Em contrapartida, a cidade apresentou um crescimento na contratação de mão-de-obra tercerizada, por meio dos Microempreendedores Individuais
Na última segunda-feira (22) foi divulgado o levantamento dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), realizados em setembro pelo Ministério do Trabalho e Campo Largo não tem o que comemorar.
De acordo com o levantamento, a cidade ocupa hoje a posição de 397º no ranking do Estado do Caged – ou seja, está em terceiro lugar entre os que mais realizaram demissões. Somente no mês de setembro de 2018, Campo Largo registrou 728 admissões e 887 desligamentos, ou seja, um saldo negativo de -159. No ano passado, no mês de setembro, o município estava em 376º, com saldo negativo de 27 fechamentos de postos de trabalho, com 757 admissões e 784 demissões.
Os dados oferecidos pelo Observatório do Trabalho, da Secretaria Especial do Trabalho e Relações com a Comunidade, mostram que esse número pode ser explicado principalmente pelos desligamentos do setor de serviços com fechamento de 114 postos de trabalho, que hoje é um dos carros-chefe da cidade, e a construção civil que pontuou negativamente, com fechamento de 62 postos.
Entre as ocupações mais afetadas estão trabalhadores nos serviços de manutenção de edificações, com 108 desligamentos e 21 contratações, resultando em um saldo negativo de 87 postos de trabalho a menos; ajudantes de obras civis, com 65 desligamentos e oito contratações, resultando em um saldo de -57; técnicos e auxiliares de enfermagem, com 30 desligamentos e dez contratações, saldo de -20; escriturários em geral, agentes, assistentes e auxiliares administrativos, com 44 admissões e 58 demissões, resultando em saldo de -14; e trabalhadores operacionais de conservação de vias permanentes (exceto trilhos), com 11 desligamentos e nenhuma contratação.
O setor de Indústria de transformação foi o que mais contratou campo-larguenses nesse período, admitindo 214 pessoas e desligando 171, o que resultou em um saldo positivo de 43 contratações.
Explicação da Secretaria
A Folha entrou em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que explicou que esses números oscilam mês a mês, por isso, o resultado pode ser diferente em novembro.
Confira a explicação: “Vemos esse impacto negativo em quase todos os setores da cidade, infelizmente é uma crise que pegou todos os municípios e setores da economia brasileira. Não é pontual. Neste apontamento, especificamente nesse mês, dois setores, o de serviços e construção civil, são os que mais sofreram desde 2015, onde o país está atravessando sua pior crise financeira da história.
Porém, com a reforma trabalhista que aconteceu no ano de 2017, muitas empresas optaram em dispensar seus funcionários por medida de redução de custas trabalhistas, e fizeram suas contratações com mão-de-obra terceirizada, muitas delas através do MEI - Microempreendedor Individual. Somente no mês de Setembro de 2018, Campo Largo registrou um número bastante elevado de pessoas se formalizando dentro desta modalidade, mais de 72 novos empreendedores (MEI), que buscaram se formalizar para atender a nova demanda que hoje é uma opção que o cidadão encontra para continuar suas atividades dentro de empresas de diversos ramos. Apesar de todo este quadro novo, Campo Largo ainda se apresenta dentro de um cenário positivo dentro do ranking de contratações no estado.
Nossa Agência do Trabalhador de Campo Largo, no mês de setembro, foi considerada como uma das mais atuantes do estado do Paraná, tendo em vista que, no referido mês, foram colocadas 124 pessoas no mercado de trabalho, ficando na 16ª colocação dos 399 municípios do Paraná.
Para um futuro próximo, nossa cidade deverá fazer muitas contratações devido aos investimentos que estão bem perto de começar no ramo do comércio e construção civil com mão-de-obra especializada. Podemos citar dois exemplos: projeções para construção de mais de 3.000 unidades de casas na cidade e o começo da terraplanagem do Shopping”.
Nível de Brasil, resultados positivos
A nível nacional, os dados são dignos de comemoração. Em pronunciamento oficial, o presidente Michel Temer comemorou a divulgação dos dados e destacou o saldo positivo de 137,3 mil carteiras de trabalho assinadas em setembro, o maior número para o mês de setembro desde 2013. Em todo o país, os dados revelaram que aconteceram 1.234.591 admissões e 1.097.255 desligamentos no mês de setembro.
De acordo com matéria publicada pela Agência Brasil, o “acumulado de janeiro a setembro apresenta acréscimo de 719 mil vagas, um crescimento de 1,90%”. Ao contrário de Campo Largo, o setor de serviços foi o que mais gerou emprego no país, pois abriu 60,9 mil novos postos de trabalho.
Os dados apontaram saldo negativo apenas para o setor de da agropecuária, que demitiu 2.688 trabalhadores a mais do que contratou no mês de setembro. “Tradicionalmente, setembro registra contratações pela indústria, que começa a produzir para o Natal. Em contrapartida, o mês registra demissões no campo, por causa da entressafra de diversos produtos”, finalizou a explicação da Agência Brasil.
O que é o Caged?
De acordo com o Ministério do Trabalho, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) são dados que servem como base para o Programa de Seguro-Desemprego, para conferir os vínculos trabalhistas existentes, além de servirem como base para outros programas sociais também, estudos, pesquisas, projetos e programas ligados ao mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que subsidia a tomada de decisões para ações governamentais.
Criado como registro permanente de admissões e dispensa de empregados, sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os dados são fornecidos todos os meses pelas empresas que sofreram alterações no seu quadro de colaboradores (tanto admissão, como demissão).
É dever do empregador informar até o 7º dia do mês subsequente a alteração, sob pena de multa caso não o faça. Estão isentos de prestar essa informação (com informações da Cefis): servidores da administração pública direta ou indireta, federal, estadual ou municipal, bem como das fundações supervisionadas; trabalhadores; diretores sem vínculo empregatício, para os quais o estabelecimento/entidade tenha optado pelo recolhimento do FGTS; servidores públicos não-efetivos; servidores públicos cedidos e requisitados; dirigentes sindicais; diretores sem vínculo empregatício para os quais não é recolhido FGTS; autônomos; eventuais; ocupantes de cargos eletivos; estagiários; empregados domésticos residenciais; cooperados ou cooperativados; trabalhadores com contrato de trabalho por prazo determinado, regido por lei federal, estadual ou municipal.