Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 12:53:52
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Em um pequeno esforço físico, descobriu-se um câncer de mama

O Outubro Rosa está entrando na reta final, porém a prevenção e os autoexames devem ser realizados ao longo de todo o ano. Silvia Iguassu conta como um simples exercício físico fez com que ela descobrisse a

Em um pequeno esforço físico, descobriu-se um câncer de mama

Silvia Aparecida dos Anjos Iguassu é uma mulher campo-larguense, mãe, esposa, filha, irmã, ami­ga, que gosta de se cuidar, cuida da casa e do seu cachorrinho que alegremente recebe as visitas no por­tão. Mas uma característica dela chamou muita atenção des­ta Redação, a determinação. Ela também está na luta contra um câncer de mama e, como ela mesmo diz, está “vencen­do, porque deixei nas Mãos de Deus e levo com muita disci­plina o meu tratamento”.

A forma como a Silvia descobriu o câncer de mama chama bastante atenção. Ela lembra que o seu filho mais velho estava na sala fazendo exercício físico – ‘pagando prancha’ –, quando ela decidiu tentar. “Eu me posicionei e já senti uma dor bem intensa embaixo do braço. Eu achei que não era nada, que era apenas uma dor muscular e logo pas­saria. Porém ela persistiu por um mês, até que quando eu estava tomando banho e senti uma bolinha – eu gelei, mas pensei que não seria nada”, relembra.

Nos dias seguintes ela foi em sua médica cardiologis­ta de confiança, para realizar exames de rotina e aproveitou a consulta para perguntar o que poderia ser aquilo. A mé­dica examinou e achou estranho, por isso pediu que ela fi­zesse exames complementares, como a mamografia; após leitura dos resultados, ela foi encaminhada a um mastologis­ta, que disse que poderia ser câncer, mas era preciso inves­tigar mais. “Fiz uma bateria de exames. Eu sou leiga, mas sempre olhava os exames antes do médico, para ver se eu entendia alguma coisa. Dia 28 de setembro de 2017 eu per­di o chão, porque ele me olhou e falou que eu estava com câncer de mama e que eu precisava tratar. Eu já estava pre­parada, pensei na minha mãe que havia perdido minha irmã para o câncer e nos meus filhos que viram a tia sofrer com a doença. Meu marido, que estava comigo, ficou mudo, por­que tinha esperança de ser negativo”, conta.

Na mesma semana, a irmã da Silvia ia para São Miguel de Arcanjo, no Paraná, em uma excursão, mas ela não ia junto, porém uma vaga abriu e ela chamou Silvia que acei­tou o convite. A família ainda não sabia que ela estava com aquele diagnóstico. “Foi no mesmo dia que eu peguei o re­sultado da confirmação que eu ia viajar. Contei para ela e nós choramos muito, mas decidi ir mesmo assim. Foi mara­vilhoso porque eu realmente entreguei nas mãos de Deus toda a minha vida, minha família e meu tratamento, pedi for­ça. Na volta eu estava mais leve e preparada para lutar”, diz.

A doença estava bem no começo e o médico disse que o esforço físico dela ajudou no diagnóstico precoce. Silvia ti­nha feito mamografia em fevereiro de 2017 e não havia apa­recido nada. O tratamento começou em novembro, com 16 quimioterapias – 12 brancas, uma por semana, e a verme­lha a cada 21 dias, que terminou em abril. Em maio ela fez a cirurgia da retirada das mamas e colocou o expansor, que serve para adaptar o corpo e prepará-lo para receber as próteses de silicone na reconstrução mamária, que aconte­ce ao final do tratamento. O lado que ela tinha o tumor re­jeitou o expansor, por isso ela acabou atrasando um pouco esse processo.

Silvia nunca ficou internada por causa das quimiotera­pias, tem poucas reações e usa um catéter no peito para re­ceber as medicações. Ela conta que apenas se sente um pouco indisposta e com dores nas articulações às vezes, algo que é comum segundo os médicos. Ela mudou a ali­mentação e agora realiza repousos, conforme orientação deles. “O que me baqueou mesmo foi perder o cabelo. Eu tinha um cabelão, quando tomava banho via aqueles chu­maços caindo e chorava muito. Primeiro cortei mais curto e depois – como meu filho tinha a máquina – perguntei pra ele se ele não se importava em raspar minha cabeça, ele disse que não. Me sentei no banheiro, de costas para o espelho e ele raspou. Quando terminou não olhei e fui direto para o chuveiro. Foi um momento de aceitação, depois já não me importei tanto. Usei muitos lenços, me maquiava, me arru­mava e minha autoestima subiu”, revela.

Silvia procurou manter a rotina, cuidando da casa, dos filhos, do marido, e procurava não ficar pensando na doen­ça ou transparecer que estava doente. Hoje faz fisioterapia para recuperar a força no braço direito.

Família em primeiro lugar

“Minha prioridade agora é a família. Não deixo de sair ou de brincar com meus filhos por causa de afazeres do­mésticos. A vida é agora, aproveito a cada segundo. Sou muito grata pelo apoio que eles me dão também, todos os dias eles me ligam para saber como eu estou, me visitam, se preocupam muito comigo. Graças a Deus sou muito ama­da, isso me dá muita força para lutar. Você aprende a dar va­lor ainda mais a pequenos detalhes”, diz.

Participa do grupo de mulheres que lutam contra o cân­cer, com encontros no Centro Catequético da Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade. Ela também fez muitas amiza­des nesse período com outras pacientes.

Gene do câncer

O diagnóstico da Silvia não foi o primeiro de câncer na sua família. Sua avó, mãe e irmã já tinham sofrido com a doença. Sua mãe teve três diagnósticos – mama, ovário e intestino, e sua irmã acabou falecendo em decorrência da doença em março do ano passado, aos 53 anos. Além dis­so, ela também tem casos na família de câncer de prósta­ta, o que poderia significar um risco para seus familiares homens.

“O meu médico pediu para que nós realizássemos o exame genético para verificar se temos o gene do câncer. Eu tenho, por isso tenho o câncer de mama e vou preci­sar tirar o ovário após o término do tratamento deste câncer para prevenir o aparecimento do outro tipo. Esse é um exa­me que os médicos pedem – ou deveriam pedir – para quem tem histórico na família. Todos os meus irmãos fizeram, ago­ra estamos recebendo os resultados e alguns já aparece­ram como negativo – graças a Deus. Quando você faz esse exame, podem ser adotadas condutas para prevenir, como o médico me explicou, por exemplo, se o médico da minha irmã, que acabou falecendo, tivesse pedido esse exame, eu já teria retirado as mamas e não teria desenvolvido o cân­cer, semelhante ao que fez a atriz Angelina Jolie”, explica.

Esperança, fé e cura

“Mulheres, se cuidem, façam o autoexame, separem um tempinho para vocês, apesar de parecer muito difí­cil. Não se deixe de lado e não pensem que ‘quem procu­ra, acha’, pensem que ‘quem procura, acha, trata e vence’ quando o assunto é câncer, por que às vezes você descobre muito tarde, quando não há o que fazer. Para quem está co­meçando agora, entregue nas mãos de Deus, que Ele faça o melhor para você e siga o que os médicos recomendam, para que você chegue no final e perceba que você venceu essa doença”, finaliza.