Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 04:45:54
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Colar nas provas pode apontar problemas de aprendizagem e na formação do caráter

A atitude de colar durante uma prova é tão antiga quanto ir para a escola, e a cada geração, elas ficam mais difíceis de serem descobertas pe­los professores. 

Colar nas provas pode apontar problemas de aprendizagem e na formação do caráter

A atitude de colar durante uma prova é tão antiga quanto ir para a escola, e a cada geração, elas ficam mais difíceis de serem descobertas pe­los professores. Entretanto, essa atitude de consultar as respostas durante um teste podem escon­der problemas no ensino e tam­bém problemas psicológicos nos alunos, merecendo ainda mais a atenção dos pais e da comunida­de escolar.

Lorena Maria Laskoski, peda­goga, psicopedagoga e doutoran­da na Área de Saúde da Criança e do Adolescente, explica que por parte do profissional da Educação existe um sentimento de traição, mas pondera que esse pode ser um sinal de insegurança. “Quan­do a cola ocorre na hora da prova, entendo que a primeira impres­são que qualquer educador tem é de que o aluno não se preparou para a prova e que pode enganar o professor. Caso ocorra um úni­co episódio devemos avaliar de um jeito, se ocorre em mais dis­ciplinas e com diversos alunos, é um problema pedagógico e é fun­ção da Equipe Pedagógica ajudar o professor a avaliar essa ques­tão. Colar pode ser um sinal de in­segurança. Há vários relatos de alunos que organizaram a cola, mas não a utilizaram pelo fato de ter um papel que já transmitia se­gurança.”

A pedagoga orienta que o pro­fessor, ao pegar o aluno naquela situação, realize uma mudança na dinâmica da prova, realizando, por exemplo, uma prova oral, na qual será possível medir o conhecimen­to do aluno sobre determinado as­sunto. “Infelizmente esse método não pode ser usado em todos os conteúdos de todas as disciplinas, mas é uma saída. É impossível sa­ber todos os artifícios usados por eles para colar, principalmente em frente a uma sala de aula com 35 ou 45 alunos extremamente cria­tivos e que não temem o perigo. Cada aluno conhece as fraquezas do seu professor. Por isso, é impor­tante também que cada professor faça um diagnóstico de seus alu­nos”, revela.

Uma questão levantada pela pedagoga é a forma de avalia­ção feita pelas escolas e defende que não existe um sistema edu­cacional eficaz sem que tenham avaliações constantes de aprendi­zagem, justamente para rever as metodologias utilizadas em sala de aula e conferir se a mensagem transmitida por ele está sendo as­similada por ele.

Papel dos pais

Escola e família devem ser parceiras nas questões ligadas à educação dos alunos. Para es­ses casos, é importante que os pais mantenham sempre um diá­logo aberto e franco com os filhos, a fim de conseguir diagnosticar os problemas em torno da situação. “É importante que os pais/ cuida­dores conversem com o filho e ex­pliquem que essa atitude não é a correta. O aluno deve receber al­gum tipo de consequência (ficar sem ver TV, sem acessar o celu­lar ou brincar), pois precisa enten­der que mentir ou enganar para se dar bem não é aceitável social­mente e que, ao fazer tais ações, sofrerá consequências. Eu defen­do que os pais são co-responsá­veis por todas as ações de seus filhos. E, nesse momento, eu vejo diversos pais falando que nunca ensinaram isso para ele, mas as crianças aprendem por meio de exemplos. Algo está errado”, diz.

Para a pedagoga, a revisão dos conteúdos e uma rotina de estudos estabelecidas em casa podem evitar que essa situação aconteça. “O ato de fazer tarefas não é um castigo que o professor oferta aos alunos. Faz parte da complexa atividade que é apre­ender e compreender o conheci­mento científico. É importante que o aluno entenda que é pratican­do que conseguirá verificar o que sabe e o que não sabe. Além des­se momento, é importante que o estudante leia o que foi trabalhado durante a aula e faça pequenos resumos, tópicos, refaça exercí­cios ou mapas conceituais, para que possa fixar melhor o conteú­do. Nesse momento, caso tenha dúvidas, é importante que anote e questione o professor na próxima aula. Seguindo essa rotina diária de estudos, o aluno terá mais do­mínio do conhecimento e se sen­tirá mais seguro para a atividade avaliativa”, completa.

Reflexos no caráter

Pode parecer uma atitude pe­quena, mas segundo Lorena, essa prática pode exercer uma péssima influência na formação do cará­ter daquele ser humano. “Enten­do que esse aluno, que sempre busca formas de burlar o proces­so avaliativo, será aquele que não se importará de enganar o chefe, a esposa, entre outros problemas que encontramos no cotidiano. Como eu já comentei, ele apren­deu com alguém que pode bur­lar o sistema, e em alguns casos os pais/cuidadores acabam sendo super protetores. A rigidez é uma das formas de moldar o ser huma­no. A sociedade é feita de regras”, finaliza.