“Não despreze os pequenos começos.” De todas as frases proferidas durante a entrevista com o presidente da ONG Amor Viral, Elias Oliveira Azeredo, essa foi a mais marcante no contexto do voluntariado. No último dia 28 de agosto foi comemorado o Dia do Voluntariado, e os pequenos começos podem dar início a grandes correntes de ajuda, pois “o que é pouco em uma mão é suficiente ou muito na mão de quem precisa”.

A ONG Amor Viral é conhecida em toda a cidade e até fora dela pelo trabalho realizado há pouco mais de três anos. Nesse período, centenas de voluntários já passaram pela instituição, dedicando um pouco do seu tempo e levando consigo uma grande carga de belas histórias e aprendizagem.

O recorde em número de voluntários participantes de uma ação foi de 120 pessoas envolvidas em um domingo que levou alegria para a comunidade do São Silvestre. “Às 5h30 estávamos todos no ponto de partida combinado. Saímos cedo, pois para chegar ao local levaria aproximadamente três horas. Dividimos todos os voluntários em alguns carros e fomos. Foi memorável”, recorda Elias. Essa é apenas uma das histórias que compõe a trajetória da ONG Amor Viral.

Atualmente são 45 voluntários fixos, que se reúnem todas as sextas-feiras para discutir sobre as próximas ações. Em média são feitas de duas a três ações sociais por mês. Também há voluntários que realizam as doações diretamente da conta de luz e aqueles que se disponibilizam para participar de uma ação social específica, como datas especiais e visitas nos hospitais, por exemplo.

“Acredito que deu certo porque sempre somos os primeiros a fazer as doações. Quando idealizamos uma campanha, nós, voluntários, somos os primeiros a doar, passamos para nossos amigos, vamos atrás de pessoas que possam contribuir com suas empresas, por exemplo”, diz.

Outro ponto interessante é que apesar do slogan da ONG ser “O amor de Jesus é contagiante”, a Amor Viral não pertence a nenhuma igreja específica ou prega qualquer tipo de doutrina. Os voluntários são cristãos e têm como base o amor ao próximo.

Como surgiu a Amor Viral?

“Vimos a necessidade de fazer alguma coisa pelos campo-larguenses durante um recadastramento de pessoas de baixa renda que participavam de um programa social. Conhecemos uma pobreza que não tinha visto nem no interior da Bahia. Costumo dizer que Campo Largo é uma cidade que consegue esconder a pobreza. Para encontrá-la, é necessário conhecer a fundo os bairros”, diz.

Uma das lembranças mais presentes e tristes que Elias contou na entrevista foi que, ainda em 2014, em pleno mês de julho, com frio intenso, ele foi até uma casa onde crianças estavam descalças e com roupas insuficientes para enfrentar as baixas temperaturas. A casa era de chão batido, não tinha banheiro e no meio da casa, a cozinha ficava em um “degrau” formado por um barranco.

“Como em todas as decisões da minha vida, orei e pedi para Deus um encaminhamento, pois sentia a necessidade de fazer algo pelo próximo. Ele me instruiu a começar os trabalhos sociais, contei para alguns amigos próximos, eles contaram para seus conhecidos e formamos essa corrente”, conta Elias.

Apesar do foco da ONG ser o mundo lúdico do circo, com palhaços, roteiro que seria ainda mais encantador para crianças, os voluntários se dedicam também a idosos, adolescentes e adultos.

Samaritan’s Feet Brasil

Com o trabalho veio o reconhecimento de uma ONG internacional, a Samaritan’s Feet Brasil. Eles conheceram o projeto campo-larguense pela internet e desde então contribuem com doações de calçados. “Eles nos enviaram dois mil pares de tênis. Ainda não distribuímos todos, depende muito da disponibilidade de números para as crianças atendidas. Mas não paramos por aí. Para atender todos que participam dos eventos, nós também vamos até as lojas de calçados da cidade e conseguimos doações significativas, inclusive de pares de meias”, conta Elias.

No ano passado foram distribuídos 700 pares de calçados para crianças. A meta esse ano é dobrar o número de distribuições. No último final de semana foram distribuídos 233 pares de sapatos em uma ação em Balsa Nova.

A distribuição de calçados é marcada por uma bela cerimônia. Elias conta que antes de entregar o sapato para a criança, eles lavam seus pés, assim como na cerimônia de lava-pés descrita na Bíblia. Perguntam para a criança qual foi o momento mais triste que ela já teve. Depois que ela conta, perguntam qual o seu maior sonho. Os calçados passam a representar um novo caminhar.

Reuniões

As reuniões da ONG são abertas para todos e acontecem todas as sextas-feiras, às 20h, na Rua Xavier da Silva, número 1195, no Centro. O grupo se reúne nas dependências da KNN Idiomas. Mais informações pelo telefone (41) 3150-3121.

Palavras das voluntárias

Silvia Aparecida Bubniak é aposentada e contou um pouco do que é ser voluntária na ONG Amor Viral. Confira o relato: “Eu creio que ser missionário é um chamado, porque depois que eu conheci Jesus e me entreguei a Ele, entendi que tenho uma missão na minha vida, e essa missão é me dedicar ao próximo. Acredito que esse seja o Espírito Santo de Deus se manifestando, tanto na minha vida, me fazendo ajudá-los, como na vida das pessoas que recebem essa ajuda. Isso é o que me impulsiona para participar cada vez mais como voluntária”.

Luciane Barrichello Bianco é empresária e atua na ONG há um ano. Confira o relato dela: “É muito gratificante trabalhar em projetos sociais. Em primeiro lugar porque estamos fazendo o que Jesus nos orientou, amar o próximo. Me faz bem, me completa e me realiza como pessoa. É um propósito nobre, que envolve altruísmo, empatia. Muitas vezes eu ficava triste, abatida, envolvida somente com meus próprios problemas e agora participando do voluntariado me sinto mais forte, mais útil. Acredito que todos podemos ser sal e luz no mundo, que precisa cada vez mais de amor viral”.