Nos próximos dois domingos, milhares de candi­datos em todo o Brasil farão a prova do Enem, que poderá dar a eles a chance de conquistar uma vaga em uma universidade pública, com o Sisu, bol­sas de estudo em universidades e faculdades particulares, por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni), fi­nanciamento estudantil com o Fies, tentar cursos técnicos com o SisuTec, realizar concursos públicos para alguns es­tados (para entrar em corporações como Polícia e Bombei­ro Militar - alguns estados usam a nota do Enem na primeira fase), usar porcentagem da nota para ingressar em faculda­des públicas e privadas e até mesmo fazer um intercâmbio em Portugal. Mas, o primeiro passo é fazer uma boa prova.

Com tantas possibilidades em mãos, o candidato que se prepara há algum tempo para a prova precisa já resol­ver algumas questões para não deixar tudo para a última hora. “Se deixar para a última hora há uma grande chan­ce de dar errado, por isso, algumas coisas precisam ser re­solvidas com antecedência. É importante que o candidato saiba previamente o seu local de prova, quem precisa pe­gar ônibus já se programe qual vai pegar, em qual horário deve sair de casa. A prova começa cedo, às 13h, e os por­tões só abrem às 12h, por isso sempre aconselho os alunos a chegarem alguns minutos antes de abrirem os portões, para que possam encontrar a sala com mais calma, guar­dar seus pertences, separar o que será preciso”, os conse­lhos são do professor e coordenador do Cursinho Conexão, William Vida.

Além disso, o candidato já deve deixar comprado ou se­parado canetas esferográficas da cor preta, fabricada com tubo transparente – na prova do Enem não são permitidos o uso de lápis, borrachas ou quaisquer outros materiais –, o cartão impresso de inscrição disponível no site do INEP, na página do participante, água em garrafa plástica trans­parente e sem rótulo e lanches leves. Lembrando que neste mesmo dia começa o horário de verão, portanto, os relógios devem ser adiantados em uma hora.

O Inep alerta que não é possível mudar o local de pro­va, pois eles já estão definidos previamente pela organiza­ção. Vale ressaltar que no primeiro dia serão aplicadas as provas de linguagens, ciências humanas e redação, com o tempo máximo de cinco horas e trinta minutos de duração. No domingo do dia 11 de novembro serão as provas de ci­ências da natureza, que incluem as disciplinas de Química, Física e Biologia, além da prova de Matemática, desta vez com cinco horas de duração. Ao todo são 180 questões – 90 em cada dia – e uma redação com no máximo 30 linhas. Para William, esse sistema de divisão das provas foi melhor, pois os alunos conseguem focar em áreas do conhecimen­to para a semana.

O velho ditado “marmelada na hora da morte, mata” cai bem para provas de vestibulares e concursos públicos, de acordo com o professor. “Estudar agora já não adianta mais. Para provas como essas é preciso que tenha um preparo re­alizado desde o início do ano – não somente fazer cursinho, mas ler bastante sobre os assuntos pertinentes. Essa se­mana sugiro que o aluno aproveite para relembrar assuntos que podem cair na prova de redação. Em geral, eles abor­dam temas que foram bem discutidos no primeiro semestre, principalmente entre os meses de abril e maio. As provas do Enem são mais contextualizadas e menos conteudistas, por isso, é importante resolver questões de provas anterio­res para sentir qual é a cobrança. A palavra da vez é des­canso. O nervosismo pode atrapalhar ainda mais”, ressalta.

João Henrique Torezin da Costa, de 16 anos, aluno da rede pública de ensino, fará a prova pela primeira vez este ano – ele nunca realizou uma prova neste estilo de con­curso e ainda está um pouco indeciso com o curso. “Tinha em mente cursar até então Engenharia Aeroespacial, mas começou a surgir algumas dúvidas e eu não decidi ainda. Eu estou fazendo cursinho, mas era voltado mais para a preparação para entrar em algum colégio militar. Quanto à rotina de estudos, eu estava tendo até o fim de setembro, quando decidi começar a relaxar um pouco. A prova é difícil, mas não impossível, e a realização em dois domingos aca­ba dando um tempo para a mente relaxar, isso é bem impor­tante na minha opinião.”

Prova em dois domingos

Este é o segundo ano que a prova é aplicada em dois domingos. A mudança aconteceu após o Inep realizar uma pesquisa pública no início do ano passado, na qual 42%, das mais de 600 mil pessoas que participaram, optaram pela prova realizada em dois domingos.

Isso beneficiou milhares de candidatos que muitas ve­zes precisam trabalhar no sábado ou o guardam por convic­ção religiosa, e precisavam ficar confinados em uma sala especial até o pôr-do-sol, como é o caso da candidata Fa­biana Camargo de França, que já realizou quatro provas do Enem. “Eu sou adventista do sétimo dia e já realizei a prova quando ela era apenas em um domingo e também quando era em apenas um final de semana. Nós, sabatistas, preci­sávamos ficar confinados na sala desde o meio-dia até pou­co mais das 23h. É bem puxado, porque você tinha que ficar apenas sentado, não podia conversar, isso cansava muito. Todas as vezes que eu fiz a prova consegui uma bolsa, mas não para o curso que eu queria. Não acredito que de fato prejudicasse o aluno ficar lá, mas a disposição não era a mesma na hora de fazer uma prova que exige atenção e muita leitura”, finaliza.