“Vergonha!” Essa foi a manifestação de representantes da sociedade civil organizada de Campo Largo, empresários e alguns moradores da cidade na sessão extraordinária que foi realizada na tarde
“Vergonha!” Essa foi a manifestação de representantes da sociedade civil organizada de Campo Largo, empresários e alguns moradores da cidade na sessão extraordinária que foi realizada na tarde desta quinta-feira (13) na Câmara Municipal de Campo Largo. Mostraram-se indignados com a falta de análise dos vereadores sobre o estudo realizado por eles de forma intensa neste ano, a partir do qual sugeriram alterações no Plano Diretor, o qual foi votado e aprovado nesta sessão, sem levar em consideração as propostas.
A sociedade civil organizada realizou diversas reuniões durante o ano para discutir o Plano Diretor apresentado por uma equipe técnica contratada ainda na gestão anterior. Entende-se a experiência das pessoas envolvidas nesta elaboração, mas argumenta-se a questão de que há pontos que devem ser adaptados para a realidade local, proposto por entidades que conhecem mais de perto a necessidade dos munícipes e os planos de desenvolvimento da cidade.
Após detalhado estudo, além de solicitações durante o ano, a sociedade civil organizada protocolou cerca de 40 sugestões de emendas na Câmara Municipal, solicitando a inclusão ou alteração do que acreditavam não ser a melhor opção para a cidade. Esses apontamentos da sociedade civil organizada não foram analisados a fundo pelos vereadores e não entraram como emenda na votação realizada na sessão extraordinária desta quinta-feira, que contou com a presença de diversos empresários e moradores de Campo Largo preocupados com o assunto.
O presidente da Câmara Municipal, Bento Vidal, iniciou a sessão informando que tem o compromisso de sancionar até o último dia de 2018 o Plano Diretor e caso isso não ocorresse suspenderia o repasse de recursos do Estado ao Município. Uma vez retirada as emendas, essas não podem mais ser propostas e segundo ele não adiantaria adiar a votação. A Casa Legislativa optou por votar o Plano Diretor conforme foi enviado para o Executivo, sem análise criteriosa das emendas propostas. Em entrevista à Folha, Bento disse que, após protocolado não havia tempo suficiente para análise mais detalhada e preferiram votar sem as emendas, pois entendem a capacidade profissional da equipe técnica que elaborou o Plano Diretor. Disse que ele, no próximo ano, vai estudar os apontamentos e propor projetos de lei de acordo com o que foi recomendado e que os demais vereadores poderiam fazer o mesmo.
Aprovado o Plano Diretor, as pessoas no plenário começaram a gritar “vergonha” e foi pedido silêncio pelo presidente da Casa. Sobre as solicitações de emendas protocoladas na Câmara, Bento afirmou que não vieram em tempo hábil e não foram incluídas. Disse que cerca de 25 sugestões de emendas foram apresentadas e discutidas com todos os vereadores, os quais preferiram não votar, por não terem tempo de analisar. Inconformados com a votação, os empresários e representantes da sociedade civil organizada se levantaram antes de terminar a sessão, repetindo que o que estava acontecendo ali era uma vergonha.
A Promotoria de Justiça de Campo Largo havia feito uma recomendação aos vereadores para que não fossem votadas emendas que beneficiassem alguma pessoa ou empresa, mas que deveriam ser analisadas e votadas emendas que beneficiassem a população da cidade e o seu desenvolvimento. Os vereadores preferiram se eximir e não votar nenhuma, o que deixou os participantes da sessão revoltados com a decisão, porque foi aprovado um Plano Diretor que eles acreditam que será prejudicial para a cidade. O que questionam é porque não exerceram esse papel de fiscalização e de buscarem se envolver com essas discussões para elaboração do Plano Diretor, porque eles deveriam estar interessados em entender e opinar o que será melhor para a cidade. Além disso, indignam-se porque não foi levado em consideração o que foi levantado em Audiência Pública.
Estudo da sociedade civil organizada
O Campo Largo 2030 foi um dos pontos de partida do estudo e ampla discussão entre Conduma, OAB Subseção Campo Largo, Acicla, Comude, Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Campo Largo, Conseg e representantes do Poder Executivo. O Plano Diretor é atualizado a cada dez anos e já era para ter sido aprovado há mais de três anos. Representantes das entidades acreditam, inclusive, que a atualização deveria ser mais constante, de acordo com o crescimento da cidade.
O que é o Plano Diretor
De acordo com a Lei Municipal nº 1812, “o Plano Diretor é um instrumento estratégico e global de caráter normativo e programático da política de desenvolvimento integrado do Município, determinante para todos os agentes públicos e privados que atuam no Município.
§ 1º - o Plano Diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o Plano Plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.
§ 2º - o Plano Diretor abrange a totalidade do território do Município, o planejamento e a gestão do desenvolvimento territorial, conduzidos pelo Poder Público e privado, da sociedade em geral e dos programas setoriais, tendo sido garantida a transparência e a participação democrática de cidadãos e entidades representativas.”
Trata-se de um conjunto de princípios e regras orientadoras da ação dos agentes que constroem e utilizam o espaço urbano. É plano, porque estabelece o objetivo a ser atingido, o prazo em que este deve ser alcançado, as atividades a serem executadas e quem deve executá-las.