Não é de hoje que nas ruas, especialmente dos bairros, pode-se encontrar um número considerável de animais – cães e gatos – abandonados por seus donos ou nunca adotados. Mas, de um tempo para cá,
Não é de hoje que nas ruas, especialmente dos bairros, pode-se encontrar um número considerável de animais – cães e gatos – abandonados por seus donos ou nunca adotados. Mas, de um tempo para cá, o número crescente vem despertando sinal de alerta sobre o que está sendo feito para conter esses números.
A Folha de Campo Largo já recebeu até mesmo relato de leitores que sofreram mordidas de cachorros de rua e precisaram de atendimento médico. Em algumas localidades da cidade é possível encontrar pessoas que se preocupam com o bem-estar dos animais e constroem para eles casinhas, disponibilizando ração e água.
Hoje destaca-se na cidade o trabalho de grupos maiores, como a Sociedade Protetora dos Animais e a SOS 4 Patas, mas algumas pessoas, ainda que sozinhas, trabalham voluntariamente pela causa animal na cidade.
A SOS 4 Patas não possui CNPJ ou atua como ONG, mas é um grupo destinado a socorrer animais de rua ou que sofreram maus tratos. Nos últimos dois meses foram resgatados mais de 30 filhotes das ruas. Por não ter um terreno próprio, os quatro voluntários acabam dividindo os animais, que ficam em suas casa, ou os deixam em hotéis para cachorros. “Uma das voluntárias tem 50 na casa dela, que são os cães mais idosos e doentes que ninguém quer adotar. Os outros estão em hoteizinhos de cães e alguns em lar temporário. Temos alguns cães que já estão no hotel há muito tempo e fica muito caro manter isso”, relata uma das voluntárias, Mariane Mazzon.
Por não receber nenhuma ajuda pública, a SOS 4 Patas precisa arrecadar dinheiro para fazer procedimentos mais complicados e realizá-los em clínicas e hospitais veterinários. “Para internamentos, medicamentos e procedimentos cirúrgicos nós precisamos arrecadar dinheiro para poder fazer. Temos uma parceria com a Sociedade Protetora dos Animais, que nos ajuda a realizar procedimentos mais simples, como castração e cuidados básicos. Em sua maioria, nós recolhemos filhotes e animais machucados, por isso os gastos são altos. Hoje, nossa maior necessidade é a ração para esses animais, uma vez que compartilhamos o que conseguimos arrecadar”, completa.
Aurora Guadagnin, responsável pela Sociedade Protetora dos Animais, conta que atualmente são 80 cães abrigados pela Sociedade, mas já chegaram a ter 150 animais. “Além disso, tenho mais 40 animais que estão albergados na minha chácara, os quais eu mantenho com meu próprio dinheiro. Hoje não temos o apoio de nenhum órgão público para doação de ração, vacinas, castração ou microchipagem. Toda a ajuda vem dos nossos voluntários.”
A Sociedade Protetora dos Animais recebe doações por meio da tarifa da conta de luz e do Nota Paraná, e no mês de fevereiro, com essa devolução do imposto, conseguiram realizar 51 castrações.
Para ela, algumas atitudes da própria população poderiam ser suficientes para amenizar o problema de abandono. “Algumas atitudes são consideradas os pilares da proteção animal, como posse responsável nas escolas, controle do número de animais através da castração, adoção responsável, identificação através de microchipagem e aplicação da lei de maus tratos quanto ao abandono”, elenca.
A Lei de Crimes Ambientais, nº 9605 de 12 de fevereiro de 1998, prevê que “Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: pena - detenção, de três meses a um ano, e multa”, os parágrafos seguintes ainda proferem as mesmas penas para quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo – mesmo para fins didáticos ou científicos – sempre quando há recurso alternativo e aumento de um sexto a um terço da pena em caso de morte do animal.
Embora hoje tenha uma lei que determine uma pena às pessoas que abandonam os animais, ambas as representantes dos grupos acreditam que precisaria de leis mais consistentes e rígidas para quem comete esse crime, pois, segundo elas, essa é uma questão que acaba atingindo toda a comunidade.
Outra opinião compartilhada pelas duas representantes é quanto à necessidade de políticas públicas que visem realizar castração gratuita aos animais de rua, permitindo diminuir a população de animais abandonados. “Em Curitiba existe o Castramóvel, que realiza muita castração gratuita, destinada para cães de rua e para animais de estimação pertencentes a famílias mais carentes. Isso contribui muito para o controle de animais e seria uma saída bastante viável para a cidade”, diz Mariane.
Solução pública
Enquanto a ajuda não chega, os grupos se unem para conseguir um terreno próprio, destinado para o abrigo dos animais. As vereadoras Cléa de Oliveira e Bete Damaceno trabalham para conseguir conquistar um espaço destinado a esses animais, mas ainda não conseguiram fazer sair do papel.
Procurada, a Prefeitura respondeu que a Secretaria de Saúde iria se reunir na manhã da última sexta-feira (15) com a equipe responsável pela temática e discutir o assunto. Somente após esse procedimento, poderão dar uma resposta concreta sobre esse problema. A Folha entrou em contato novamente com a Prefeitura, mas eles ainda não tinham uma resposta.