Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 12:32:23
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Campo-larguense que teve câncer é aprovada em Medicina na UFPR

Após cinco anos e meio de tratamento contra o câncer e três cirurgias, o propósito da futura médica é ajudar o próximo
Campo-larguense que teve câncer é aprovada em Medicina na UFPR

Em 2009 Ana Caroline Cunico recebeu o diagnós­tico que mudaria sua vida e de sua família para sempre: um câncer no braço aos 11 anos de ida­de. Hoje, ela e sua família comemoram a aprovação no ves­tibular de Medicina, o mais concorrido da Universidade Federal do Paraná. O resultado foi divulgado na última sex­ta-feira (11). A Folha contou a história de superação da jo­vem em abril de 2016.

O convívio semanal, as rotinas hospitalares intensas fi­zeram com que Ana adquirisse gosto pela Medicina e se es­pelhasse em profissionais que estavam próximo a ela e a ajudaram nessa vitória contra o câncer. “Eu me dediquei, fiz cursinho por três anos até conseguir passar no vestibu­lar. Neste ano eu trabalhava e estudava, tive até que inter­romper o cursinho por alguns meses para trabalhar. Voltei no mês de agosto e tinha rotinas intensas de estudo, jun­to com amigos meus que também prestariam o vestibular”, conta Ana.

O vestibular da Universidade Federal do Paraná é di­vidido em duas fases, uma que contempla conteúdos de matérias diversas e são provas de múltipla escolha e a se­gunda fase, que traz matérias específicas ao curso que de­seja entrar, essas discursivas, além das provas de Redação. Ana conta que essa foi a primeira vez que ela passou para a segunda fase da UFPR. “Eu saí da segunda fase bem fe­liz. Para o curso de Medicina são cobrados conhecimentos específicos em Biologia e Química. Até comentei com meus amigos que achei que a prova de Biologia estava fácil, mas na pontuação final eu fiz mais acertos em Química. Na ver­dade a gente nunca espera, porque sabe que é difícil entrar, mas a sensação é inexplicável, é incrível”, relembra.

Questionada sobre a inspiração para seguir a carrei­ra, ela foi bem assertiva: “Todos os profissionais foram im­portantes para que eu conseguisse vencer essa luta, mas sempre tem os que nós acabamos nos espelhando. No meu caso, foram o Dr. Edilson Forlin, que cuidou de mim na Orto­pedia, e a equipe da Hematologia, especialmente o Dr. Ro­bson Castro Coelho e a Dra. Cilmara Kuwahara. Eu gosto muito dessas áreas, da Ortopedia e da Oncologia, por en­quanto pretendo seguir uma dessas áreas, porém tudo pode mudar quando eu estiver cursando a faculdade. Uma coisa eu tenho certeza, minha meta é ajudar as pessoas, acolher elas assim como me ajudaram quando eu mais precisei”, ressalta. A aprovação foi muito comemorada pela família e amigos da jovem, que estão muito orgulhosos dela.

História

À época da primeira entrevista concedida à Folha, Ana contou que tudo começou no feriado de Carnaval em 2009, quando estava varrendo a calçada e sentiu uma dor forte no braço direito, febre alta e ficou internada no Hospital Nos­sa Senhora do Rocio. O ortopedista que atendeu Ana pediu exames para descobrir o motivo daquelas dores e suspei­tar de um tumor ósseo. Ela foi levada ao Hospital Pequeno Príncipe, onde recebeu o diagnóstico de Sarcoma de Ewing, localizado no úmero direito, um câncer maligno, cujo tumor tinha já 10 centímetros.

Uma semana depois ela já começou o tratamento con­tra a doença. “Tive que passar por três cirurgias, com trans­plante ósseo no meu braço. A primeira foi feita em 2009 para a retirada do tumor que havia diminuído para oito centíme­tros. Após três anos da cirurgia, eu comecei a sentir fortes dores no meu braço novamente e foi constatado uma trinca no osso, ocasionada pelo meu crescimento. Um ano depois eu precisei passar por mais um procedimento cirúrgico por causa de uma nova trinca. Desde então, não tive mais do­res ou problemas, e consegui alta definitiva da Hematologia cinco anos e meio depois do diagnóstico. Hoje acompanho anualmente na Ortopedia”, completa.

Mensagens

Ana deixa uma mensagem especial para quem está passando por momentos difíceis, assim como ela já passou. “Eu sei o que é estar desse lado, fiz um dos maiores erros quando era paciente, que foi procurar na internet o que eu tinha. É preciso confiar nos médicos, desabafar e questio­nar sobre o que está acontecendo com você. O suporte da família e dos amigos também é muito importante. Todo esse processo faz com que mudemos nossa forma de pensar na vida e de encará-la de outra forma. O amor é imprescindí­vel, acho que foi ele que me trouxe até aqui. E para quem não passou no vestibular, tendo prestado ou não para o cur­so de Medicina, eu também entendo, porque já senti essa frustração de não ver meu nome lá, porém tudo no tempo de Deus, só não desista”, finaliza.