Uma chance em 100 mil. Essa é a estatística para quem espera por um transplante de medula óssea, em todo mundo. Apesar do Brasil ter um dos bancos mais ricos do mundo em dados genéticos, essa chance ainda pode estar aguardando apenas uma matéria como essa para decidir se cadastrar como doador, enquanto Michel Renato de Lima, de 16 anos, aguarda ansiosamente.
Michel foi diagnosticado em julho de 2017 com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e realiza todo o tratamento e procedimentos necessários no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Em janeiro deste ano, a equipe médica informou a ele e aos familiares que seria necessária a realização de um transplante de medula óssea. Como não encontrou doadores compatíveis em sua família, seus pais, avós, tios e amigos mobilizaram uma campanha.
“Tivemos consulta com as médicas do TMO (transplante de medula óssea) e elas querem fazer o transplante até o final de março, mas até agora não encontraram o doador. Nossas buscas são diárias e a cada dia cresce o número de cadastros. O problema é o tempo: o cadastro demora em torno de vinte dias para cair no sistema do Redome. Então, o quanto antes as pessoas puderem ir, é melhor. Estamos confiantes e, se Deus permitir, dará tudo certo”, conta Michele Ketz, mãe do menino.
Esse é o terceiro protocolo que Michel é submetido. Segundo a mãe, a maioria das quimioterapias acontecem no ambulatório de Hematologia do Hospital Pequeno Príncipe, mas algumas vezes ele precisa ficar internado para receber as medicações. Essas internações também são necessárias caso ele apresente alguma reação do medicamento, dores ou febre, algo que não acontece desde dezembro de 2017. A família também precisa se dirigir ao Hospital para realizar quimioterapias – dependendo do momento em que está o tratamento – até quatro ou cinco dias na semana para a administração dos medicamentos.
A vida do menino também apresentou mudanças bastante significativas desde que a doença foi descoberta. “ Ele precisou parar de ir à escola. As aulas se tornaram domiciliares. Ele concluiu o 2º ano do Ensino Médio no Colégio Sagrada Família e, neste ano, ele faz o terceiro ano. Se Deus quiser, vai fazer o vestibular no final do ano. Ele ainda ele tem dúvidas referentes à profissão, mas até agora prefere engenharia”, ressalta a mãe.
A mãe contou que antes de começar o tratamento, Michel tinha cabelos compridos. Quando ficou sabendo que passaria pelo tratamento, decidiu cortá-los e doar ao Cabelegria para fazerem uma peruca para alguma menina com câncer também.
Cadastrar e esperar
Para que o milagre da vida continue, Michel precisa que o maior número de pessoas se cadastrem como doadoras. O cadastro é bem simples, rápido e não dói. Podem ser doadoras pessoas com idades entre 18 e 55 anos e é imprescindível que o voluntário procure um hemocentro e peça para fazer o cadastro. Será coletada uma amostra de sangue, entre 5 e 10 ml, para que possa ser feito o cadastro dos dados genéticos.
O resultado é incluído no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). As informações são cruzadas com os cadastros dos pacientes que estão na fila para verificação da compatibilidade. Caso seja compatível, o doador é chamado para decidir sobre a doação, se fará ou não. Caso aceite, passará por exames e pela coleta – feita com anestesia geral e alta entre um e dois dias após a doação. Todos os dados dos pacientes, voluntários, e o processo da doação são sigilosos e não é possível realizar exame para um doador em específico, a menos que seja da família.
Para se cadastrar como doador de medula óssea basta comparecer ao Hemobanco, localizado na Rua Capitão Souza Franco, 290, no Bigorrilho - Curitiba. O atendimento no Hemobanco para cadastro é das 8h às 13h30, de segunda-feira à sexta-feira. O voluntário pode procurar também o Hemepar, na Travessa João Prosdócimo, 145, no Alto da XV - Curitiba.