A cor branca, que em geral representa a paz e a harmonia, quer lembrar a população também em manter em dia a sua saúde mental. Janeiro foi escolhido pois é o mês de definição de metas para o ano
Todos os meses do ano possuem uma cor, com o mês de janeiro isso não é diferente. A cor branca, que em geral representa a paz e a harmonia, quer lembrar a população também em manter em dia a sua saúde mental. Janeiro foi escolhido pois é o mês de definição de metas para o ano que está apenas começando.
A psicóloga Éllen Martins, incentivadora do movimento iniciado em Minas Gerais, mas que recebe o apoio de vários psicólogos brasileiros, explica que em um mundo onde cada vez mais as pessoas são cobradas para atingirem a perfeição, o Janeiro Branco quer incluir a empatia e difundir a importância do diálogo na sociedade. “Nossa intenção é promover a conversa entre as pessoas, promovendo a necessidade de ajudar um ao outro, mesmo com problemas diários. Hoje é muito comum perceber que as pessoas estão passando por dificuldades ou estão tristes, mas algumas barreiras impedem ainda o diálogo aberto.”
Éllen segue dizendo que antigamente não havia tecnologias e se comunicar com outras pessoas levava certo tempo, especialmente na época das cartas. “Hoje é tudo imediato. Você envia uma mensagem e quer receber a resposta na hora, fica até bravo se alguém não responde imediatamente. Antigamente, quando as linhas telefônicas eram artigos de luxo, não tinha celular e as cartas e cartões postais predominavam, as pessoas eram mais pacientes. Tudo contribui para a nossa forma de ser, nossa personalidade”, completa.
Outro fato levantado por ela, ainda em comparação entre algumas décadas era a união das famílias, vizinhança e amigos. “Havia mais união, as pessoas conseguiam se abrir umas com as outras, falar sobre problemas abertamente. Hoje ainda há muito preconceito sobre essa abertura, pessoas se tornaram cada vez mais fechadas”, diz.
Para ela, é preciso que as pessoas saibam reconhecer e administrar seus sentimentos, pois eles podem apontar coisas e atitudes erradas. Éllen comenta que algumas pessoas acreditam que problemas e doenças que mexem com o psíquico de uma pessoa não podem ser tratados como frescura, pois a maioria da população ainda acredita somente em doenças que conseguem ver. Entretanto, vale ressaltar que esse tipo de conflito interno também pode trazer alterações físicas e de comportamento, que merecem ser observadas e tratadas, antes que sejam levadas a tomarem atitudes extremas.
Algumas pessoas, por medo ou vergonha de exprimirem seus sentimentos acabam fazendo cortes ou se apoiando em bebidas alcoólicas, drogas, jogos, entre outras atitudes viciantes, o que vem a prejudicar ainda mais.
Nas redes da Idealização
Como já diz o nome, os influenciadores digitais têm o poder de induzir pessoas a desejarem aquilo que eles possuem. Em geral, pessoas com esse poder mostram nas redes sociais vidas praticamente perfeitas, com corpos esculpidos, cabelos bem tratados, aparelhos tecnológicos de última geração, viagens, roupas de marca e tantas outras coisas.
Porém é importante salientar que algumas pessoas podem se sentir frustradas ao se depararem com essa realidade virtual. “Pessoas não sorriem o tempo todo, todos têm problemas. Não podemos idealizar que essas pessoas vivem vidas perfeitas, sem ter o que se preocupar. Você pode se espelhar em alguém, mas não pode deixar com que isso tome conta da sua vida. Isso pode aumentar a ansiedade e levar a depressão por não aceitar a realidade que vive. Lembre-se sempre que aquilo representado na internet nem sempre é real”, orienta.
Sem preconceitos
“Você não precisa se sentir mal para buscar apoio psicológico. É preciso derrubar o preconceito que fazer terapia é ‘frescura’ ou algo destinado somente para pessoas consideradas ‘loucas’. Algumas pessoas sentem maior necessidade que as outras em buscar ajuda profissional e isso não é vergonha. Avalie a necessidade e busque por um psicólogo ou um médico de confiança”, finaliza.
Caminhada pela Saúde Mental
Em comemoração ao mês Janeiro Branco, será realizada uma caminhada pela Saúde Mental neste domingo (28), no Parque Barigui, a partir das 10h. Os participantes deverão vestir branco.
Na ocasião serão distribuídos materiais sobre o assunto, além da presença de psicólogos para tirarem dúvidas.