pontuais dão sensação de amplitude.
Organizado, limpo e sem exageros
Casas pequenas parecem ser mais difícieis de limpar, mas a limpeza e a organização também são fundamentais para uma boa aparência e sensação de espaço maior. Uma dica muito empregada pelos profissionais, para casas com crianças, é delimitar um espaço para que elas brinquem e espalhem seus brinquedos, mas orientando sempre a organização ao final da brincadeira.
Para quem tem uma folga no orçamento e consegue fazer móveis planejados, Keila indica que esse é o melhor método para ocupar e aproveitar ainda mais o ambiente, cada espaço. A utilização de prateleiras, nichos, penduradores de parede também são boas opções, porém sempre cuidando para não poluir com muita informação visual.
Os gessos rebaixados, ainda que deixem o ambiente mais bonito, precisa ser estudados para não reduzir o espaço. “Mosaicos e revestimentos 3D aplicados em pontos focais não reduzem o espaço, porém se forem utilizados para revestir paredes maiores podem criar sensação do espaço ser menor. Composição de quadros quando bem utilizada pode criar a sensação que o pé direito é maior, como quadros mais verticais ou retangulares criam essa sensação”, diz.