Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 10:43:22
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História de vida, amor e dedicação às crianças

A história de Maria Lourdes da Silva, que chegou a Campo Largo há 47 anos, é bastante impressionante. Ela é mãe biológica de Haroldo, Sérgio, Alcides, Daniel, Elizeu, Cláudio, Joel, Ione, Ivone

História de vida, amor e dedicação às crianças

Amar ao próximo. Esse é um dos mandamentos deixados por Deus aos cristãos. Para Maria Lourdes da Silva, de 84 anos, parece que amar ao próximo é ainda mais fácil quando se trata de uma criança. Ela, que teve sete filhos biológicos, não deixou de dar amor de mãe, carinho e resgatar seus filhos do coração, mesmo na simplicidade. São tantos, mas cada um com um espaço especial dentro do seu coração.

A história dessa catarinense, que chegou a Campo Largo há 47 anos, é bastante impressionante. Ela é mãe biológica de Haroldo, Sérgio, Alcides, Daniel, Elizeu, Cláudio, Joel, Ione, Ivone e João Maria. Mas não somente, pois também é mãe do coração de Ana, Pedro, Neuza, Nivaldo, Francisco, Mirto e Jane. Ajudou a criar mais de 40 netos, 10 bisnetos e três tataranetos. Sem incluir as várias crianças da vizinhança que frequentavam sua casa.
“Nunca dei mais amor para um do que para o outro. Eu sempre amei todos da mesma forma, assim como meu marido, Joaquim Francisco Silva, que já faleceu há 20 anos. Sempre fizemos tudo por eles, proporcionamos o melhor, dentro da medida do possível. Deus nos guiou por toda a nossa vida.”

Dona Lourdes Crente, como é conhecida no bairro do Itaqui, ou Vó, para a família, possui duas histórias emblemáticas com as crianças. Ela conta que uma vez estava na fila do Hospital Santa Casa, em Curitiba, com duas filhas. Na sua frente havia um casal, com uma menina, ainda bebê, e uma mulher muito debilitada em decorrência de um câncer.

“Me ofereci para cuidar da menina até que a mãe se recuperasse. Passei meu endereço em Campo Largo para que eles viessem buscar quando ela se sentisse melhor. A mãe me entregou a menina. Vim embora e levei a menina no pediatra que tinha no Centro, ele falou que ela estava com uma infecção gravíssima no ouvido e desnutrida. Ele me disse que logo ela iria morrer, mas eu teimei com ele. Tratei ela à base de remédios naturais e ela ficou curada”, relembra.

A mãe da menina ficou 15 dias internada e apareceu em sua casa. Como eles tinham vindo do norte do Paraná, dona Lourdes convidou para que eles ficassem em sua casa durante o tratamento. Ficaram por mais 15 dias, depois a mulher precisou ser novamente internada e um mês depois faleceu.

“O pai das crianças praguejava. Dizia que poderiam ter morrido todos, pois ele já estava cansado. Me ofereci para ficar com as seis crianças dele, ele deixou todos comigo e foi embora para o Mato Grosso. Quando voltou, levou os meninos para o orfanato, mas eles voltaram para mim. Hoje tenho muito orgulho dos meus filhos, de todos eles”, diz.

Outra história impressionante de dona Lourdes é que uma vez ela foi visitar um bebê que tinha nascido no bairro, mas a mãe rejeitava a menina. “Cheguei lá, ela tinha recolhido as roupas do varal e jogado dentro do berço da criança. A menina estava sufocada embaixo das roupas. Eu fiquei horrorizada com aquela situação e me ofereci para criar ela. Sete meses depois a mãe entregou ela para mim, desnutrida. Cuidei e cuido dela. É uma bênção na minha vida”, relembra.

Hoje, os filhos já estão crescidos, mas estão sempre na casa da mãe. “Eles me ajudam, me dão muito carinho. Sou uma pessoa muito abençoada. Minha casa é sempre uma alegria. Tenho alguns filhos que moram longe, até um que está na Marinha, mas estão sempre presentes. Perdi também dois filhos”, conta.

O fato é que dona Lourdes possui um brilho nos olhos muito característico do verdadeiro amor pelas crianças. Ela conta com carinho a história de como ela e o marido construíram uma família tão grande e tão bela: “Sempre colocamos Deus em primeiro lugar, nunca nos faltou nada. O jeito que tudo aconteceu é milagre e devo tudo a Ele”.

A última frase proferida por dona Lourdes foi a mais emblemática de toda a entrevista, e vale a reflexão sobre o que a comunidade está disposta a fazer por crianças que passam por dificuldades em Campo Largo. “Eu tenho 84 anos, mas se eu souber que uma criança está passando por dificuldade ou é rejeitada pelos seus pais, eu vou me oferecer para criar ela. Vou dar amor, educação, carinho na mesma medida que dei para meus outros filhos também”, finaliza.