Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 07:39:03
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Acessibilidade é um desafio para os campo-larguenses

Cidadãos que possuem alguma deficiência física encontram dificuldades na mobilidade urbana. Relatam problemas nos ônibus, calçadas e rampas

Acessibilidade é um desafio para os campo-larguenses

Essa semana, alguns leitores entraram em contato para tocar na questão de acessibilidade. A Folha conversou com um cadeirante e uma pessoa que anda com andador e eles expuseram as situações mais complicadas da modalidade urbana ligadas à acessibilidade.

A primeira questão tocada por eles é quanto aos ônibus. Segundo a mãe de um cadeirante, ela enfrenta desafios diários para vir ao Centro ou voltar para o bairro. Usuários da linha 109 – Rivabem, contam que na maioria das vezes o elevador está quebrado, o que impossibilita o acesso da cadeira. “Às vezes precisamos esperar até dois ônibus passarem para conseguir entrar. Os motoristas não podem erguer a cadeira para entrar, entendemos essa situação. Colocam em risco os passageiros e a eles mesmos se tentarem erguer.”

Sobre o conserto dos elevadores, a Transpiedade enviou o seguinte esclarecimento: “Comunicamos que 100% da frota da Transpiedade possui acessibilidade. Todos os veículos saem da garagem desta empresa em condições perfeitas de funcionamento, levando-se em consideração o fato de que o funcionamento geral do veículo, bem como do sistema de elevador, é testado antes do mesmo entrar em operação. Após o veículo ser testado e não apresentar problemas, entra em operação normalmente. Como o equipamento tem princípio de funcionamento mecânico associado a componentes eletrônicos, o mesmo está sujeito a apresentar problemas em algum momento, seja durante a execução das manutenções preventivas que são realizadas nesta empresa de forma programada ou mesmo durante o período de operação. Mesmo assim, a Transpiedade está buscando soluções para estas ocorrências pontuais.”.

A mãe da criança também disse enfrentar problemas quanto à educação dos demais passageiros. “Sempre quando estamos subindo no ônibus, é impossível não ouvir comentários como ‘cadeirante vai subir e atrasar todo mundo’, ou as caras que fazem quando precisamos acessar a parte destinada para as pessoas com deficiência”, ressalta.

No Estatuto da Pessoa com Deficiência estão todas as leis que regem os parâmetros da inclusão social delas, entre elas está previsto o crime de preconceito contra a pessoa com deficiência, que pode levar a três anos de reclusão.

Desafio das rampas e calçadas

Outro ponto abordado pelos entrevistados são as rampas. Primeiro porque estão presentes, em sua maioria, somente nos bairros. Segundo porque não há ligação diretas entre as rampas, o que impede o acesso dos cadeirantes entre as quadras. As vagas de estacionamento destinadas à pessoa com deficiência apresentam, muitas vezes, o meio-fio alto, o que dificulta o acesso à calçada.

A Secretaria de Viação e Obras declarou que já estão sendo analisadas as necessidades junto à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e os planejamentos para 2018 envolverão a acessibilidade contínua. Disse ainda que, por possuir uma equipe pequena para desenvolvimento do trabalho, então foi necessário distribuir os colaboradores em equipes, como para cuidar das pontes, das ruas, calçadas entre outros. Portanto, ainda não teve tempo para executar um projeto em específico.

A Secretaria de Ordem Pública, órgão responsável pelo Deptran, levantou a necessidade de rever os estacionamentos preferenciais e disse que para o próximo ano eles serão readequados e reorganizados, afim de facilitar o acesso dessas pessoas.

As calçadas também são um desafio frequente enfrentado pelas pessoas com deficiência. Seja pela presença de postes, placas, lixeiras e irregularidades nas calçadas que dificultam acesso de cadeiras, pessoas com deficiência visual e que precisam do andador. “As calçadas são bastante irregulares e às vezes, pela presença dos postes, tapumes de obras e lixeiras, precisamos passar para a rua ou atravessá-la. É algo bastante complicado”, relata a leitora.

Quanto a isso, a Secretaria de Viação e Obras disse que está esperando a definição do que é responsabilidade da Prefeitura e dos moradores por parte do Ministério Público. Explica que foi feito um padrão de calçada pelo Paraná Urbano, já implantado na Rua Caetano Munhoz da Rocha, com asfalto queimado e colocação de paver nas saídas das garagens. Existe para o próximo ano a possibilidade de colocação de lajotas especiais com relevo, que facilita o trânsito de pessoas com deficiência visual.

Já a Secretaria de Ordem Pública pede para que os campo-larguenses tenham mais consciência em deixar obstáculos nas calçadas, ao exemplo de material de construção ou lixeiras-baú. Pessoas que têm a intenção de colocar lixeiras, devem procurar opções arredondadas ou modelos que recolhem ao terreno, sem pontas que possam ferir pessoas que usam cadeira de roda ou até mesmo crianças. Para comércio ou condomínio, quando necessitar lixeira-baú, essa deve estar em um recuo, que não dificulte o trânsito de pedestres. As calçadas devem ter pelo menos 90 centímetros de largura.