Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 11:27:46
Geral

Familiares devem ficar atentos a sintomas de depressão pós-parto

Mulheres ficam mais propensas a desenvolver a depressão pós-parto até a terceira semana após o parto. O pai também pode apresentar sintomas de depressão.

Familiares devem ficar atentos a sintomas de depressão pós-parto

Janeiro toma a cor branca para si e aborda a temática de cuidar da saúde mental para ter uma vida ainda mais feliz e plena. Para que tenha-se conhecimento das doenças que afligem a população é preciso discutir sobre essas condições e como ajudar quem encontra-se nessa situação. Segundo pesquisa realizada pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, uma a cada nove mulheres sofrem da depressão pós-parto, que apresenta sintomas e acaba envolvendo toda a família.

“Durante todo o período de gestação a mulher passa por vários momentos em que os hormônios acabam gerando turbulências. Ela naturalmente fica mais sensível por causa disso, independente da sua personalidade e pode inclusive desenvolver a depressão durante a gestação. A depressão pós-parto, acontece quando há uma descarga muito forte de hormônios após o nascimento da criança e ela é percebida negativamente pela mulher, o que acontece da primeira até a terceira semana após o parto. Envolve uma série de fatores junto com essa descarga hormonal, o que contribui para que isso aflija as novas mamães”, explica a enfermeira Inês do Rocio Pzebowski, que auxilia as gestantes e mães no pós-parto com cuidados com o bebê e amamentação.

Entre os sinais, os familiares podem perceber certo distanciamento do filho, tristeza, choro frequente, sonolência excessiva, perda ou aumento do apetite, sensação de ansiedade e estresse. Segundo Inês, tanto a mulher quanto os familiares mais próximos devem prestar bastante atenção a esses sinais e informar ao ginecologista e obstetra responsável pelo acompanhamento da gestação, parto e pós-parto. Segundo ela há casos que necessita inclusive do uso de medicamentos. Mulheres que passaram por parto normal ou cesárea podem apresentar os sintomas.

Para que a mulher tenha um pós-parto saudável é importante que ela mantenha uma alimentação saudável, descanse bastante, se adapte à criança e a amamentação – caso ela consiga amamentar -, e não se estressar, pois isso acaba interferindo também na produção do leite. “O grande risco está em manter esses sintomas após a terceira semana, pois é sinal da doença depressão. Se esses sinais aparecem após esse período há uma grande chance de ser depressão também. Caso isso aconteça, o médico responsável deve ser informado e pode direcionar ela a atendimento específico, em psicólogos, terapeutas e até mesmo médicos psiquiatras”, alerta Inês.

Inês ainda diz que algumas mães acabam desenvolvendo a proteção excessiva, principalmente quando a criança é prematura, e não quer ninguém a pegue ou acredita que ninguém irá cuidar tão bem como ela. Isso também acaba sobrecarregando a mulher e o apoio e a confiança é importante também.

As mães adolescentes devem receber apoio da família e serem acolhidas, pois elas ainda precisam encarar julgamentos da sociedade sobre terem tido filhos novas. “Às vezes essas meninas receberam informação necessária sobre prevenção, outras vezes não. Não cabe a ninguém julgar, mas sim cuidar dela. Ela ainda terá que lidar com a situação da liberdade, dos estudos e poderá se sentir sozinha. Os braços devem ser estendidos para elas”, ressalta. 

Boa comunicação com o profissional da saúde

Todas as gestantes devem passar pelo Pré-Natal e por exames específicos durante a gestação, prevendo inclusive problemas que possam colocar a gravidez em risco, até mesmo deficiências que atinjam a criança. “Durante todo o processo de pré-natal a mãe e o pai da criança precisam perguntar e questionar o médico sobre momentos que está passando na gravidez. Se foi constatada alguma deficiência ou má-formação na criança é importante que o profissional seja sincero e tire todas as dúvidas, inclusive se aquela doença é tratável, se há cirurgias que possam ser feitas, se a criança pode vir à óbito, e se oferece risco para a mãe. Se for preciso, pode ser encaminhado até para um especialista”, diz.

Inês alerta para que as mães não fiquem procurando informações na internet, pois podem interpretar de forma errada e se apavorar diante alguma situação.

Visita tem hora

Nessas primeiras  semanas é ideal que a mãe e o bebê se conheçam, por isso é importante aguardar um pouco até que vá visitar a criança. “Nessas primeiras três semanas o ideal é não receber visitas, a menos aquelas que são bem próximas, como os avós e tios da criança. Vale lembrar que a mãe está cansada, perdeu sangue durante o parto, está amamentando e muitas vezes precisa parar para atender alguém que chegou. As visitas são bem-vindas, desde que elas respeitem o espaço da família e sejam visitas rápidas. Oferecer-se para fazer alguma coisa pela mãe é uma boa forma de ajudar”, orienta.

As visitas e os familiares próximos também deve ficar atentos aos palpites durante os primeiros dias da criança. Comentários de como cuidar ou comparar os métodos usados hoje aos de antigamente – “na minha época era fralda de pano” – também podem prejudicar a mãe.

Pai também sofre

O homem também pode sofrer durante esse processo. “Há muitas mulheres que tomam à frente da administração da casa, cuidam das compras, da limpeza e algumas vezes o homem se vê nessa função e pode se assustar. Ele também sente a pressão de sustentar mais uma criança e o medo de não dar conta. Se for o primeiro filho, ele também pode lidar com o medo de pegar uma criança tão frágil pela primeira vez e ter que cuidar dela. O centro das atenções são os bebês, mas tanto a mãe, como o pai, também merecem atenção dos familiares próximos”, ressalta.