São comuns os “memes” na internet, por parte da juventude, que diz que não há vagas de emprego para quem não tem experiência, mas quem tem ex­periência de mais – e está próximo de se aposentar – também encontra dificuldades na recolocação no mercado de trabalho.

De acordo com Andrea Bonato, formada em Marketing, pós graduada em Gestão de Pessoas, mestre em Marke­ting Organizacional, professora e palestrante na Área de Relacionamento Interpessoal, tudo depende da dedicação e esforço de cada um. “Hoje existe uma grande variedade de oportunidades, o mais difícil é principalmente querer sair da zona de conforto. Para os jovens, esse é um momento de se aventurar em projetos, sempre com responsabilidade e com a gana de aprender; para os mais velhos, talvez uma dispensa seja a oportunidade de dedicar-se ao trabalho que sempre sonhou exercer.”

Carreira é uma construção

“Tem sim muita oportunidade para o jovem. Se nós for­mos comparar com dez anos atrás há muito mercado. Anti­gamente era o emprego e quem tinha mais experiência con­seguia a vaga. Hoje existem oportunidades como estágios e programas que não exigem experiência, são remunerados – e muitas vezes pagam um ótimo salário. O jovem de 14 a 23 anos, por exemplo, pode trabalhar de quatro a seis ho­ras como aprendiz em várias empresas e cargos diferentes, para que assim construam uma carreira dentro da área que mais gostam”, aconselha.

Para participar de programas de aprendizagem e está­gios a única exigência é que o jovem esteja estudando. As empresas que aderem a programas governamentais preci­sam cumprir uma cota, pré-estabelecida e proporcional ao ta­manho da empresa, que são preenchidas com esses jovens.

Outro desafio imposto a esse público é usar todos os recursos que a internet oferece a seu favor. “Nós vemos que alguns adolescentes e jovens não sabem enviar um e­-mail com documentação, não buscam fazer cursos on-line gratuitos, de qualidade e com certificação. O mundo hoje é tecnológico e não podemos ficar presos somente a redes socias. Há milhares de start-ups surgindo no Paraná com dificuldades que relacionam, principalmente, a internet e a apresentam como peça chave. É imprescindível aproveitar essas chances, para que, quem sabe, o lado empreendedor desenvolva, por exemplo. Tudo é oportunidade”, exemplifica.

Responsabilidade é outro fator que pesa. “Eu já vi em­presas ligarem, quase oferecendo vaga para um jovem, e ele simplesmente responder que não queria. É uma fase de transição, por isso é natural o processo de aprendizagem, mas é importante eles entenderem que o trabalho é todos os dias, independente do nível do cansaço, por exemplo e para isso, exige-se organização do tempo e uma maior aten­ção com a responsabilidade”, alerta.

Fecha uma porta, nasce uma oportunidade

“Às vezes, perder um emprego significa a realização de um sonho, ir atrás de algo que ficou no passado. Algu­mas gerações passadas tinham o costume de ficar em uma mesma função para sempre e almejavam a aposentadoria, mais do que seguir um plano de carreira. O importante era garantir no futuro o dinheiro da aposentadoria. O jovem de hoje arrisca mais, é mais aberto. Ele olha para um cargo e diz ‘é ali que eu quero estar daqui um ano’. Por isso, uma demissão acaba sendo um ‘baque’ muito grande para essas pessoas, quando na verdade é um passo para um mundo novo”, revela.

Para quem já tem uma experiência grande e está em uma idade um pouco avançada, encontrar um emprego pode parecer um desafio, pois há muitas empresas que não contratam pessoas próximo de se aposentar. Para elas, a palavra é atualização. “Defina o que você mais gosta de fazer e faça daquilo um negócio. Busque cursos nessas áreas, por exemplo, jardinagem, confeitaria, pães, venda de marmitas, trabalhos com limpeza e organização de casas, tudo isso é oportunidade. Quando você agrega conheci­mento, nunca sai perdendo, pois é algo que você leva para a sua vida toda e também dá a você uma maior credibilida­de”, ressalta.

Se o desejo ainda seja trabalhar como registrado em uma empresa, Andrea orienta que busque fazer cursos na área de tecnologia, esteja sempre bem informado e mostre­-se aberto à novas ideias.

Para os dois

Embora pareçam mundos distintos, em um momento eles convergem e existem dicas preciosas para os dois pú­blicos. “Primeiro, um deve escutar o outro no ambiente de trabalho, pois todos nós temos algo a compartilhar. O jovem é o entusiasta, com novas ideias; o mais velho tem a expe­riência, muito a ensinar. Aliando os dois, tem tudo para a empresa crescer. Conheça novos idiomas, não somente o inglês e o espanhol, que hoje no mercado de trabalho são básicos – falta de dinheiro não é problema, pois existem os Celem (Centro de Línguas Estrangeiras Modernas), que são gratuitos. Atualize-se sempre, esteja bem informado e demonstre interesse”, finaliza.