Quase dois anos após ser apresentado o Plano de Recuperação Judicial da Porcelanas Schmidt, ex-funcionários ainda aguardam na Justiça o pagamento do acerto rescisório.
Ex-funcionários da Schmidt ainda aguardam pagamento dos R$ 16 milhões de acerto rescisório
Quase dois anos após ser apresentado o Plano de Recuperação Judicial da Porcelanas Schmidt, ex-funcionários ainda aguardam na Justiça o pagamento do acerto rescisório. Desde valores menores, de R$ 88, a valores de R$ 390 mil, são aguardados por mais de 950 pessoas que já trabalharam na empresa, a qual tem uma dívida trabalhista que chega a R$ 16 milhões. Além desta, ainda tem mais cerca de R$ 40 milhões de dívida com outros credores.
É preciso que seja realizada uma Assembleia Geral de credores para então começar a valer o prazo de um ano para pagamento dos funcionários, que serão os primeiros a receber, e os demais acertos previstos no Plano de Recuperação Judicial, que foi apresentado em agosto de 2016. Desde então, só estão cumprindo prazos judiciais. Um dos motivos do processo ainda não ter sido concluído é que já passaram quatro juízes substitutos nesse caso, os quais sempre precisam se inteirar do assunto para dar continuidade e devido à grande demanda de trabalho, acumulada em mais de uma Vara, os prazos acabam se estendendo.
A primeira convocação dessa Assembleia estava prevista para o dia 22 de agosto e a segunda convocação dia 12 de setembro, mas, na semana passada, a juíza responsável pelo processo determinou a suspensão por 60 dias para a troca do administrador judicial, o qual fiscaliza o processo e que foi substituído por uma empresa que deverá apresentar um relatório de todo processo para então depois ser marcada a Assembleia.
Um dos advogados da Schmidt, Pedro Teixeira, afirma que tentarão junto ao novo juiz que assumirá esse caso para adiantar esse prazo, para que o pagamento seja realizado o quanto antes. Ele explicou que no Plano está previsto uma negociação com fornecedores, mas os funcionários têm que receber o acerto rescisório em até um ano após a Assembleia. Para esse pagamento está proposto no plano a venda de bens da empresa. Somente um dos bens já seria suficiente para pagar as dívidas trabalhistas, mas é preciso concluir essa etapa judicial para poder vender e realizar os acertos. Detalha que são quatro categorias de credores - garantia real, microempresas, comuns e trabalhadores.
Ele afirma que a empresa tem cumprido todos os prazos e tem interesse em resolver a situação o quanto antes, aguardando os prazos estipulados pelo Poder Judiciário. Apesar de, forma geral, estar demorando mais que o previsto, o processo está em sua última fase.
Recuperação Judicial
No dia 14 de junho de 2016 foi deferida a recuperação judicial da Porcelanas Schmidt, que no final de 2015 fez uma demissão em massa para evitar que a empresa fechasse e para conseguir se readequar à demanda do mercado devido ao baixo faturamento. A medida foi necessária para receber um auxílio judicial para honrar seus compromissos. Na época já estava com dificuldade de cumprir a Folha de Pagamento. A grande maioria dos funcionários demitidos entraram com Ação Trabalhista.
Troca de administrador judicial causa cancelamento de assembleia
Nesta semana, ex-colaboradores da Porcelana Schmidt procuraram a Folha de Campo Largo para relatar que há mais de dois anos lutam na Justiça do Trabalho para receberem seus direitos, visto a demissão de mais de 140 pessoas no primeiro semestre de 2016. Dessas, aproximadamente 130 ainda aguardam o recebimento dos valores. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores, Sinpolocal, o número de pessoas que entraram com ação trabalhista chega a mais de 900.
De acordo com um ex-funcionário, que preferiu não se identificar, em dois anos chegaram a acontecer algumas audiências, porém os “salários atrasados, férias, verbas rescisórias, entre outros, em geral por lei todos os trabalhadores têm por direito, dentro do período que cada um trabalhou, ainda não foi pago até a data de hoje”.
Na tarde desta quarta-feira, representantes procuraram o Fórum da 2ª Vara Civil de Campo Largo, onde tramita o processo, para explicações, já que, segundo a fonte, duas assembleias que estavam agendadas para o final de agosto e meados de setembro foram canceladas, sob justificativa de que a juíza responsável pelo caso mudou o administrador judicial, e deu um prazo de 60 dias para o novo administrador, a contar da data de 02 de agosto, para apresentar um relatório sobre a Porcelana Schmidt e qual seria a melhor solução para as dívidas trabalhistas.
No documento oferecido aos colaboradores pelo Poder Judiciário do Paraná, explica-se que “na recuperação judicial compete ao administrador atuar em três principais frentes: fiscalização processual, fiscalização material e mediação de conflitos (...), apresenta-se como um verdadeiro auxiliar judicial na condução do processo, não se limitando, apenas, à verificação jurídica dos créditos”, além disso, o documento também traz a determinação de “interrupção de todos os prazos em curso com o Dr. Carlos Galarda, inclusive os incidentes, pelo que todas as conclusões pendentes de devolução deverão ser imediatamente restituídas à Secretaria, independente de análise”.
A Folha de Campo Largo conversou com Paulo Andrade, presidente do Sinpolocal, que afirmou que é preciso respeitar o processo judicial e que não há como agilizar o processo, pois qualquer pagamento sem autorização judicial poderá colocar em risco todo o trabalho já executado. O Sindicato disse estar trabalhando em favor dos interesses e dos direitos dos ex-colaboradores atingidos por esse episódio.