A saída encontrada por muitos é o trabalho informal. Segundo dados do IBGE, no primeiro trimestre de 2017 o número de pessoas que procuram se arriscar no mercado informal chegou até 22,2 milhões de pessoas.
Na segunda-feira foi comemorado o Dia do Trabalhador, data que teve início em 1925 no Brasil, em decreto pelo então presidente da república Artur Bernardes. Esse será o terceiro ano que o Brasil “comemora” a data em meio a uma grande e crescente crise de desemprego, que já atinge 13,5 milhões de pessoas.
“13,5 milhões de desempregados vão ao Serviço Nacional de Emprego (SINE) todos os meses, mas a estimativa de pessoas que já desistiram do mercado de trabalho já somam 20 milhões em todo o país”, é o que conta o professor do Instituto Federal do Paraná Edmundo Pozes, pós-doutor em Marketing Internacional pela Pacific Southern University, de Los Angeles.
Essa crise de desemprego brasileira teve origem há quase 10 anos, em 2008, com a grande crise norte-americana, que levou à falência grandes grupos empresariais e bancos, difundido principalmente pela concessão de empréstimos a pessoas que não possuíam crédito e davam suas casas como garantia. Essas casas não eram verificadas por causa da abundância de crédito na época, então os grandes bancos colocavam esses títulos imobiliários à venda no mercado mundial. Um grande número de países adquiriu esses títulos, entre eles o Brasil.
Essa crise é a mesma intitulada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, ainda em 2008, como uma “marolinha”. “ De 2008 para cá, não só o Brasil como os países do mundo inteiro atravessam uma severa recessão. Se nós temos um nível alto de desemprego, é principalmente porque estamos exportando pouco, embora nosso dólar vale hoje na casa de R$ 3,20, nós não temos mercado para exportar, não há demanda”, explica o professor.
Como a característica principal de uma onda é atingir gradativamente, a crise se expandiu em 2014, quando o Brasil registrou queda na arrecadação e afetou as contas públicas, atingindo as grandes empresas e o setor financeiro, e consequentemente o trabalhador brasileiro.
A saída encontrada por muitos é o trabalho informal. Segundo dados do IBGE, no primeiro trimestre de 2017 o número de pessoas que procuram se arriscar no mercado informal chegou até 22,2 milhões de pessoas. O mesmo levantamento mostrou que o número das pessoas que trabalham no setor privado sem carteira assinada apresentou crescimento em comparação ao primeiro trimestre de 2016, ficando em 10,3 milhões.
A pesquisa ainda mostrou que a iniciativa privada diminuiu os postos de emprego com carteira assinada em 1,1 milhão de vagas, se comparado ao mês de março de 2016. Mas as empresas ainda são responsáveis pelo emprego de 33,7 milhões de pessoas, onde 4,1 milhões de pessoas são empregadoras, o que aponta para o saldo positivo de 359 mil pessoas a mais do que foi registrado no início do ano passado.
Crises cíclicas
“Na economia, esse tipo de crise é chamado de ‘crise cíclica’, em que a cada 11 ou 13 anos temos uma crise, que começa na depressão, os primeiros passos para um avanço, crescimento e uma ‘estabilidade temporária’, até a próxima crise. Foi assim nos últimos 100 anos”, explica Edmundo.
Essas crises são contornadas com planejamento e requer alguns sacrifícios para conseguir alcançar a estabilidade econômica novamente. “A impressão que eu tenho é que vai demorar um pouco para nós sairmos dessa fase de desemprego. As taxas de desemprego nunca estiveram tão altas, quanto estão agora, principalmente nesses últimos três anos”, finaliza o professor.