Aquela pessoa que muitas vezes parece estar feliz pode já ter pensado ou até planejado um suicídio. Não existe uma causa específica, nem sempre o pensamento suicida acontece devido à depressão e pode
Imagem: reprodução da internet
Aquela pessoa que muitas vezes parece estar feliz pode já ter pensado ou até planejado um suicídio. Não existe uma causa específica, nem sempre o pensamento suicida acontece devido à depressão e pode acontecer por um problema isolado em que a pessoa não consegue ver uma solução. É preciso estar sempre alerta com familiares e amigos e por isso psicólogas enfatizam a importância de falar, sim, sobre o assunto. Foi lançada a campanha Escolha Viver no dia 10 de agosto, a qual permanece até o dia 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
A psicóloga clínica Éllen Martins Salvador (CRP 08/24797), especializada em Terapia do Esquema, diz que é comum as pessoas falarem que quem quer se matar não avisa, o que não é verdade. Segundo ela, a pessoa dá muitos sinais, tanto de fala, quanto comportamentais, de que algo está errado. A busca pelo suicídio pode acontecer em três níveis - baixo (quando só pensa sobre a possibilidade), médio (quando já planeja como pode fazer) e alto (quando já fez uma tentativa).
É preciso estar atento em alguns casos, como quando a pessoa sempre gosta de algo e de repente desanima e não quer mais fazer, quando muda a rotina, perde o ânimo. “Mudanças repentinas devem ser percebidas”, explica ela, que está há pouco tempo em Campo Largo e lançou esta campanha em parceria com Renata Khodair, do blog
Ela comenta que muitas vezes a busca por terapia é quando a pessoa já tem a ideia do suicídio, não quando o problema está no início. Em caso com adultos, eles mesmo procuram ajuda, já com adolescentes a iniciativa parte da família. A procura pelo tratamento pode acontecer quando o paciente sente uma dor de cabeça que não cura, um desânimo, desamparo, fadiga e dores no corpo sem explicação, por exemplo.
Quem tenta o suicídio muitas vezes diz estar cansado de tentar, não sabem porque estão aqui e dão sinais de que não aguentam mais encarar algum problema. Em muitos casos a família pode achar que é frescura, que isso vai passar, e faz com que a pessoa acabe se sentindo pior.
A automutilação é um dos sinas de que algo está errado, a pessoa quer colocar a dor para fora. Éllen informa que isso acontece mais com meninas que não conseguem resolver seus problemas emocionais. Dizem que sentem alívio ao se cortarem e depois vem a culpa.
O suicídio está sempre ligado ao desamparo, à desesperança, a não ver um caminho. Pode ser uma consequência de sofrer bullying, da falta de apoio na família e entre os amigos, ou não ter um grupo de amigos, ficar muito exposto a computador ou quando sofre abuso e não tem com quem falar. O bullying pode ser por característica corporal ou por ser mais tímida, por exemplo - todo tipo de não aceitação gera o bullying. Também tem o cyberbullying, em que espalham fotos da pessoa em uma situação delicada e que pode acarretar em muitos problemas.
Quem tem uma ideia suicida já precisa de tratamento, pois quando chega em um nível alto a pessoa já perdeu todas as esperanças. “Existe um jeito certo de se falar de suicídio. É importante identificar para a pessoa buscar ajuda, entender a dor dela. Tem que mostrar que existe prevenção, como se cuidar”, explica Éllen.
Uma das opções para quem quer uma ajuda, mas tem dificuldades financeira, é o Centro de Valorização da Vida, onde ela já teve a oportunidade de prestar trabalho voluntário. Basta discar 141, gratuitamente, e profissionais capacitados dão um suporte. Uma possibilidade é também ir a um posto de saúde e explicar para um médico o que está acontecendo.
Ela relata que aconteceram 1.514 tentativas de suicídio em Curitiba e região em 2015 – 94 mortes por esta causa. A tentativa é maior em mulheres e casos com mortes é maior com homens, mas os números podem ser ainda maiores porque muitas vezes não se relata que a pessoa se matou, apontam outras causas. Para os homens, muitas vezes o que leva ao suicídio são questões de emprego e fatores de bullying para as mulheres são bem grandes.
O primeiro passo é reconhecer o problema e buscar ajuda e com isso é possível reverter muitos casos e alcançar melhor qualidade de vida. Éllen publica artigos relacionados ao assunto no site: https://ellenmartinspsico.wixsite.com/saudedasemocoes.