Na última semana, o mundo parou para acompanhar a passagem do furacão Irma pelas Ilhas do Caribe e algumas cidades norte-americanas. Campo-larguenses contam suas experiências nos EUA
Na última semana, o mundo parou para acompanhar a passagem do furacão Irma pelas Ilhas do Caribe e algumas cidades norte-americanas. No Caribe, os ventos do furacão que chegaram a 295 km/h por 33 horas, deixaram 25 pessoas mortas. Nos Estados Unidos, os ventos chegaram com a força de 215 km/h na Flórida, arrancando árvores, derrubando postes e casas. Quando passou em Miami, a 160 km/h, provocou alagamentos, derrubou árvores, sinalizações de trânsito e prejudicou casas.
A Folha de Campo Largo conversou com alguns campo-larguenses que estão passando suas férias nas cidades atingidas, e eles contaram suas experiências com algo, até então, inédito em suas vidas.
Lucimara Cecon Pasetti, Orlando
Um grupo de 16 campo-larguenses, em sua maioria estudantes do Colégio Cenecista Presidente Kennedy, estão visitando Orlando. Entre eles está a coordenadora Lucimara Cecon Pasetti, que contou que, desde quando ficaram sabendo sobre a passagem do furacão, receberam instruções sobre estocagem de água, comida e evacuação, em caso de necessidade. “Fomos comunicados antecipadamente que ficaríamos sem luz. Foram 24 horas sem energia elétrica após a passagem do furacão. Momentos muito tensos, mas em momento algum se percebeu qualquer pânico por conta dos funcionários do hotel em que estamos hospedados.”
O grupo recebeu um mapa do hotel, com pontos de concentração dos hóspedes, caso soasse o alarme de evacuação. Lucimara disse que percebeu um governo bastante preocupado em zelar pela segurança dos moradores e turistas.
“No início da noite tivemos muita chuva com muito vento e às 3h20 aproximadamente sentimos a passagem com muito vento, sem chuva. Quando aqui em Orlando teve a passagem já havia caído para intensidade 02, mas mesmo assim ocasionou um estrago com árvores derrubadas. Na terça-feira já retomamos às nossas atividades e a impressão que se tem é que não houve absolutamente nada. Cidade completamente limpa e organizada”, relembra.
Karine Age, em Orlando
Karine Age estava em Orlando com a família quando a notícia do furacão Irma deixava o mundo todo apreensivo com o que podia acontecer. A região afetada recebe turistas de muitos países e é frequente brasileiros em cidades como Orlando e Miami.
Ela relata que o sentimento era de muito medo e que para eles “o mais assustador foi ficar no escuro sem ter notícias do que estava ou iria acontecer. Era para ter sido de escala 3 em Tampa, cidade 135km de Orlando, porém ele passou por Orlando com escala 2 e em Tampa com escala 1. Muita gente de Miami e até de Tampa vieram se refugiar em Orlando, outros até saíram do Estado. As filas nos mercados estavam intermináveis, faltou água mineral, enlatados e outras comidas não perecíveis”.
A família aproveitou para comprar algumas coisas no mercado, mas o hotel também garantiu que iria providenciar comida para as principais refeições. Foi dado um Toque de Recolher para ser cumprido desde sábado às 19h até domingo ao meio-dia. “Fomos orientados a ficar no quarto e com as cortinas fechadas”, detalha. O furacão atingiu a cidade às 2h da manhã de domingo com pouca chuva, mas muito vento e permaneceu assim até as 8 horas.
Os filhos de Karine e do marido João ficaram assustados com tudo que estava sendo falado, mas não tinham muita ideia do que realmente poderia acontecer. “Graças a Deus dormiram a noite toda”, conta. Quanto aos estragos, Karine comenta que apenas caíram algumas árvores e placas, mas que a vida lá voltou ao normal na terça-feira (12). “Os jornais falavam disso o dia inteiro e eram um pouco sensacionalistas, então procurávamos não assistir muito. Tudo que tínhamos a fazer era rezar e esperar”, relata.
Leila Netzel, em Kissimmee
Outra família que viu os rastros do furacão Irma foi a de Leila Netzel. Ela, junto com o marido e os quatro filhos, chegaram nos Estados Unidos no dia 04, e só lá ficaram sabendo dos rumores de um furacão que atingiria o país. Eles estão na cidade de Kissimmee, na Flórida. “A nossa cidade não era para ser atingida, mas acabou sendo o olho do furacão, que já estava na categoria 2 e derrubou algumas árvores grandes e ocasionou alagamentos em vários pontos da cidade.”
A recomendação das autoridades americanas para a família foi estocar água e comida, manter toda a casa fechada, ficar longe de portas e janelas - por conta de algum estilhaço que pudesse atingir os vidros - não sair de casa em hipótese alguma, ficar em um cômodo seguro com uma lanterna. “Os americanos são extremamente organizados. O governo deu uma atenção muito grande à população e muita informação. Foram vários dias de informações constantes, eles se preparam para o pior, sempre esperando que o melhor aconteça”, conta.
Leila conta que no domingo houve apenas uma chuva fraca com rajadas de vento e o furacão atingiu a cidade às 00h e até às 02h foi intenso. Na segunda-feira não havia nada aberto, e tudo voltou a funcionar na terça-feira (12). “Foi algo que jamais em nossas vidas imaginamos passar, uma experiência nova, mas que não queremos viver novamente. A tensão é muito grande, principalmente por se tratar de um fenômeno da natureza e por eles serem muito imprevisíveis”, finaliza Leila.