No último dia 19, todos se despediram do Expedicionário Alberto Augusto com muito pesar. Conheça ou relembre a trajetória deste combatente campo-larguense
Na madrugada do dia (19) faleceu um dos representantes de Campo Largo e herói da Segunda Guerra Mundial, o Expedicionário Alberto Augusto. Ele estava com 96 anos e iria completar 97 na última quarta-feira (21). Apesar da idade já avançada, o expedicionário estava bastante lúcido e gostava de compartilhar histórias que viveu, quando foi combatente na Europa.
Nascido em 1921, era o mais velho de seis irmãos. Foi casado por 62 anos com Olímpia Augusto, que faleceu há oito anos, com quem adotou duas crianças.
Conforme conta a irmã, Zita Yolanda Augusto Netzel, sempre trabalhou muito, desde bem novo. Ainda dos 14 anos, ele começou a trabalhar em uma fábrica de louça, em 1935, como funcionário. Por um ano trabalhou na Cerâmica Brasília e voltou ao seu antigo trabalho logo após. Em 1940, fundou a Fábrica São João, que se destacava pela fabricação de telhas, tijolos e louças “pretas”, com produção a partir da terracota.
Foi no ano de 1942 que Alberto Augusto se tornou pracinha da Força Expedicionária Brasileira. “Em 1944 foi convocado para lutar na Guerra. Apesar de eu ainda ser pequena, lembro bastante da ocasião. Nós não tínhamos rádio em casa, televisão era algo muito distante da realidade ainda, então íamos nos vizinhos para ouvir os informativos sobre o combate dos brasileiros. Ele fazia parte da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e foi combatente na Batalha do Monte Castello, na Itália, contra o Exército Alemão.”
O Expedicionário voltou ao Brasil em 1946, quando foi homenageado nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, soldados aclamados como heróis. Quando retornou a Campo Largo, começou a trabalhar no setor de produção da Cerâmica Aurora. No mesmo período, Alberto começou a construir sua própria olaria, que recebeu o nome mais tarde de Cerâmica Rio Branco. O investimento foi feito junto com outros três sócios, que apoiavam a construção enquanto Alberto dirigia a fábrica, inaugurada e concluída oficialmente em 1955.
Os investimentos começaram a dar retorno ao Alberto Augusto a medida que a louça era fabricada e vendida, quando deu a oportunidade para que ele adquirisse a fábrica de seus sócios. O proprietário comentou em algumas entrevistas que as fases mais difíceis enfrentadas foram no início e durante uma severa crise, ocasionada pela entrada de produtos chineses no mercado brasileiro e o crescimento da produção das louças em vidro.
A grande maioria dos funcionários que trabalharam na fábrica pertencente ao Alberto Augusto destacavam sua integralidade e honestidade ao dirigir a empresa. A irmã, Zita, destacou que ele inclusive ajudou algumas pessoas a adquirirem o próprio imóvel ou terreno para construção da sua casa.
O Expedicionário era reservado e tímido, não gostava muito de festas. Gostava de estar sempre bem informado, principalmente no que dizia a respeito de política brasileira e futebol.
Em sua fase mais debilitada, contou com os cuidados da irmã, Zita, da filha Regina e da neta Roberta, além de mais três cuidadoras. “Ele foi muito amado pela família. Sempre cuidamos muito bem dele, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. Ele não gostava de ficar deitado, então colocávamos ele sentado na sala e ficávamos lá, conversando. Ele era bastante lúcido e se lembrava de toda a sua história”, relembra a irmã.
Em seu velório e enterro usou os trajes de gala, um uniforme pelo qual sempre se orgulhou e teve seu caixão conduzido por praças da FEB. “Eles discursaram durante o velório, falaram palavras muito bonitas sobre o meu irmão. Foi tudo muito triste, mas ao mesmo tempo bonito pela sua trajetória de vida. Ele era e sempre será um exemplo para todos. Isso não podemos nunca esquecer”, finaliza.