Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 04:41:10
Geral

Permitir-se não fazer nada é importante para o corpo e a mente

Com a correria do dia a dia, muitas pessoas se sentem culpadas se ficam por alguns momentos sem fazer nada, o que é essencial e saudável

Permitir-se não fazer nada é importante para o corpo e a mente

 

O hábito de estar sem­pre fazendo muitas coisas ao mesmo tem­po pode aumentar a ansiedade, o stress, o cansaço, além de sem­pre estar com sobrecarga de ta­refas. Um ritmo assim por muito tempo pode levar a sintomas fí­sicos e psicológicos, pois nem mente nem corpo suportam esse excesso de atividades e essa sen­sação constante de que está em dívida, ou precisando realizar al­guma coisa. Quem explica é a psi­cóloga Angelica Neris.

Segundo ela, muitas pesso­as consideram um desperdício de tempo, improdutividade e pregui­ça se ficam sem fazer nada e, ao invés de relaxarem, ficam se sen­tindo culpadas, como se fosse algo errado. Um dos fatores que poten­cializa isso é a tecnologia, que faz com que as pessoas fiquem sem­pre conectadas a tudo, bombarde­adas de informações a qualquer hora. Isso tem estimulado o cres­cimento no número de pessoas ansiosas e depressivas. “Afinal, um estilo de vida cheio de exces­sos não é sinônimo de qualidade de vida, mas é uma bomba relógio prestes a explodir”, enfatiza.

As pessoas já consideram normal estarem sempre na cor­reria, deixar de almoçar para tra­balhar, não tirar férias para não atrasar atividades na empresa, entre outras ações simples que começam a se tornar comuns e a pessoa não consegue perce­ber os riscos que causam para o corpo e cérebro. A percepção pode vir em sintomas ou doenças, como um pedido para desacelerar um pouco.

Para ela, a ditadura da corre­ria impede de viver e aproveitar os pequenos e simples aconteci­mentos do cotidiano. “Se você não está convencido que parar não é só benéfico para você, mas sim é necessário, talvez vale lembrar da metáfora do lenhador. Antes de cortar a árvore é preciso parar e afiar o machado. Aquele que para faz muito melhor do que aquele que segue freneticamente, pois o ato de parar traz uma nova pers­pectiva, novos ângulos, deixa-se de seguir o fluxo e consegue-se visualizar o que é importante e é possível dar-se conta que o óbvio, às vezes, não é tão óbvio assim.”

Como fazer

Ficar sem fazer nada não é tão simples para quem já tem uma rotina acelerada. Muitos nem sa­bem como fazer isso e acabam se entediando. Angelica orienta que primeiro é necessário conhecer a percepção pessoal que se faz do tempo, depois aprender a desa­celerar. “Para desacelerar come­ce quebrando o hábito de fazer várias coisas ao mesmo tempo e passe a fazer uma coisa de cada vez. Quando estiver na fila do bu­ffet, por exemplo, apenas este­ja na fila do buffet, não confira as mensagens no celular, nem res­ponda os e-mails, apenas vivencie e aprecie este momento. Desace­lere seus gestos, escolha uma ati­vidade do seu dia e a realize com calma, pode ser o banho, a ali­mentação, o caminho para o tra­balho. Sinta como seu corpo fica quando está desacelerado. Lem­bre-se de que parar é essencial e não sinônimo de improdutivida­de”, explica.

O dia precisa ser organizado pensando em um tempo para la­zer e descanso, com pausas du­rante o dia para permitir ter um tempo sozinho. Para isso, Ange­lica comenta que é preciso elen­car prioridades e identificar os “ladrões” do seu tempo. Afirma que desacelerar é desafiador e ao mesmo tempo fundamental.

Por quê?

Manter o ritmo sempre ace­lerado pode começar a causar enxaqueca, dores musculares, problemas estomacais, tensões no rosto, na nuca, cansaço fre­quente, distração, dificuldade para focar, alterações no sono, impaci­ência e agressividade. Se o corpo já apresenta esses sinais, é mo­mento de reavaliar o modelo de vida e se readequar.

A psicóloga comenta que não é preciso esperar o corpo dar si­nais para então perceber a im­portância de parar um pouco. “Atitudes simples no dia a dia fa­cilitarão para uma vida mais sau­dável e trará muitos benefícios a longo prazo, como ficar mais tran­quilo, ter tempo para descansar, relaxar, dormir, mais produtivida­de, mais espaço para experimen­tar e vivenciar outras experiências, facilidade para enxergar as coisas com mais clareza. Enfim, desace­lerar é fundamental para aquela tão sonhada qualidade de vida”.