Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 01:32:07
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Dos contos de fadas para o mundo real

A maranhense Nancy se apaixonou pelo campo-larguense José Carlos e em um mês e oito dias deixou sua vida em Santa Inês para viver ao lado do marido em Campo Largo

Dos contos de fadas para o mundo real

Encontrar a pessoa com quem você quer passar o resto da sua vida junto é um desafio e tanto. Conhecer essa pessoa e em pouco mais de um mês casar-se com ela, sem conhecer sua família, parece ou história de contos de fadas ou uma decisão arriscada. Foi o que aconteceu com a maranhense Nancy Guedelha de Brito, que se apaixonou pelo campo-larguense José Carlos de Brito, o Juca, há 26 anos.

Nancy conta que fazia faculdade em Manaus, no Amazonas, em 1989, e em meio a uma greve na universidade que ela estudava, decidiu ir até a sua cidade natal, Santa Inês no Maranhão, visitar seus pais e acabou ficando por lá três meses. Juca, no entanto, era um viajante, já havia passado pelo Amazonas, Piauí e chegado no Maranhão. “Eu frequento a Igreja Adventista do Sétimo dia e, em uma noite de sexta-feira, encontrei com o Juca na porta da igreja, enquanto eu esperava para um ensaio do grupo de jovens. Mas eu já sabia que ele estava na cidade, algumas amigas me contaram que ele estava procurando uma casa para alugar e alugou bem em frente à igreja que eu frequentava”, relembra Nancy.

Isso aconteceu no dia 27 de outubro de 1989. “Lembro dos comentários das minhas amigas, elas disseram que tinha um ‘gaúcho’ na cidade e isso despertou o meu interesse”, conta. Ela convidou ele para ir no culto que aconteceria no sábado pela manhã, e ele aceitou, pois a sua família já pertencia à igreja no Paraná, mas ele ainda não frequentava. Juca era vendedor de flores artesanais na época e Nancy ajudou ele a confeccionar as flores no sábado à noite, no domingo saíram com alguns amigos.

“Ele passou a mão na minha cintura e falou no meu ouvido ‘estou atrás de uma pessoa para casar e vai ser com você’, eu lembro que disse ‘opa, então vamos’”. No dia 31, segunda-feira, ele foi até a casa dela, e eles decidiram que iriam namorar, casar e que Nancy viria morar em Campo Largo. Como nenhum dos dois tinha trabalho formal, Juca comprou algumas sapatilhas e Nancy bordava pedras para ele vender no interior e arrecadarem o dinheiro para comprar as passagens de ônibus para o Paraná.

“Quando foi dia 08 de dezembro, feriado em Santa Inês, nós casamos. Nós nem sabíamos que era necessário levar os documentos antes do dia do casamento, achamos que era só ir no cartório e casar. Porém como o juiz de paz era amigo do meu pai, ele abriu o cartório só para o nosso casamento. Nós casamos e já viajamos, trazendo só uma mala minha, uma dele e uma caixa. Nossa lua-de-mel foi dentro do ônibus, viajando”, relembra.

Ao chegar em Campo Largo, moraram na casa da mãe do José Carlos por seis meses, até se mudarem para Foz do Iguaçu, quando conseguiram um bom emprego. “Voltamos para Campo Largo, tivemos dois filhos, que já são adultos, e sobrevivemos às dificuldades, alegrias e tristezas. Vamos ficar juntos até o final, se Deus quiser”, completa.

Reação da família
Os pais da Nancy apenas falaram que como ela era maior de idade não poderiam impedir o casamento, mas que a casa estaria sempre aberta à filha. José Carlos saiu de Campo Largo solteiro e voltou casado, com a sua esposa para morar na casa da mãe. Apesar dele ter avisado antes, isso gerou um certo espanto na família. “Eles estavam na expectativa da chegada. Eles não estavam acreditando, tanto que a primeira coisa que pediram foi a nossa certidão de casamento”, relembra.
A adaptação de Nancy também foi bastante difícil. “Eu cheguei aqui em dezembro, nunca tinha vindo para cá, nem sentido frio, pois o Maranhão é muito quente. Eu cheguei a usar blusa e tênis por sentir muito frio”, conta.

Mas, para Nancy e Juca, o casamento ter dado tão certo só existe uma razão. “Uma vez que nós reconhecemos que não somos perfeitos, e que a pessoa que nós escolhemos para viver também não é perfeita, que Deus nos perdoa e nós também temos que perdoar, fica mais fácil amar, conviver e dividir os fardos da vida. Assim como diz 1 Coríntios 13:13, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”, finaliza.