Jovem campo-larguense, portadora de doença rara e pouco estudada em todo o mundo, lança livro para ajudar a pagar tratamento e viagem à França
No mês de abril, a Folha de Campo Largo publicou a história das irmãs Luana e Júlia Kroker, de 17 e 16 anos, que foram diagnosticadas com Síndrome de Ehlers Danlos, uma doença genética rara e que ainda é pouco estudada no Brasil e também no mundo.
A Síndrome de Ehlers Danlos tem como principal consequência a deficiência na síntese do colágeno, um componente do tecido conjuntivo que auxilia o revestimento. As irmãs e a mãe, Kátia Kroker, são portadoras do gene que provoca a SED tipo Vascular (IV), que causa alteração no colágeno tipo III, e prejudica os revestimentos dos órgãos, veias e artérias.
Apesar das dificuldades que a doença traz, Luana aproveita para se dedicar à Arte, principalmente a escrita e aos desenhos. Ela é a autora do livro de bolso “O Velho Conto”, produzido de forma independente, com vários poemas e sonetos contados, além do próprio conto.
“Eu comecei a escrever ainda quando estava na escola, quando escrevi um soneto e o deixei guardado, já pensando em escrever um livro. Porém, ao começar a ter os primeiros sintomas da doença, que me deixou bem debilitada fisicamente, pensei em desistir de tudo, mas, na minha primeira aula de História, em casa, minha inspiração voltou”, revela, que desde o 5º ano gosta muito de ler e escrever, especialmente livros longos e já sinaliza que seu próximo trabalho será voltado para histórias que envolvam mistérios da mente humana e suspense.
O que conta o conto?
Ela conta que o livro traz a história de uma menina que queria entender a Lua e as estrelas e sempre ouvia muitas crenças sobre o tema. Por ser muito curiosa, ela faz um acordo com Umbral, para que em troca de tudo o que ela quisesse, apenas teria que entregar a sua energia. Isso causou muitos problemas, pois em certo momento ela já não tinha mais forças para alimentá-lo. O final do conto é surpreendente, garante ela. Um dos sonetos preferidos de Luana é o último, “Soneto Ímpar para Luana”, escrito em setembro de 2017, quando ela estava com suspeita de câncer.
O livro também traz ilustrações feitas pela própria Luana, da coleção “Meninas nuas”. Segundo ela, os sentimentos que carrega acabaram contribuindo para a inspiração. “Nós sofremos muito preconceito com a nossa doença, alguns médicos até a acham engraçada e fazem brincadeiras de mau gosto. Nos sentimos rejeitadas, porque não há muitos profissionais interessados na nossa doença e poucos nos atendem”, conta.
Hoje há apenas três médicos que ajudam as meninas, apesar de não serem especialistas nesta doença. A esperança da mãe é conseguir dinheiro suficiente para levá-las à França, onde há especialistas. “Elas sentem dores muito fortes, febres intensas e são muito sensíveis, a ponto de correrem o risco de sofrerem rompimentos graves, que provoquem hemorragias. Lá, teremos a chance de poder contar com uma equipe especializada, que poderá atendê-las quando houver emergências. Há muitas pessoas que sofrem dessa condição e definham sem ajuda. Hoje eu estou traduzindo um livro francês sobre a doença, mas as palavras técnicas tornam o processo um pouco mais lento. Tudo faço para ajudar, tanto minhas filhas, como também outras pessoas que estão nesta condição”, diz Kátia.
O livro pode ser encontrado à venda na Farmácia Manipulare, Aquafisio e na loja O Barba, no valor de R$ 10. Também estará à venda na versão e-book na Amazon, a partir da próxima semana.