Ficou para a história de Campo Largo. O Guinness Book 1995 – o livro dos recordes tem o registro da fogueira mais alta do Brasil, que foi erguida em Campo Largo em 1993. Com objetivo de arrecadar fundos para a Igreja de Jesus Misericordioso, atualmente pertencente à Paróquia Aparecida, a Festa Julina ganhou uma proporção e repercussão não esperada.

A ideia de construir a fogueira para atrair um público maior para a festa foi de José Carlos Wesolovsky, hoje com 57 anos. Ele era vice-presidente da Igreja e teve apoio do presidente na época, Marcos Spack, como também de toda comunidade que se envolveu em realizar um grande e histórico evento.

José Carlos conta que a Igreja estava inacabada, não tinha nem piso. Foi então que tiveram a iniciativa de realizar um grande evento para arrecadar fundos e continuar com as obras. Iniciaram a fogueira em abril de 2013 e conseguiam realizar os trabalhos apenas nos finais de semana e algumas noites durante a semana.

Nunca tinham feito algo assim, mas conseguiram montar um projeto bem estruturado e idealizaram uma estrutura cônica. No Guinness, o registro de que foram 30 dias de trabalho para montar a fogueira, a qual foi acesa no dia 10 de julho de 1993. A base tinha 16m2 e foi construída com oito eucaliptos, mais 50m3 de lenha, 800Kg de ferro, cinco sacos de cimento e 50Kg de fogos de artifício. José explica que era acesa com estopim e foram colocadas mangueiras com água em caso de algum acidente. Como segurança, também foram instalados cabos de aço e algumas catracas ao redor.

“Não tinha ideia que ia ficar deste tamanho. Nem pensamos em Guiness, depois que ficou pronta que tiveram essa ideia de entrar em contato”, conta José Carlos. Ele trabalhou por anos na Cocel até montar sua própria empresa de manutenção elétrica e instalação industrial, por isso tinha conhecimento e estrutura para ajudar na construção da fogueira. “E quando eu coloco alguma coisa na cabeça vou lá e faço. Na época achavam que eu era louco de querer montar uma fogueira desse tamanho, mas todo mundo ajudou e deu certo”, brinca.

A repercussão foi tão grande que atraiu milhares de pessoas de toda a região. As filas de carro para ir à festa chegaram a quilômetros de distância da Igreja – localizada na Alcebíades Guimarães, no Jardim São Vicente - e a maioria nem pode ficar na festa, porque não havia espaço suficiente, então passavam de carro pela frente apenas para ver.

A fogueira foi acesa no momento em que iniciou o show de fogos de artifício, que era uma cascata sobre a fogueira e impressionou todos que presenciaram o momento. Quando foi acesa a fogueira colocaram a música do Ayrton Senna. Muitos ficaram emocionados e choraram no evento.

Foi um dia marcante para Campo Largo e ficou registrado na vida de milhares de pessoas. Depois desta foram feitas mais 12 fogueiras, de pelo menos 20 metros de altura, mas nenhuma chegou aos 45m novamente. Com o tempo foram sentindo a falta de segurança nas festas da Igreja, pois na época vendia-se bebidas alcoólicas e algumas pessoas não iam com o intuito festivo, e por isso acabaram não realizando mais esse grande evento. Hoje o título de maior fogueira do Brasil está com a cidade de São João, no Paraná, com 62,2m de altura.

Letreiro luminoso

José Carlos gosta de inovar. Durante a entrevista à Folha, mostrou diversas fotos de trabalhos realizados e contou muitas histórias. Uma delas foi de outra ideia que ele teve e não resistiu, logo colocou em prática. Construiu com recurso próprio, com ajuda para produção e colocação de um funcionário, o Marcio Silva, no ano 2000, um letreiro luminoso em que cada letra tinha o tamanho de 5m de altura por 2,5m de largura. O letreiro foi construído com 178 lâmpadas fluorescentes de 40w para o Natal. A mensagem era “Paz Jesus Cristo 2000” e ficou aceso por alguns meses, instalada no bairro Santo André e chamando atenção na cidade.