Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 04:23:07
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Arte contemporânea que transforma a argila em diferenciadas peças cerâmicas

Peças produzidas em Campo Largo estão nas mesas de chefs de cozinha e exposições

Arte contemporânea que transforma a argila em diferenciadas peças cerâmicas

União de talentos e pessoas que se com­pletam. Um casamen­to de vida e de profissão. Assim pode ser descrita a relação de Danielle Carazzai e Rodrigo Ra­mirez, que se combinam no esti­lo de vida e no que lhes dá prazer para trabalhar. Assim, eles trans­formam a argila em verdadeiras obras de arte, decorativas ou uti­litárias, e fortalecem o nome de Campo Largo.

Eles abriram as portas da ca­sa-ateliê para a reportagem da Folha e detalharam o trabalho minucioso que realizam, com ri­queza de detalhes que valorizam ainda mais o que produzem. São proprietários do Estúdio Boitatá, localizado na Colônia Figueiredo. Produzem peças únicas e exclusi­vas, sempre com um conceito di­ferente, buscando inspiração em temas como natureza e arquite­tura. O trabalhado deles vem se destacando e ganhando mais es­paço, até mesmo com chefs de cozinha – como exemplo a Manu Buffara, premiada chef que tem restaurante em Curitiba.

Os dois são de Curitiba e compraram um terreno em Cam­po Largo para passar os finais de semana. Decidiram construir uma churrasqueira para poderem apro­veitar mais e então resolveram também construir dois quartos junto. Logo virou o que eles cha­mam de churrascasa para eles morarem. O filho morava junto até que há quatro anos passou a ficar mais difícil para ele trabalhar e es­tudar pela distância e voltou a mo­rar em Curitiba.

Danielle era coordenado­ra de comunicação da Fundação do Grupo O Boticário e nunca ti­nha produzido nada com cerâmi­ca, até que foi a um Museu em Montevideo, no Uruguai, e se en­cantou com um vídeo que mostra­va uma artesã trabalhando. Logo pensou que queria aprender. Co­menta que sempre teve em mente que quando fizesse 40 anos que­ria fazer algo diferente, que não fosse tão estressante. Encontrou essa nova profissão com a cerâ­mica e mantém apenas alguns trabalhos de jornalista como free­lancer. Rodrigo, que era professor de natação, há dez anos se entre­gou ao amor pela fotografia.

Vagou o quarto do filho na casa e ali decidiram montar um ateliê. Danielle fez curso de cerâ­mica em 2012 e 2013 no Museu Alfredo Andersen e no ano se­guinte abriu o estúdio. “Iniciei com algumas esculturas e as pessoas começaram a gostar”, conta ela, que iniciou sozinha o trabalho es­túdio, mais focada em esculturas, e somente dois anos depois que o Rodrigo também passou a fazer parte.

Eles seguem linhas diferen­tes e se completam para resulta­dos ainda melhores. Ela sempre foi focada mais na arte como es­culturas, já ele passou a produzir peças utilitárias – como pratos, xí­caras. Com o conhecimento dos dois, passaram a se completar, produzindo artes utilitárias.

Para Danielle cada peça é uma peça, não gosta de fazer re­petição. Rodrigo já trabalha com moldes de gesso para produzir mais de uma peça. Tudo é feito à mão e sem cópias, tudo criação autoral. Além desta união, o tra­balho fotográfico de Rodrigo valo­riza ainda mais o que produzem.

 

Trabalho

Em pouco tempo já estão bastante engajados neste novo universo. Participaram de algu­mas exposições, inclusive no Museu Oscar Niemeyer, onde ti­veram oportunidade de conhecer outros ceramistas, cerca de cem, do Paraná. O evento foi organiza­do pela Cerâmica Contemporâ­nea Curitiba.

Já tiveram uma peça em ex­posição em Nova York, mas dizem que participam de poucos even­tos porque não conseguem aten­der grande demanda, devido ao trabalho manual e delicado, que respeita o tempo de secagem da argila e todos os processos cuida­dosos. “Aprendemos a respeitar o ciclo da natureza”, acrescenta. Rodrigo comenta que durante as produções acabam surgindo no­vas criações e experiências.

Desenvolvem um tema com o cliente, fazem pesquisa e só en­tão iniciam a produção. Danielle comenta que para peças para a Manu Buffara, por exemplo, fez de­senhos que eram releituras de se­mentes. Como são obras de arte, o que as pessoas veem como pra­tos, na verdade são chamados de peças para servir. “É uma arte em cima de uma arte, que valoriza a gastronomia”, ressalta.

Cada feira acabou sendo um grande aprendizado para eles, que estudam as melhores maté­rias-primas, as formas de apre­sentação, técnicas, cores e outros. Dão prioridade a comprar de em­presas de Campo Largo, como a Cermassa.

O público deles é aquele que valoriza o trabalho manual e úni­co. Algumas peças são vendidas na loja Oda, em Curitiba. O foco é trabalhar com projeto para desen­volver trabalhos autorais, desen­volver o universo cerâmico para pessoas ou empresas.

Atualmente Danielle é repre­sentada pela Galeria Aires, a qual fomenta a arte e presta um ser­viço de consultoria. O belo traba­lho realizado pelo Estúdio Boitatá é divulgado através da página do Facebook Estúdio Boitatá.

Declaram que a cerâmica é a principal plataforma, mas também dedicam tempo para a pintura, a fotografia artística, o desenho descompromissado e a marce­naria de ocasião. “Nosso traba­lho passeia pelo modernismo com uma pitada minimalista e forte in­fluência da natureza e da lingua­gem. Um caminho de múltiplas e novas escolhas.”