A GM registra todos os dias pelo menos três chamados – em média – pedindo para que se dirija às residências, comércios e construções para “espantar” essas pessoas. Entretanto, na
O grande número de pessoas em situação de rua tem cada vez mais despertado a sensação de insegurança dos campo-larguenses. A Guarda Municipal registra todos os dias pelo menos três chamados – em média – pedindo para que se dirija às residências, comércios e construções para “espantar” essas pessoas. Entretanto, nada pode ser feito por parte da segurança pública sem o registro de algum tipo de intimidação, furtos, roubos, invasões ou outras suspeitas de crimes.
“Nós não podemos retirar o direito deles de ir e vir. Muitas vezes eles estão apenas sentados em frente às residências ou comércios, mas isso acaba deixando os moradores de alguma forma preocupados. Atendemos com prioridade casos de pessoas em situação de rua que acabam mexendo com mulheres e meninas na rua, que ficam intimando quem passa a dar dinheiro para eles e também quando reconhecemos alguém, seja por denúncias de roubos e furtos ou até mesmo tráfico de drogas. Acredito que o maior medo é que pessoas foragidas estejam infiltradas no meio destas”, diz o comandante da GM, Cordeiro.
O secretário responsável pela pasta de Ação Social, Tiago Maister, diz que essas pessoas também devem ser abordadas pela Polícia Militar ou Guarda Municipal, assim como qualquer outro cidadão. “Elas também podem ser revistadas, principalmente quando há suspeitas. Elas devem ser tratadas como cidadãos comuns, mas ainda é difícil a sociedade conseguir enxergá-las dessa forma. Não se pode negar que são pessoas que precisam de um atendimento e serem encaminhadas, inseridas novamente no mercado de trabalho e também socialmente falando.”
Além disso, o problema social pode aumentar nos próximos meses. “Com a grande crise no país vizinho, no caso a Venezuela, o número de pessoas em situação de rua tende a aumentar. O maior problema aqui não são somente essas pessoas nessa situação, mas sim famílias inteiras, que muitas vezes expõem seus filhos a essas condições. Nós já tivemos casos de famílias que viviam na rua em Campo Largo. A Justiça não pode tirar os filhos dos pais, pois a condição financeira não é impedimento para o exercício da maternidade ou paternidade, mas precisamos ajudá-los a reverter essa situação”, explica.
Segundo o secretário, os venezuelanos tenderão a vir para o Sudeste e Sul do país, por serem áreas mais desenvolvidas e com maiores chances de conseguir emprego.
Outro ponto abordado por Tiago é o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), que presta serviço a essa população em situação de rua e existe em várias cidades do país. “O Centro Pop teve início em 2014 e é mantido pelo Governo Federal, toda a sua verba provém dele. Lá, além de tomar banho, poder guardar seus pertences com segurança, e servir refeições como café da manhã, tarde e também o almoço, é ofertado encaminhamento para serviços de saúde e também cursos para que ele consiga ingressar no mercado de trabalho. O que muitos não sabem é que pessoas que participam dos cursos e oficinas promovidos no Centro Pop têm preferência na aquisição de marmitas, por exemplo”, ressalta.
Licitação
das marmitas
Em março deste ano, foi aberta uma licitação para a compra de 3.500 marmitas destinadas ao Centro Pop. A empresa que fechou o contrato com a Prefeitura irá realizar o serviço por R$ 20.300 para os meses subsequentes de 2018, tudo com recurso do Governo Federal e Estadual. “É importante compreender que não estamos tirando de nenhum outro programa para suprir a necessidade dessas pessoas. Essas marmitas serão distribuídas ao longo do ano todo, e sairá, a unidade por R$ 5,80, um valor bem inferior ao que tínhamos orçado, que era de R$ 9 a unidade”, explica.
No ano passado, para o Centro Pop, foi enviada uma verba de R$ 117 mil e para a abordagem social mais R$ 35 mil. O dinheiro público quando enviado para uma causa específica não pode ser remanejado para outro local, conforme explica Tiago.
Sujeira
Um motivo de reclamação constante por parte dos campo-larguenses é a sujeira deixada pelas pessoas em situação de rua. Um ponto que tem chamado a atenção é embaixo do viaduto da Rua Ema Tanner de Andrade, em direção à Bateias.
Ao que tudo indica, um grupo de pessoas está fazendo trabalho com reciclagem e acabaram espalhando uma grande quantidade de lixo em um campo próximo à BR-277. “Já recebemos algumas denúncias desse grupo e iremos trabalhar junto a outras secretarias para que eles recebam instrução sobre como fazer a reciclagem de modo adequado. Assim como eles têm direitos, também é preciso mostrar que têm deveres, inclusive a preservação do espaço e da natureza”, diz.