A luta de um filho diante de uma doença grave também é a luta do pai, que sofre junto, e muitas vezes chora escondido”.
A luta de um filho diante de uma doença grave também é a luta do pai, que sofre junto, e muitas vezes chora escondido”. O desabafo é de Ulisses Lima (52), que enfrentou há três anos, com a filha Débora, um agressivo câncer de mama, e conta como venceu, com ela, todos os desafios, com muita fé e união da família. Mesmo hoje, com a ameaça já fazendo parte do passado, ele ainda se emociona ao lembrar a angústia que sentiu, enquanto buscava, com a filha, a cura da doença.
“Deus não dá o fardo mais pesado do que nós podemos suportar, mas não devemos esperar a ajuda “cair do céu”, temos que lutar com fé, com todas as forças. Foi uma provação que transformou a minha família e me transformou numa pessoa muito melhor. Hoje eu sou mais tolerante, dou muito mais valor às pequenas coisas positivas, à união da família, ao amor à minha esposa e às minhas filhas”, explicou Ulisses.
Quem é
Ulisses Lima é corretor de imóveis, sócio da Imobiliária Meu Lar Imóveis. É o quarto filho do casal Amando Lima e Maria Lima, família da Vila Silka. O pai era tropeiro, depois funcionário do Instituto Brasileiro do Café e, por último do Ibama, onde se aposentou como fiscal de reflorestamento. Ulisses, quando criança, ajudava a mãe a ordenhar as vacas da família, que pastavam na região onde hoje fica a Caterpillar. Aos 13 anos foi trabalhar numa empresa recapadora de pneus, às margens da BR-277.
Em 1984 Ulisses começou a trabalhar na Lorenzertti, de onde saiu em 2009 e foi trabalhar na Imobiliária Acesso. Em 2013 fundou, junto com o companheiro Waldir Rodrigues, a Meu Lar Imóveis. Casado desde 1986 com Angela Marcão de Lima, Ulisses teve duas filhas, Débora, hoje com 27 anos, e Daniela, com 20.
O susto
Foi em julho de 2014 que a filha Débora descobriu, após ouvir o relato de uma amiga durante um terço do MCC (Movimento de Conscientização Cristã) dedicado à Nossa Senhora de Guadalupe, que ela também tinha um “caroço” em um dos seios. Assustada, a filha foi ao médico e descobriu que se tratava de um câncer maligno e precisava ser operado com certa urgência. “Foram dias de muita angústia, até que, ao voltarmos de Curitiba com o diagnóstico, fomos a uma Missa no Santuário do Senhor Bom Jesus. Antes da celebração falei com o padre Fábio, contei o nosso drama. No final da Missa, ele nos chamou no altar e relatou ao público o nosso sofrimento, pedindo orações pela cura da minha filha”, disse Ulisses.
“Tive medo de perder a minha filha. Cheguei a brigar com Deus, perguntava dele, por que com ela e não comigo? Ela que era tão jovem, tinha a vida inteira pela frente. Depois, como numa resposta, senti a necessidade de lutar, com todas as forças, com todos os recursos que tínhamos, para tentar a cura, a cirurgia, a quimioterapia que ela enfrentou com muita coragem, fé e confiança. Pedi a Deus que desse a cura para ela, porque a nossa parte nós iríamos fazer. E ela conseguiu. Hoje, três anos depois, ainda sofro ao lembrar a dor pela qual passamos, não foi fácil. Como exemplo, digo a quem estiver enfrentando algo parecido, que tenha fé, que lute muito, e que peça a Deus a ajuda que precisa. Tenho que agradecer a todos os que rezaram por nós, aos amigos do MCC e a muita gente que eu nem conhecia, que rezou pela cura da minha filha”, disse ele.
Ulisses se considera, hoje, outra pessoa, um pai muito mais dedicado, que dá mais valor às pequenas coisas, à união da família, ao amor. “Hoje eu sei que devo aproveitar mais, cada momento junto com elas (esposa e filhas), e que devo agradecer mais pela felicidade na qual vivemos”, explicou.
Segundo Ulisses, um pai precisa, muitas vezes, demonstrar uma força e segurança que nem mesmo ele sabe que tem, para ajudar um filho a vencer um desafio, um obstáculo, uma doença. Quer que a sua história, com a filha e a família, sirva de exemplo para que outros pais, que por ventura enfrentem uma situação semelhante, não percam a esperança, jamais.As filhas dizem que “o pai é o alicerce da família, tem um coração gigante, é querido por todos, um pai incrível, exemplar e nos motiva a ser cada vez melhores”.
Débora lembra que “o pai estava presente em todos os momentos do tratamento, às vezes ficava preocupado até demais, e não deixava ninguém ir nas consultas, só ele queria ir junto. Era uma briga quando meu namorado ou minha mãe queriam ir”.